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domingo, 24 de abril de 2011

a vida


Peter Paul Rubens, 'Ressurreição'






Fernando Bayona - Circus Christi - 12 - Resurrección






Fernando Bayona - Circus Christi - 13 - Duda De Tomás






Rufus Wainwright, Hallelujah [para o significado de 'aleluia']





Boa Páscoa, gentes!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

a morte

Ricardo Flecha, "Cristo nos braços da morte"
(Medina del Campo, Valladolid)
[visto e lido aqui]





quinta-feira, 21 de abril de 2011

a cruz

Canto Russo - Видящи Тя висима, Христе



Nesta seleção de crucifixos estão alguns dos que mais nos impressionaram, desde os medievais (que vimos em Barcelona e Lucca), ao de Filippo Brunelleschi e de Michelangelo (ambos em Florença), e ainda os que havemos de ver no Escorial (de Benvenuto Cellini) e em Assis.







Volto Santo, Lucca (Itália) || Majestat Batlló, Barcelona






Filippo Brunelleschi, basílica de Santa Maria Novella (Florença)




Giotto, basílica de Santa Maria Novella (Florença)





Michelangelo Buonaroti, basílica do Santo Spirito (Florença)





Benvenuto Cellini, Escorial || Crucifixo de São Damião, Assis

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Strela do Dia

Apresento-vos a mais famosa e (das que conheço) mais bonita das Cantigas de Santa Maria. Fazendo parte do repertório religioso, estas cantigas têm a autoria atribuída a Afonso X de Castelo, o Sábio, e, já agora, avô de D. Dinis - o nosso poeta lavrador. Como as cantigas de amigo, de amor, de escarnho e maldizer, entre outras composições profanas, as cantigas de Santa Maria foram escritas naquela que era a língua culta da Península Ibérica: o galaico-português.



Santa Maria Strela do Dia
- 100 -


Esta é de loor.


Santa Maria,
Strela do dia,
mostra-nos via
pera Deus e nos guia.

Ca veer faze-los errados
que perder foran per pecados
entender de que mui culpados
son; mais per ti son perdõados
da ousadia
que lles fazia
fazer folia
mais que non deveria.

Santa Maria...

Amostrar-nos deves carreira
por gãar en toda maneira
a sen par luz e verdadeira
que tu dar-nos podes senlleira;
ca Deus a ti a
outorgaria
e a querria
por ti dar e daria.

Santa Maria...

Guiar ben nos pod' o teu siso
mais ca ren pera Parayso
u Deus ten senpre goy' e riso
pora quen en el creer quiso;
e prazer-m-ia
se te prazia
que foss' a mia
alm' en tal compannia.

Santa Maria...

domingo, 12 de setembro de 2010

Tachibana Taiko Hibikiza



Deixei-me disso, mas não resisto a deixar uma breve memória do concerto a todos os níveis fantástico dos tambores japoneses taiko (Tachibana Taiko Hibikiza), ontem no anfiteatro ao ar livre da Fundação Calouste Gulbenkian. A dimensão sagrada passou-nos um pouco ao lado, mas a verdade é que fizeram uma limpeza total ao corpo e à alma - se a temos.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

por falar nisso...

... tenho uma série de fotos e vídeos para escolher e pôr aqui. Mas não tenho tempo; enquanto em Fátima se reza, aqui trabalha-se. E está quase a terminar a exposição retrospectiva Sem rede / Netless da Joana Vasconcelos (encerra dia 18). Somos suspeitos, porque gostamos muito dela, mas temos de a recomendar muito, muitíssimo. Se não a foram ver, aproveitem estes dias! É como regressar ao mundo de Alice da nossa infância. Ainda que a maior parte (como por exemplo, a «Burka», «A noiva» ou esta «www.fatimashop») não partilhe dessa aura mágica... No vídeo, há umas meninas que acham que pode ser traumatizante. Para quem conhece o comércio religioso de Fátima, nem é assim tanto.



