sexta-feira, 31 de agosto de 2007

..:: expectativas ::..

Hoje estive expectante sobre o resultado das colocações que sairiam. Sairam, mas tarde e a más horas. Vi o que previa: não colocado. Nem eu, nem ninguém: lista a zero. Paciência? Já estou como a minha amiga Denise: caralho para esta merda toda.
Ah, e gastei 0,50€ para nada, porque até agora não recebi mensagem nenhuma: como eu gosto das coisas que funcionam bem!

..:: as cores do dia ::.. Nuno


Na segunda-feira, revimos o Nuno que há talvez um ano que não víamos. Conheci-o em 96 ou 97, em circunstâncias muito interessantes, o tempo foi passando, eu acabei a relação com o S. e, entretanto, perdi-lhe o rasto. Depois, cruzámo-nos por acaso no Chiado e desde então temos mantido o contacto. Somos do mesmo ano, com grandes diferenças ao nível da estabilidade: o Nuno possui estabilidade profissional, eu a afectiva, graças ao Zé. O Nuno queixa-se de conhecer tipos com personalidades estranhas, daquelas que eu ou o Zé só aguentaríamos algumas horas, até os mandarmos dar uma volta nuns patins lindos e inesquecíveis. Não sei como teve paciência. Conclusão: é tão bom conviver, amar, viver com pessoas normais!
Vemo-nos de ano a ano, quando temos férias ou quando ele faz anos, porque eu não me esqueço do seu aniversário. O Nuno é bonito, mesmo estando a perder a linha (vá, um pouquinho de exercício e dieta para seres absolutamente irresistível, ‘tá!); tem muito talento nas mãos (e não só), embora só o tenhamos ouvido tocar uma vez e foi casualmente; vive numa casa linda e tem duas gatas muito engraçadas.
Eu sei, temos de nos ver mais amiúde e contrariar a sensação de que vivemos em mundos separados.

..:: por tua conta e risco ::.. FICHT & WOODS

Por ter falado em porno (a propósito do retrato de Bush), o último filme de/ com o casal Pierre Ficht e Ralph Woods (além de Jamie Donovan e Jordan Michaels) chama-se Back Together.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

..:: Bush em versão porno? ::.. JONATHAN YEO

..:: venha mais uma ::..

Uma história de sucesso

Era uma vez três amigos inseparáveis: José, João e António casaram-se no mesmo dia. Foi uma grande festa. José, o felizardo, casara-se com uma médica. João, com uma telefonista. E o coitado do António, com uma professora.
Passado um mês do grande acontecimento, quando eles já haviam regressado da viagem dos seus sonhos, encontrei-me com os três amigos num pequeno bar.
Curiosa, não resisti e comecei a interrogá-los em relação ao sucesso dos seus relacionamentos. Ao que perguntei:
- José, tu que és um felizardo, casaste-te com uma médica (cujo salário todos gostariam de ter), como foi a tua lua-de-mel?
- Não me digas nada, respondeu José. Uma decepção. Até agora nada, pois até que ela vê a minha pressão... a minha temperatura... tira as luvas... a máscara... enfim todos os seus apetrechos de médica, já adormeci.
Então, dirigi-me ao João, que se casou com a telefonista, rapariga bonita e muito cobiçada.
Ao indagá-lo, tristemente, ele respondeu:
- Não me digas nada, um desastre. Na hora h, ela fala tanto que me desconcentro, falhei em todas as tentativas.
Então, já desencantada em função do que ouvi, dirigi-me ao António:
- Bem, António, acho que para ti nem preciso perguntar, pois se com eles não deu certo, imagino que te casaste com a professora, cheia de preocupações, com aquele salário, posso imaginar no que deu.
Ao que António retorquiu:
- Aí é que tu te enganas: o meu casamento tem sido um sucesso. Sempre que tento e erro, ela manda-me repetir 100 vezes.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

..:: palavras que nos inquietam ::.. Marina Colasanti

Sexta-feira à noite

Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.

Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.

Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.

Marina Colasanti
[ler mais aqui]

~~ venha mais uma ~~

Pecado

Um sujeito, a trabalhar no duro, vê outro deitado numa rede, na maior descontracção, e pergunta-lhe:
- Sabes que a preguiça é um dos sete pecados capitais?
O outro, sem se mexer, responde-lhe:
- A inveja também!...

