Agnolo Bronzino (conhecido também por muitos outros nomes)
[Florença, 17 de Novembro, 1503 - Florença, 23 de Novembro, 1572]
Sendo que me centro sobretudo na fotografia, decidi mudar um pouco e dedicar-me à pintura. Como gosto sobretudo da “bella maniera” italiana que deu, como sabem, origem ao termo maneirismo, lembrei-me da Alegoria da Luxúria de Agnolo Bronzino.
O maneirismo é um movimento artístico que surgiu dentro do classicismo renascentista, opondo-se à sua proporcionalidade, equilíbrio e harmonia, evoluindo posteriormente para o barroco. É relativamente fácil identificar uma obra maneirista pois estas são muito estilizadas: as cores fortes e normalmente um pouco artificiais, as posições complicadas ou impossíveis dos corpos e das roupagens, muitas vezes fazendo um ondeado artificial e nada "realista"; são frequentes os corpos serpenteados, alongados, inspirados em Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci e Rafael (também se diz que maneirismo vem do facto de se dizer pejorativamente que os artistas maneiristas pintavam “a la maniera de…”). Fazem parte do maneirismo obras como as de El Grego, Tiziano, Correggio, Tintoretto, Giorgione, entre muitos outros.
Este movimento não se limita à pintura, pois abrange também a arquitectura e a literatura, por exemplo. Na literatura, Camões é o nosso grande maneirista (cf. Aguiar e Silva, Camões: Labirintos e Fascínios), tratando temas como uma consciência muito forte da efemeridade do tempo, o desconcerto do mundo, o amor sofrido e contraditório, etc. De facto, o maneirismo agrada-me porque não advoga mais o equilíbrio anteriormente perorado, mas antes reflecte a instabilidade da vida, do mundo e dos sentimentos.
Reparem bem nos rostos, nas suas posições (não é postura!, minha gente, postura têm as galinhas, valeu?), nas mãos amaneiradas (estão a ver de onde vem o epíteto, não?), nos corpos alongados e em forma de S (de Vénus, de Cristo e de São João, por exemplo), nos anjinhos a torcerem-se todos, no azul contrastante, nos panejamentos ondulantes, na barriga proeminente de Andrea Doria e os factores de instabilidade tematizados: o tempo, o pecado, a dor, a morte...
Desfrutem (e podem ver aqui mais pinturas maneiristas).
O maneirismo é um movimento artístico que surgiu dentro do classicismo renascentista, opondo-se à sua proporcionalidade, equilíbrio e harmonia, evoluindo posteriormente para o barroco. É relativamente fácil identificar uma obra maneirista pois estas são muito estilizadas: as cores fortes e normalmente um pouco artificiais, as posições complicadas ou impossíveis dos corpos e das roupagens, muitas vezes fazendo um ondeado artificial e nada "realista"; são frequentes os corpos serpenteados, alongados, inspirados em Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci e Rafael (também se diz que maneirismo vem do facto de se dizer pejorativamente que os artistas maneiristas pintavam “a la maniera de…”). Fazem parte do maneirismo obras como as de El Grego, Tiziano, Correggio, Tintoretto, Giorgione, entre muitos outros.
Este movimento não se limita à pintura, pois abrange também a arquitectura e a literatura, por exemplo. Na literatura, Camões é o nosso grande maneirista (cf. Aguiar e Silva, Camões: Labirintos e Fascínios), tratando temas como uma consciência muito forte da efemeridade do tempo, o desconcerto do mundo, o amor sofrido e contraditório, etc. De facto, o maneirismo agrada-me porque não advoga mais o equilíbrio anteriormente perorado, mas antes reflecte a instabilidade da vida, do mundo e dos sentimentos.