[respondendo já a uma dúvida do Maldonado: sim, quando pomos o coraçãozinho / nome felizes juntos, é porque as fotos são nossas]

sexta-feira, 26 de março de 2010

tal e qual

Com o sufoco do período quase a terminar e em plena quaresma, fica aqui um episódio bíblico em versão quase anedota muito a propósito destes dias (ainda que só mesmo os professores percebem verdadeiramente o estado de nervos de Jesus):

Naquele tempo, Jesus subiu ao monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Depois, tomando a palavra, ensinou-os, dizendo:
Em verdade vos digo,
- Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
- Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
- Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles...
Pedro interrompeu:
- Temos que aprender isso de cor?
André questionou:
- Temos que copiar isso para o papiro?
Simão perguntou:
- Vamos ter teste sobre isso?
Tiago, o Menor queixou-se:
- O Tiago, o Maior está sentado à minha frente, não vejo nada!
Tiago, o Maior gritou:
- Cala-te, seu queixinhas!
Filipe lamentou-se:
- Esqueci-me do papiro-diário!
Bartolomeu quis saber:
- Temos de tirar apontamentos?
João levantou a mão:
- Posso ir à casa de banho?
Judas Iscariotes exclamou (Judas Iscariotes era mesmo malvado, com retenção repetida e vindo de outro Mestre):
- Para que é que serve isto tudo?
Tomé inquietou-se:
- Há fórmulas? Vamos resolver problemas?
Judas Tadeu reclamou:
- Podemos ao menos usar o ábaco?
Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada... ninguém entendeu nada!

Um dos fariseus presentes, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada, tomou a palavra e dirigiu-se a Ele, dizendo:
- Onde está a tua planificação? Qual é a nomenclatura do teu plano de aula nesta intervenção didáctica mediatizada? E a avaliação diagnóstica? E a avaliação institucional? Quais são as tuas expectativas de sucesso? Tens a abordagem da área em forma globalizada, de modo a permitir o acesso à significação dos contextos, tendo em conta a bipolaridade da transmissão? Quais são as tuas estratégias conducentes à recuperação dos conhecimentos prévios? Respondem estes aos interesses e necessidades do grupo de modo a assegurar a significatividade do processo de ensino-aprendizagem? Incluíste actividades integradoras com fundamento epistemológico produtivo? E os espaços alternativos das problemáticas curriculares gerais? Propiciaste espaços de encontro para a coordenação de acções transversais e longitudinais que fomentem os vínculos operativos e cooperativos das áreas concomitantes? Quais são os conteúdos conceptuais, processuais e atitudinais que respondem aos fundamentos lógico, praxeológico e metodológico constituídos pelos núcleos generativos disciplinares, transdisciplinares, interdisciplinares e metadisciplinares?
Caifás, o pior de todos os fariseus, disse então a Jesus:
- Quero ver as avaliações do primeiro, segundo e terceiro períodos e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos teus discípulos, para que ao Rei não lhe falhem as previsões de um ensino de qualidade e não se lhe estraguem as estatísticas do sucesso. Serás notificado em devido tempo pela via mais adequada. E vê lá se reprovas alguém! Lembra-te que ainda não és titular e não há quadros de nomeação definitiva!

... E Jesus pediu a reforma antecipada aos trinta e três anos.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

esse manual de boas práticas

Leiam bem, não de viés, estes dois excertos:



excerto UM - conselhos diversos para a sobrevivência e salvação num qualquer dia-a-dia saudável

«O SENHOR falou a Moisés nestes termos: «Dirás aos filhos de Israel:

(...)
Todo aquele que amaldiçoar o seu pai ou a sua mãe será punido com a morte. Amaldiçoou o seu pai ou a sua mãe, o seu sangue cairá sobre ele.
Se um homem cometer adultério com a mulher do seu próximo, o homem adúltero e a mulher adúltera serão punidos com a morte.
Se um homem se deitar com a mulher do seu pai, descobriu assim a nudez do seu pai; serão ambos punidos com a morte; o seu sangue cairá sobre eles.
Se um homem se deitar com a sua nora, serão ambos punidos com a morte; cometeram uma depravação; o seu sangue cairá sobre eles.
Se um homem coabitar sexualmente com um varão, cometeram ambos um acto abominável; serão os dois punidos com a morte; o seu sangue cairá sobre eles.
Aquele que desposar uma mulher e a mãe dela, comete uma devassidão; serão queimados, ele e elas, para que não haja desonestidades entre vós.
Se um homem se juntar com um animal, ele será punido com a morte, e matareis o animal.
Se uma mulher se aproximar de um animal para se juntar com ele, matá-la-ás, assim como ao animal; serão condenados à morte; o seu sangue cairá sobre eles.
Se um homem desposar a sua irmã, filha do seu pai ou filha da sua mãe, e se vir a sua nudez, ou ela vir a nudez dele, isso é vergonhoso e serão exterminados na presença dos seus concidadãos; como ele descobriu a nudez da sua irmã, suportará o peso da sua culpa.
Se um homem coabitar com uma mulher durante o período menstrual, ao descobrir a sua nudez, descobre o seu fluxo e ela mesma descobre a fonte do seu sangue. Serão ambos eliminados do meio do povo.
Não descobrirás a nudez da irmã da tua mãe, nem da do teu pai, porque é descobrir a nudez da carne dele; suportarão o peso da sua iniquidade.
Aquele que coabitar com a sua tia, descobriu a nudez do tio; suportarão o seu pecado e morrerão sem filhos.
Se um homem tomar a mulher do irmão, isso é uma impureza; porque descobriu a nudez do seu irmão, morrerão sem filhos.
Guardareis os meus decretos e todos os meus preceitos e cumpri-los-eis, a fim de que a terra para onde vos levo para nela habitardes vos não rejeite.
Não seguireis os costumes dos povos que vou expulsar diante de vós; porque fizeram todas estas coisas. Eu abominei-os.
Eu disse-vos: Possuireis esta terra, dar-vos-ei a sua posse; é uma terra onde corre o leite e o mel.
Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos separei de entre os povos.
Distinguireis os animais puros dos impuros e as aves impuras das puras; não vos contaminareis com os animais, as aves e os diversos répteis da terra, que vos ensinei a distinguir, declarando-os impuros.
Sede santos para mim, porque Eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos para serdes o meu povo.
O homem ou a mulher que se entregar à evocação dos espíritos ou adivinhações, será condenado à morte; serão apedrejados. O seu sangue cairá sobre eles.’»
Bíblia Sagrada, Levítico, 20, 9-27




excerto DOIS - uma narrativa exemplar para ler às criancinhas sobre como se processa a boa convivência entre seres humanos adultos

«Enquanto res­tauraram as forças, eis que os ho­mens da cidade, homens perversos, cercaram a casa, bateram com vio­lência e disseram ao velho, dono da casa: «Manda cá para fora o homem que entrou para a tua casa, a fim de o conhecermos.» O dono da casa saiu a ter com eles e disse-lhes: «Não, meus irmãos! Eu vo-lo peço, por fa­vor; não pratiqueis semelhante mal! Agora que este homem entrou em minha casa, não pratiqueis tal de­sonra! Eis a mi­nha filha que está virgem e a concubina dele; vou fazê-las sair; abusai delas; fazei-lhes o que vos agradar! A este homem, po­rém, não lhe fa­çais uma infâmia desta natureza!» Os ho­mens, porém, não quiseram ouvi-lo; então o homem, o levita, tomou a sua mulher e levou-lha lá para fora; eles conheceram-na e sa­tisfizeram com ela a sua luxúria durante toda a noite, até ao ama­nhecer; deixa­ram-na livre só de manhãzinha. Ao raiar da aurora a mulher caiu por terra à porta da casa do homem onde estava o seu marido, até vir o dia.
O seu marido levantou-se de ma­nhã cedo; abriu as portas de casa e saiu para seguir o seu caminho. Eis que a mulher, sua concubina, jazia prostrada à porta de casa de mãos estendidas sobre a soleira. Disse-lhe então: «Levanta-te e vamos!» Mas ela não respondeu! O homem colo­cou-a então sobre a sua montada; e par­tiu em direcção a sua casa. Tendo chegado lá, pe­gou num cutelo e, agar­rando na sua con­cubina, esquarte­jou-a membro a mem­­bro em doze pe­daços, enviando-os depois a todas as tribos de Is­rael
Bíblia Sagrada, Juízes, 19, 22-29




