Como é cruel o calendário!
Tantas voltas deram que acabaram por (ter que) dar o braço a torcer num dia - Dia Mundial Contra a Homofobia - em que a decisão tem muito mais peso do que (não) queriam que tivesse. Azarinho!...
De acordo com o Sr. Silva, o mal menor foi evitar o desvio de atenções da resolução dos "problemas que afectam gravemente a vida das pessoas" e não "inventarmos desculpas para a resolução dos problemas concretos dos portugueses."
Sr. Silva, tenho notícias para si: sou pessoa e sou português (e nem o senhor, com toda a ajuda que quiser e puder encontrar, nem ninguém, conseguirá alterar isso!), e para mim é um problema concreto que agora pode ficar resolvido quando puder garantir para mim e para o meu futuro marido direitos iguais aos que o senhor e a sua senhora têm.
Da Conferência Episcopal Portuguesa nem vale a pena falar, não seria de esperar outro tipo de atitude, mas seria bom que pensassem no que dizem quando afirmam que "A Igreja não tem atitudes discriminatórias contra ninguém (...)". Olhem que mentir é pecado, não é?
No CDS, parece que a ideia é que "uma coisa é defender direitos entre pessoas do mesmo sexo e outra coisa é institucionalizar esses mesmos direitos através do casamento." Ó simpáticos e limpinhos senhores, isto não bate a bota com a perdigota! Já ouviram falar na Declaração Universal dos Direitos do Homem? Assim
mal acomparado era como se aqui há uns tempos os senhores se tivessem lembrado de dizer que o povo de Timor tinha direito à sua autodeterminação e outra coisa era oficializar a coisa... Ganhem juízo.
O dono da Madeira, claro, também mete o
bodelho na questão. Diz que "se fosse primeiro ministro, coisa que felizmente não sou (
sic), revogava logo esta lei." Pois, com certeza, olhe candidate-se que eu voto em si, desde que do seu programa eleitoral faça parte também a revogação de outras leis. Tenho várias sugestões...
E depois andam para aí umas coisas com verrugas que se armam em arautos da verdade. Santa ingenuidade ou maldade pura? Eu até estava na disposição de prescindir do que vai ser agora um direito meu se esses seres se vissem de novo privados do direito ao voto, a não poderem ausentar-se do país sem consentimento dos pais ou do marido, a verem contratos de trabalho resolvidos pelos maridos, etc., etc., como era no tempo da
outra senhora.
Não querem, por acaso, proibir os casamentos interraciais, não? Ah, fraca e enferrujada memória!...