Reparem bem nos rostos, nas suas posições (não é postura!, minha gente, postura têm as galinhas, valeu?), nas mãos amaneiradas (estão a ver de onde vem o epíteto, não?), nos corpos alongados e em forma de S (de Vénus, de Cristo e de São João, por exemplo), nos anjinhos a torcerem-se todos, no azul contrastante, nos panejamentos ondulantes, na barriga proeminente de Andrea Doria e os factores de instabilidade tematizados: o tempo, o pecado, a dor, a morte...
Desfrutem (e podem ver aqui mais pinturas maneiristas).
© Bronzino, Alegoria da Luxúria ou Vénus, Cupido, Loucura e Tempo (1540-1545)
© Bronzino, Alegoria da Alegria, 1564 | Estudo de perna esquerda com panejamento (c. 1545–50)
© Bronzino, Nu masculino visto detrás (1540–46) | Nu masculino sentado (Estudo para o Martírio de São Lourenço, 1565–69)
© Bronzino, Deposição de Cristo (1545) | Deposição (1565)
© Bronzino, Pietà (c. 1530)
© Bronzino, Noli me tangere (1561)
© Bronzino, São Sebastião (1525-28) | São João Baptista (1550-55)
© Bronzino, Retrato de Cosimo I de Medici como Orfeu (c. 1538-40) | São Mateus (c. 1525)
© Bronzino, Retrato de Andrea Doria como Neptuno (1550-55) | Retrato de Ludovico Capponi (1551)
© Bronzino, Retrato de Ugolino Martelli (c. 1537) | Retrato de um jovem (c. 1540)
© Bronzino, Retrato de Maria de' Medici (1551) | Eleonora de Toledo com o seu filho Giovanni de Medici (1544-45)
© Bronzino, Retrato de Cosimo I armado (1545) | Retrato de Laura Battiferri (1555-60)
Neste tipo de obras o que acho piada é ao "profano" disfarçado de sagrado, a mistura do profano e sagrado e a obvia androgenia dos santos.
ResponderEliminarOs corpos puros quase que horrivelmente perfeitos...
O que não se aprende por estes lados, santo Deus...???
ResponderEliminarAbração.
Boa, Paulo! Não te sabia tão amante de arte! Clap, clap, clap...
ResponderEliminarE fizeste uma bela escolha das telas (adoro a Alegoria da Luxúria e o Estudo da perna esquerda com panejamento), mas o que é válido para a pintura maneirista não o é para a arquitectura, nomeadamente a questão da sinuosidade.
São todos belíssimos exemplos da pintura maneirista e eu elejo o "Noli mi tangere" como um dos mais representativos. Reparaste como aqueles estudos têm tanto a ver com alguns trabalhos de Michelangelo? Mais à maneira dele seria difícil.
ResponderEliminarÓptimas escolhas.
Estou "maravilhado"!
ResponderEliminarUm abraço.
► Unfurry, essa mistura sempre existiu, sempre se permitiu uma certa liberdade artística graças ao prazer de fruir uma obra bela segundo os padrões da época. Aqui, os corpos ganham uma dimensão plástica impossível, mas por isso mesmo são tão interessantes.
ResponderEliminar► Pinguim, ainda bem! Às vezes, também gosto de ensinar!
► Catatau, não sabias? Achavas que andava só à volta de gajos "depelados", era? Pois que não! Sim, de facto, os princípios da pintura não são, de todo, aplicáveis à arquitectura desta época que nada tem de sinuoso! E já agora a literatura também não (só se for nas páginas enroladas...)
► Paulo, Noli me tangere é uma obra magnífica! O Cristo está esplendoroso, tão níveo e tenro que assusta. Claro que reparei nos desenhos, também por essa semelhança os pus aqui. Aliás, Michelangelo tem muito de maneirista: nas formas femininas, nos corpos alongados, na Pietà de dimensões distorcidas: se Maria se levantasse teria umas pernas gigantes e tudo para constituir aquela magnífica forma geométrica que é o triângulo.
► Special, maravilhado por estas obras parece-me adequado!
Beijos e abraços!