Mas o que é que se passa? As pessoas já não têm direito à opinião? E se o Antigo Testamento é um tão bom pedaço de literatura, por que se há-de considerá-lo o oposto - um manual de boas práticas? Oh, valha-nos deus!


post scriptum: para quem não sabe ou já se esqueceu: na bela e exemplar narrativa do 2º excerto, conhecer é mesmo empregue no sentido bíblico, isto é, com o sentido de comer, possuir... basicamente, significa foder. Alguma dúvida?

segunda-feira, 6 de abril de 2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

..:: canções entre a alma e o esposo ::..

Canções entre a alma e o esposo
Esposa
1.
Aonde te escondeste,
Amado, e me deixaste num gemido?
Qual veado fugiste
Havendo-me ferido.
Atrás de ti clamei: tinhas partido!

2.
Pastores, se subirdes
Além pelas malhadas ao outeiro
E porventura virdes
Aquele a quem mais quero,
Dizei que sofro, peno e a morte espero!

3.
Buscando os meus amores,
Irei por esses montes e ribeiras;
Não colherei as flores
Nem temerei as feras
E passarei os fortes e as fronteiras!

4.
Ó bosques e espessuras
Plantados pela mão do meu Amado!
O prado de verduras
De flores esmaltado,
Dizei se Ele por vós terá passado!

5.
Mil graças derramando
Passou por estes soutos com pressura
E, assim os indo olhando,
Com sua só figura
Vestidos os deixou de formosura.

6.
Ai quem virá curar-me?
Vem entregar-Te já, pois a Ti espero.
Não queiras enviar-me
Mais nenhum mensageiro
Porque dizer não sabem o que eu quero.

7.
E todos quantos vagam
De Ti me vão mil graças relatando!
E todos mais me chagam
E mais me vai matando
Um não sei quê que ficam balbuciando!

8.
Mas como perseveras,
Ó vida, não vivendo onde vives,
Matando-te deveras
As flechas que recebes
Daquilo que do Amado em ti concebes?

9.
Porquê, tendo chagado
A este coração, o não curaste?
E, pois mo hás roubado,
Porque assim o deixaste
E não guardas o roubo que roubaste?

10.
Apaga o meu desgosto
Pois mais ninguém consegue desfazê-lo.,
E veja-Te o meu rosto
Que és lume a acendê-lo
E apenas para Ti eu quero tê-lo!

11.
Mostra a tua presença,
Matem-me tua vista e formosura.,
Pois olha que a doença
De amor jamais se cura
Senão com a presença e a figura.

12.
Cristalina nascente,
Se nesses teus semblantes prateados
Formasses de repente
Os o lhos desejados
Que tenho nas entranhas desenhados!

13.
Afasta-os, Amado,
Que estou voando.

Esposo
Volta, minha pomba,
Que, ferido, o veado
Lá no outeiro assoma
Ao sopro do teu voo e o fresco toma.

(…) pp. 61-63

São João da Cruz »» Obras Completas »» 6ª edição, tradução e adaptação das introduções de Manuel Fernandes dos Reis, tradução das poesias de Fernando Melro »» Edições Carmelo »» 2005

[cito São João da Cruz com saudades tuas!!!]