..:: artista da semana ::.. ANSELM KIEFER + ALBRECHT DÜRER

No Diário de Notícias de 25, foi destacada a exposição de Anselm Kiefer no Guggenheim de Bilbao (até 3 de Setembro). Como passámos por lá, vimos as "telas entre o céu e a terra" de que fala o texto.
Parêntesis: sabem quem é Alberto Durero? Bom, achámos que era um contemporâneo que desconhecíamos. Mas não e jamais nos passaria pela cabeça: quando entrámos na sala, ficámos boquiabertos e ainda nos rimos por causa do acastelhamento do nome. Deliciem-se: trata-se de Albrecht Dürer, nem mais nem menos. A exposição patente até 9 de Setembro apresenta gravuras e desenhos da colecção do Städel Museum, que possui a quase totalidade da sua obra gráfica. A amostra no Guggenheim é impressionante pela quantidade e pela qualidade, oferecendo uma visão global da obra e da evolução da técnica de Dürer.

Voltando a Kiefer e ao seu amor perturbador pelo chumbo: a obra exposta é muito variada, quer na forma quer na temática, uma espécie de antologia. Belo, grandioso e para fazer pensar muito.

© Anselm Kiefer, Nuremberg, 1980

© Anselm Kiefer, Melancholia, 1989

© Anselm Kiefer, Naglfar, 1998

© Anselm Kiefer, 20 Jahre Einsamkeit, 1998


© Anselm Kiefer, The secret life of plants, 2001

© Anselm Kiefer, da série Women of Antiquity: Candidia / Hypatia / Kirke / Myrtis (2002)

..:: anda cá, ouve este ::.. YEHONATHAN GATRO

Yehonathan, My Turn


Yehonathan, Kore Lecha

terça-feira, 28 de agosto de 2007

..:: literatura gay? ::..


Como estive fora, chegar e actualizar-me demorou um bocado. O destaque dado à ficção gay portuguesa pelo Ípsilon foi uma dessas actualizações. Só comecei a ler ontem o dossier, com paragens pelo meio (sim, lá na aldeia não tinha como conseguir o jornal). De modo rápido, tem interesse e desempenha um papel muito importante pela abordagem que faz e pelos testemunhos dos autores; contudo, não me apresenta nada de radicalmente novo, à excepção do romance de Rosa Lobato Faria.

A interrogação no título deste post vem na sequência do texto que Henrique Raposo escreveu e da respectiva resposta de Eduardo Pitta. No título, Henrique Raposo afirma que “só há boa ou má literatura. O ‘gay’ não é para aqui chamado”. Lendo o texto, numa primeira impressão, quase sou tentado a concordar com Henrique Raposo, com a sua argumentação de que a escrita não depende da identidade sexual de X ou Y ou de que a classificação encerra os escritores num gueto, conferindo “‘respeitabilidade’ a escritores medíocres”, entre outros pontos. Eu não concordo com guetos, separatismos, nem com a falta de abertura. Portanto, até poderei achar que quanto mais universal ou abrangente for uma classificação, mais indivíduos se identificarão com ela. Acontece que, como apreciador de literatura e homossexual que sou, me custa ver apagada uma faceta que faz com que me identifique mais com certo texto em particular.

Vamos por pontos. Henrique Raposo refere que “esta deriva identitária não ajuda em nada na apreciação das obras e dos autores”; a resposta de Eduardo Pitta parece-me esclarecedora: “o adjectivo acrescenta, não subtrai”. Desconheço porque há-de retirar mérito ou inviabilizar a fruição da obra de arte. Não percebo. Ou melhor, percebo que existe um receio ciclópeo em reconhecer a temática homossexual, gay ou homoerótica, em se saber que aquele(a) criador(a) é/ foi homossexual. Percebo ainda que há pessoas que ficam muito perturbadas quando essas dimensões são convocadas. Então, tem tudo que ver com preconceito e com o medo de que alguma coisa nos invada, nos adultere o íntimo ou nos castre. Trata-se do receio visceral de fruir o que nos perturba.

