quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

..:: paulo post futurum* ::..

Simbolicamente, o fim e o início são excelentes para balanços e votos. Este ano, nem isso nos apetece fazer. Estamos cá, o que já não é mau. E estamos bem, o que ainda é menos mau. Olhando à volta, as coisas podiam estar bem pior. Aconteceram muitas coisas, grande parte delas nada positivas, mas como nem tempo há para pensar nisso, seguimos em frente.
Sem fogo de artifício, nem copos para brindar, só esperamos que possam fazer o mesmo: entrar bem, muito bem, em 2009, com votos de que o corpo não vos falhe! Isto é, que haja muita saúde, já que o resto vai-se conquistando. Dancem pela vida e FELIZ 2009!


Tiësto, Dance 4 Life


* o título desta entrada significa literalmente, em latim, um pouco depois do futuro e é usado para querer dizer eventualmente (pouco veio de paucu que é da mesma família de paulus e que também deu pobre - residual no superlativo absoluto sintético de pobre: paupérrimo).

domingo, 28 de dezembro de 2008

..:: artistas da semana ::.. do corpo [i]limitado

O ano passado falei do corpo dominado. Agora referir-me-ei a esse mesmo corpo a que apelidarei de (i)limitado/ torturado. Vem na sequência da entrada anterior e cumprindo a promessa que deixei no ar.
Com efeito, gosto de pensar (até para meu próprio auto-consolo) que consigo torcer as palavras a meu bel-prazer. Nem sempre funciona, mas, quando acontece, trata-se de um jogo relativamente inofensivo de que não saem feridos (como se as palavras não pudessem ser punhais) e desde que eu não resolva retaliar sobre ninguém (apesar de menos exposto, tenho dedo em riste e língua afiada).
Vem isto a propósito de umas senhoras e de uns senhores que resolveram utilizar o corpo como superfície ou suporte da sua intervenção artística. Dessa forma, tornam concomitantemente o seu corpo a obra de arte, num processo que também passa por torcê-lo, como se fosse maleável, em performances que nada têm de inofensivo ou incólume. Chama-se-lhe genericamente body art ou artes perfomativas, onde o corpo, como afirma Stelarc, não é tanto objecto de desejo, mas de design, uma estrutura-escultura.
Penso nesta arte como uma forma perigosa de tornar o mundo mais belo, embora nutra uma grande curiosidade pelos processos (inclusive de loucura) que podem e conseguem agir sobre alguém a ponto da perfuração, do corte, do sangue, da manipulação da dor e dos limites do corpo de forma próxima das experiências borderline. Este é o tipo de arte, muito autobiográfica portanto, na qual é mais forte a bíblica frase de Jesus: Hoc est enim corpus meum (se não se lembram: “Isto é o meu corpo”). A lista que se segue não é exaustiva nem nada que se lhe pareça; como há muito que não havia artista da semana, demorei-me mais do que esperava nos meus arquivos e eis uma selecção de artistas e obras em que o corpo do artista ou de outros é o centro da questão.

Aviso: nem sempre se trata de encenação, logo, e em grande parte, esta é uma arte para não impressionáveis. Depois digam que eu não avisei! (a ordem é a alfabética do nome do artista e todas as imagens podem ser vistas em maior)





«« Andres Serrano »»





«« Bob Flanagan »»




«« Carolee Schneemann »»





«« David Nebreda »»





«« Ernst Fischer »»





«« Franko B »»





«« Gina Pane »»





«« Günter Brus »»





«« Helena Almeida »»





«« Jenni Tapanila »»





«« Joel-Peter Witkin »»





«« Jürgen Klauke »»





«« Keith Boadwee »»




«« Loren Cameron »»





«« Marina Abramovic »»





«« Michel Groisman »»





«« Niko Raes »»





«« Orlan »»





«« Paul McCarthy »»





«« Ron Athey »»





«« Shirin Neshat »»





«« Simon Costin »»





«« Spencer Tunick »»





«« Stelarc »»





«« Stuart Brisley »»





sábado, 27 de dezembro de 2008

..:: citações extra-literárias i ::.. cara lh ama ::..

Por causa do estado aqui do zezinho de baixo, lembrei-me do poema que reproduzo e que é do covilhanense Ernesto Manuel de Melo e Castro (1932), pai da Eugénia Melo e Castro (já agora, a mãe é a Maria Alberta Menéres, conhecem?). O zezinho vai indo. Ainda me lembrei de ilustrar com Witkin ou com outros artistas plásticos, mas ainda estou na aldeia e esqueci-me do cabo de alimentação em Lisboa e o garoto que me tem emprestado o dele, veio cá pedi-lo... Mas hoje já regresso ao meu Zé. Portanto, cá vai ainda sem imagens; e façam uma boa leitura!