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

..:: são sebastião ::..



São Sebastião, aquele que pode ser considerado o padroeiro dos homossexuais, é comemorado hoje, 20 de Janeiro.

«San Sebastián es uno de los grandes iconos gays: una figura que ha pasado a representar tanto la belleza del cuerpo joven como la persecución de que los homosexuales son objeto. Su imagen ha sido utilizada como escusa para dar rienda suelta al homoerotismo y su nombre es invocado como clave de lectura en numerosos ejemplos de narrativa homosexual...» Alberto Mira, Para Entendermos, Ediciones La Tempestad, 2002, p. 671.

Perante a dificuldade de escolher uma imagem do santo mais gay, aqui fica a reprodução de Gregório Lopes e duas fotos minhas do santo.




segunda-feira, 22 de setembro de 2008

..:: a jihad for love ::..


entrevista com o realizador Parvez Sharma


O tempo não dá para tudo, mas deu para hoje vermos A Jihad for Love de Parvez Sharma (cf. esta entrada do Special K). Este documentário revela bem como o nosso mundo pode ser cruel (como se não o soubéssemos já). Pensei, necessariamente, que se ser católico e homossexual já é complicado, então no universo muçulmano é muito pior. Sem comparação.
Uma incursão ao universo de vários homossexuais muçulmanos praticantes em vários contextos: África do Sul, Egipto, França, Turquia, Irão, Paquistão e Índia. Incrível como as pessoas se adaptam, se negam, se expressam, adoram o seu Deus que parece ser misericordioso, mas os homens e as suas leis nem por isso... Muito mais incrível é a coragem de homens e mulheres que se assumem e demonstram que não estão a fazer nada de mal, mas simplesmente a tentarem ser elas próprias e felizes, seguindo as leis e manifestando a fé pelo seu Deus. Vale bem a pena conhecer o universo desta gente. O Queer Lisboa repete este documentário na terça-feira (sala 1, às 15h30).


»» site oficial

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

..:: hoje | ontem | amanhã ::..

«O que somos hoje é resultado do que pensámos ontem;
o que pensamos hoje é o que seremos amanhã:
a nossa vida é criação da nossa mente.»

segunda-feira, 14 de julho de 2008

..:: memória do lugar : Palencia + Cantabria ::..

Repesco o que escrevi há quase um ano nesta entrada:
Cantabria, em conjunto com Palencia, oferece um manancial interminável de românico. Um mundo à parte (além de que os Picos da Europa são deslumbrantes). Da viagem, muitas coisas nos surpreenderam, nomeadamente as igrejas rupestres no município de Valderredible, Fuente Dé, as Coevas el Soplao, Santillana del Mar, San Vicente de la Barquera, a Colegiata de San Martín de Elines, Santo Toribio de Liébana, Santa María de Lebeña, o Desfiladero de La Hermida, a Sierra de Peña Sagra, Fontibre... mas foi a Colegiata de San Pedro de Cervatos que nos deixou de boca aberta com as figuras erótico-obscenas no exterior do edifício, com sexo mui didáctico e tudo (confiram algumas explicações).



Aqui vão algumas fotos seleccionadas de alguns destes lugares, centradas sobretudo no românico. Não aparecem aqui por ordem, mas se clicarem em Veja todas as imagens, poderão aí vê-las por ordem.


quarta-feira, 9 de julho de 2008

..:: o amigo e o amado ::..

Depois da euforia, vamos lá ao que interessa e que já tinha prometido há uma semana: o etéreo:


autobiografia | sexualidade | mística


Autobiografia, sexualidade e mística são as temáticas (não estou certo se lhes poderei chamar assim) que mais me entusiasmam nos textos. Apesar de não interessar a muita gente, apetece-me aflorar a mística, porque gosto da poesia presente nesses textos que recorrem a um discurso forte, altamente metafórico, poético ainda que não lírico. E místico não tem nada que ver com esotérico, muito menos com Alexandra Solnado; místico é o desejo de união com o Absoluto (repito, não tem mesmo nada que ver com esta supra-referida Alexandra). Entre os místicos, lembrar-se-ão da medieval Hildegard von Bingen (beata católica e santa anglicana), de São João da Cruz ou de Sta Teresa de Ávila (cf. esta citação).