Outro ponto: numa escrita, seja a de Pitta ou de qualquer outro criador, não interessa só a forma como se apresenta: o conteúdo é essencial e tão ou mais importante que a forma. Deste modo, o sexo, seja em que obra for, não alimenta só a escrita, ele representa uma dimensão humana basilar, mas que por causa de uma certa moral se tornou um tabu difícil de desmontar. Mesmo quando se fala de obra (auto)biográfica, facilita obturar a questão do sexo, porque incomoda, fere susceptibilidades, evitando pois aborrecimentos. Pessoalmente, trata-se de uma problemática que gosto de focar: a relação entre vida, escrita, e representações da sexualidade, do sexo, da orientação sexual – são coisas, obviamente, diferentes (mas, Denise, apesar de ter lido e escrito umas coisitas, ainda não sou especialista em estudos homoeróticos).

Diz ainda Henrique Raposo que “a qualidade da escrita de Y ou X não depende do sexo homo ou hetero”; aqui estou completamente de acordo e nada a acrescentar, sempre foi assim e continuará a ser; aliás, não precisa de haver sexo nenhum para ser uma obra maior (já a sexualidade, essa está sempre latente).

Noutro texto, respondendo à resposta de Eduardo Pitta, Henrique Cardoso regista: “o termo ‘literatura gay’ refere-se à identidade privada do homem que, por acaso, é autor. O facto de X ser gay só deve interessar a quem lida com ele privadamente. O lado humano é irrelevante quando analisamos o autor”. Nada disto me parece correcto: a fuga ao historicismo literário levou a que o autor fosse morto, arredado dos textos que ele próprio criou; mas com os pós-estruturalismo, pós-modernismo, desconstrutivismo, e o fim das verdades absolutas, a coisa alterou-se. Acho que ninguém pensa em ler hoje um livro sem ver o seu autor, em todas as dimensões relevantes. Logo, a identidade privada é uma dimensão relevante, inclusive para uma correcta leitura e nada disso é por acaso – há razões para ser como é. Afinal – um exemplo –, quantas vezes se identificou (e continua) o tu na poesia de Eugénio de Andrade com uma figura feminina? É a mesma coisa? É indiferente? Será com certeza uma leitura pobre, deficiente e incorrecta, no mínimo. Poderá perguntar-se: mas que importa? Bom, se não importa, porquê o tom de verdade, de autoridade incontestável em matéria de literatura por parte de quem o lê, ignorando esse facto? A literatura (ou qualquer outra arte) não existe isolada, comunica com todas as áreas do saber; bem como a sua fruição, que depende em absoluto das capacidades do leitor. As fronteiras estão lá – na obra –, mas cabe ao leitor saber achá-las, informando-se. Quando se lê, lê-se com a vida, com a experiência que se carrega. Na escrita, acontece exactamente o mesmo. Existe é muita gente que prefere ignorar a informar-se – o que os olhos não vêem o coração não sente, certo?

Quanto à literatura ser “mera plataforma sexual”: nada choca e atrai mais que o sexo, a violência e o sangue (a morte, portanto). A literatura não é, de facto, uma plataforma, mas toda a arte (como a vida, aliás) vive do sexo, do escândalo, da provocação – e não só do erotismo –, escondendo-o ou revelando-o, desde Lascaux à contemporaneidade. E nada disto retira o mérito à obra de X ou Y.

Henrique Raposo diz ainda que, se a “‘literatura gay’ é exclusiva de homens gays, logo, é um clube e não um género”. Também não concordo: os géneros literários são categorias históricas: nascem, morrem, evoluem, modificam-se, sendo possível estabelecer-lhes, dependendo dos casos, uma cronologia. Como escreveu Pitta, o conceito de literatura gay tem 38 anos: as balizas, neste caso, são fáceis de delinear.

Antes de mais, literatura não é um género. Na literatura, distinguem-se modos, géneros, subgéneros. Recorrer a literatura gay é um modo simplista de dizer que aquela obra, independentemente do modo, género ou subgénero, apresenta uma temática homoerótica (i.e., desejo sexual em que o objecto e o sujeito pertencem ao mesmo sexo biológico, sem precisarem de partilhar a mesma orientação sexual). Desta forma, não me parece possível existir um género homoerótico: existe uma temática que se assume como categoria essencial para a classificação como gay (o mesmo acontece na literatura autobiográfica, com a escrita da vida do eu). Além disso, se tomarmos os exemplos de Eduardo Pitta e de Denise Estrócio, os termos são mutantes constantes e dependem da perspectiva como se encara a instituição literatura. Parece-me querer prolongar o preconceito quando se afirma que “nem toda a gente pode escrever um romance gay”, ao passo que “qualquer pessoa pode escrever um policial”. Sem entrar no pormenor do uso do verbo “poder”, com este raciocínio ignora-se que criadores não-homossexuais tenham criado obras de temática homoerótica e que escritores homossexuais nunca tenham escrito uma linha sobre o assunto. Não se pode é confundir a obra e a vida, isso é que não; embora seja indiscutível que às vezes ambas coincidem, mas, portanto, não constitui condição sine qua non.