*****

Cara lh ama


amam-no todos
uns porque o têm
bem colocado e erecto
outros porque a foda
sem ele não bate certo

e se o nariz não chega
e os dedos se dispersam
só ele é que é capaz
de entrar todo na toda
discreto e bom rapaz

e os tristes que o não têm
amam-no doutra maneira
distantes e macios
não sabem se se vêm
ou se é só caganeira

p. 304


E. M. de Melo e Castro »» "Cara lh amas" (1975), in Trans(a)parências: Poesia I: 1950-1990 »» Tertúlia »» 1990

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

..:: provérbio ::..

Há um velho ditado árabe que diz:


واحدئيس الوزراء هو الحاكم الفعلي للبلاد . البرلمان الإسباني م

قسم الى مجلسين واحد للأعيان ( وعدد أعضاء يبل عين و واحد للنواب و عدد نتائج الانتخابات نائب . نتائج الانتخابات الأخير مباشرة من أصبحت الشعبسنوات، بينما كل سنوات، بينما يعين عنتخاباتضو من مجلس الأعيان و ينتخب الباقون من الشعب أيضاً. رئيس الوزراء و الوزراء يتم تعيينهم من قبل البرلمان اعتماداً على نتائج الانتخابات النيابية . أهم الأحزاب الإس أصمقسم الى مجلسين واحد للأعيان ( وعدد أعبحت الشعببانية يتم ماعية و تعيينهمللأعيان



Pensem nisto!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

..:: \\ post // ::..


Nunca tinha pensado muito nisso. Agora já está, já estou postectomizado. A albarda gigante caiu, mas não foi fácil aguentar um dia sem comer. E foi à segunda vez, ou seja, hoje.




Fui de manhã e às 19h já estava em casa, sozinho com a Victoria. Há cerca de um mês faltei ao trabalho para a cirurgia, mas às 4h30m da tarde mandaram-me embora por não terem nem tempo nem cama para mim. Hoje também não tinham cama, mas não me mandaram embora. É o costume: não informam de nada e eu a ver velhos a entrarem e saírem, clamando, gritando, ai Jesus, ai Jesus. Fui com a maior paciência possível e vim-me embora sem a alta para não me chatear com ninguém que não tenho paciência para gente que anda de um lado para outro e não me dava satisfações nenhumas.


[fotos do corredor/ túnel de acesso ao serviço]

E dói-me a gaita, pois claro que dói. Só não sei muito bem quando é ficarei operacional, mas amanhã tirarei o penso e logo constatarei o estrago.

domingo, 21 de dezembro de 2008

..:: do Natal ::..

O Natal é uma época estranha, daquelas que não consigo entranhar. Acontece-me. Mas este ano aconteceu-me mais forte já que uma certa e determinada neura somada ao calendário escolar fez com que não tenha personalizado nem selos, nem escrever postais de natal, nem comprar presentes. Ainda me sabe menos a Natal. E tudo há-de passar...


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

..:: fruta da época ::..

Underworld, Born Slippy (Paul Oakenfold remix, 2003)


Parágrafo único // Desculpem a ausência! E pouco mais temos a dizer que isso! Dias e dias em que tudo acontece ao contrário e a que se têm somado momentos de puro delírio luso. 900 entradas depois de termos começado timidamente, parece que ainda não é desta que o FJ pára. Mas só não pára porque há os leitores. Apesar de não haver novidades por aqui, de não comentar ninguém há séculos e séculos, as visitas continuam (ok, diminuíram, mas outra coisa não era de esperar). De facto, não podemos ignorar os amigos (mais ou menos) virtuais: os que descobri e os que nos descobriram, que chegaram e ficaram; os que têm ficado; os que chegaram depois e já se foram; os que já cá andavam e que também já se foram; os que perderam o ritmo e estão tão desanimados quanto nós; os que seguiram outros caminhos tão legítimos quantos os nossos. Há os de quem tenho muitas saudades. É a vida. Portanto, o FJ não pára, contudo, também não desaguará em nada muito efusivo, porque a falta de tempo, o excesso de trabalho (preparar 5 conteúdos bastante diferentes entre si não é pêra doce + o runrum da avaliação), a desmotivação e o cansaço não permitem mais. Peço desculpa, portanto. Mas ainda não é desta que dará para retribuir prémios, desafios, distinções, comentários e visitas. Ao fim e ao cabo, isto mais não é que a fruta da época. Dias mais quentes virão!