Gravuras e música de Hildegard von Bingen [1098-1179]
Discover Sequentia!



Grande parte da mística funda raízes no incrível Cântico dos Cânticos (que bem conhecem e de onde já citei aqui e aqui) e usa um discurso muito erótico (e sexual). Talvez por isso e pela simbólica, goste tanto dos místicos, seres privilegiados tão próximos de Deus. No Dicionário dos Símbolos, Chevalier e Gheerbrant registam na entrada “Sexo”:
«A sexualidade simboliza a procura de unidade, o apaziguamento da tensão, a realização plena do ser. Por isso os poemas místicos utilizam a linguagem erótica, para tentar exprimir a inefável união da alma com o seu Deus»
(p. 607)

Esta ideia tem sido o meu ponto de partida para as leituras e estudos que tenho feio de textos desta índole.



Bernini, Beata Ludovica Albertoni e o Êxtase de Sta Teresa

Recentemente, iniciei a leitura de Livro do Amigo e do Amado do medieval beato catalão Ramon Llull (1232/33-1315/16) que se baseia no protocolo de leitura em que o Amado é Deus e o Amante, neste caso, o “fiel e devoto cristão”. É assim que devem ser lidos os seguintes excertos, e desculpem-me os puristas e os alienados das minhas tendências mundanas, mas não lhes consigo dissociar o sentido erótico. Em todo o caso, o carácter religioso/sagrado redime-lhe a ousadia. Apetece-me lembrar que se perdoa o mal que faz pelo bem que sabe. Além disso, todo o livro é um hino ao amor a Deus, que é, afinal, um amor humano, muito humano. Blanquerna, o autor ficcionado a quem Ramon Llull atribui a autoria do livro, redigiu tantas "metáforas morais" quantos os dias do ano. De entre elas, escolhi 15; leiam-nas bem e confessem lá que não se revêem em nenhuma:

1. Perguntou o amigo ao seu amado se havia nele alguma coisa por amar, e o amado respondeu que aquilo que poderia multiplicar o amor do amigo era amar. (p. 12)

2. Os caminhos pelos quais o amigo procura o seu amado são longos, perigosos, povoados de considerações, de suspiros e de choros, e iluminados de amor. (p. 12)

5. Disse o amigo ao amado: «Tu que enches o Sol de resplendor, enche o meu coração de amor.» Respondeu o amado: «Sem a plenitude do amor os teus olhos não estariam em pranto, e tu não terias vindo a este lugar para ver o teu amante.» (p. 12)

6. Experimentou o amado o seu amigo para ver se o amava perfeitamente; e perguntou-lhe que diferença havia entre a presença e a ausência do amado. Respondeu o amigo: «Como entre a ignorância e o esquecimento, o conhecimento e a recordação.» (pp. 12-13)

44. Pois são os fogos que aquecem o amor do amigo: o primeiro é feito de desejos, prazeres e cogitações; o outro é composto de temor, sofrimento, lágrimas e choros. (pp. 18-19)

53. Andava o amigo por uma cidade como louco, cantando o seu amado; e perguntaram-lhe as gentes se perdera o juízo. Respondeu que o seu amado lhe tirara a vontade, e que ele lhe dera o seu entendimento; por isso lhe tinha ficado tão somente a memória com que recordava o seu amado. (p. 20)

58. Andava o amigo desejando o seu amado e encontrou dois amigos que saudaram com amor e choros, e abraçaram-se e beijaram-se. O amigo desmaiou: tão fortemente lhe lembraram os dois amigos o seu amado. (p. 21)

59. Pensou o amigo na morte e teve medo até que se lembrou do seu amado. E gritou para a gente que estava à sua frente: «Ah, senhores! Amai, para que não temais a morte nem os perigos, honrando o meu amado.» (p. 21)

61. «Diz, louco: se te desamasse o teu amado, o que farias?» Respondeu e disse que amaria para que não morresse, porque o desamor seria a morte, e o amor é a vida. (p. 22)

69. Os caminhos do amor são longos e breves porque o amor é claro, puro, nítido, verdadeiro, subtil, simples, forte, diligente, resplandecente e abundante de novos pensamentos e antigas lembranças. (p. 23)

116. Encontraram-se o amigo e o amado e foram testemunhas do seu encontro, saudações, abraços, beijos, lágrimas e choros. E perguntou o amado ao amigo sobre o seu estado, e o amigo ficou embaraçado na presença do seu amado. (p. 32)

234. O amor é mar agitado de ondas e ventos que não tem porto nem costas. Perece o amigo no mar e no seu perigo perecem os seus tormentos e nascem as suas obras. (p. 53)

295. Chamava o amado o seu amigo e ele respondeu-lhe, dizendo: «Que desejas, amado, que és olhos dos meus olhos e pensamento dos meus pensamentos, e perfeição das minhas perfeições e amor dos meus amores, e ainda princípio dos meus princípios?» (p. 64)

341. Cogitou o amigo sobre a morte e teve pavor até que se lembrou da cidade do seu amado, da qual a morte e amor são portas e entradas. (p. 73)

357. Estava o amigo coberto de amor por dentro e por fora e andava à procura do seu amado. Dizia-lhe o amor: «Onde vais, amante?» Respondeu: «Vou para o meu amado para que tu sejas maior.» (p. 76)


Ramon Llull »» Livro do Amigo e do Amado »» tradução de Dimíter Ánguelov e revisão de Artur Guerra »» Cotovia »» 1990


sexta-feira, 13 de junho de 2008

..:: 13 de junho :: antónio de lisboa (pádua?) ::..

Fernando Martim de Bulhões e Taveira Azevedo
(ou Fernon Martin di Bulhon y Tavera Azeyedo)
ou
Santo António de Lisboa
ou
Santo António de Pádua
[Lisboa, 15 de Agosto de 1195 † Pádua, 13 de Junho, 1231]



segunda-feira, 2 de junho de 2008

segunda-feira, 7 de abril de 2008

..:: palavras que nos salvam ::.. Paulo de Tarso

Cântico do amor


Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,
se não tiver amor, sou como um bronze que soa
ou um címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom da profecia
e conheça todos os mistérios e toda a ciência,
ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas,
se não tiver amor, nada sou.
Ainda que eu distribua todos os meus bens
e entregue o meu corpo para ser queimado,
se não tiver amor, de nada me aproveita.

O amor é paciente,
o amor é prestável,
não é invejoso,
não é arrogante nem orgulhoso,
nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse,
não se irrita nem guarda ressentimento.
Não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais passará.
As profecias terão o seu fim,
o dom das línguas terminará
e a ciência vai ser inútil.
Pois o nosso conhecimento é imperfeito
e também imperfeita é a nossa profecia.
Mas, quando vier o que é perfeito,
o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança,
falava como criança,
pensava como criança,
raciocinava como criança.
Mas, quando me tornei homem,
deixei o que era próprio de criança.

Agora, vemos como num espelho,
de maneira confusa;
depois, veremos face a face.
Agora, conheço de modo imperfeito;
depois, conhecerei como sou conhecido.
Agora permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e o amor;
mas a maior de todas é o amor.


São Paulo »» 1ª Carta aos Coríntios, 13, 1-13 »» in Bíblia Sagrada para o Terceiro Milénio »» Difusora Bíblica (Franciscanos Capuchinhos) »» pp. 1880-1881



[obrigado por me relembrares estas
palavras que tinha perdido na memória]