Sinceramente, considero a literatura algo maior e amplo, onde cabem muitos géneros e subgéneros (mesmo num momento em que continua a crise dos géneros). A classificação gay, a meu ver, abrange uma multiplicidade de géneros e aplica-se a obras com características próprias de um universo que, graças a elementos particulares, não é nem pode ser legível de igual modo por todos (lá está, depende das capacidades de leitura de cada um). Possuindo ainda uma dimensão sociocultural (além da histórica e estética, cf. Carlos Reis, O Conhecimento da Literatura: Introdução aos Estudos Literários, p. 24), desempenha um papel fundamental na criação de uma identidade de grupo. Assim sendo, trata-se de um dos alicerces para o crescimento saudável de seres humanos que precisam de raízes, tal como todos os outros, para se situarem e a partir dos quais podem crescer.

Motivo para existir a literatura gay? Bom, já citei em vários lados, mas acho que posso repetir o José Augusto Mourão: “Para quê uma nova ortodoxia literária, um novo canon? Quem, ao ler um romance em que um casal homem-mulher tem relações sexuais pensa que está a ler um romance heterossexual? A conclusão poderia ser esta: em tempos de guerra contra a repressão justifica-se que a escrita seja cruz ou espada. Virá um tempo em que tudo desaguará na praia sem fragor, sem publicidade, sem agrura” (in CASCAIS, António Fernando (ed.). 2004. Indisciplinar a Teoria: Estudos Gays, Lésbicos e Queer. Lisboa: Fenda, p. 292).

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

..:: corrente d'ar ::..

Ontem, domingo, registei:
As trovoadas são um espectáculo singular. Eu odeio-as, sobretudo se estou na aldeia. Já presenciei um raio a cair ao pé de mim. Não é brincadeira: aconteceu na casa da aldeia, quando, no meio de uma tempestade de abanar paredes e fundações, um raio desceu pela chaminé de ferro do fogão a lenha e me passou ao lado em direcção ao chão. Fiquei lívido. Hoje, às cinco da manhã acordei com o trovejar. Começou violentamente, depois afastou-se e parece estar a reaproximar-se agora (8h). Há bocado, veio-me automaticamente isto à boca: "Santa Bárbara bendita, santo cálice e água benta, nos livrem de tal tormenta." Não me lembrava que sabia esta oração de cor. Vem do passado, de quando aqui passei mais tempo. Há coisas que nunca se esquecem, como estas orações populares ou o sotaque (que retomo quando falo com a mãe).

..:: as cores do dia ::..

Cheguei à aldeia no meio de um velório. Acabou por ser triste porque significa que há mais uma casa a fechar-se. Houve momentos em que me lembrei do funeral do meu pai. A minha mãe chorou e compreendo-a muito bem: os anos que passam, a sorte que nos espera, mais um companheiro do meu pai a fazer-lhe companhia.

..:: perdidos&achados ::..

005# abriguei-me debaixo de uma nuvem e senti a tua mão urgente no meu peito, descendo vertiginosamente

..:: corrente d'ar ::..

Um dia ainda havemos de ensinar alguém que não seja filho dos outros.

..:: corrente d'ar ::..

Há gajos lindos, lindos... até abrirem a boca.

..:: corrente d'ar ::..

Num autocarro para lá de velho, irrompem exímios exemplares do mau gosto arquitectónico em epifania atrás de epifania: as casas apresentam formas e cores (ai as cores e as suas combinatórias!) que são de levar às lágrimas. Poluição visual em todo o seu esplendor. Salva-nos que, entrando nas montanhas, o branco parra a dominar as aldeias-presépios.

..:: diabo à solta ::..

Dia 24 foi o dia de S. Bartolomeu. Sob o céu azul de Agosto, entre pinheiros bravos e asfalto, diz-me a minha mãe: "Hoje, anda o diabo à solta". Parece que sim, sobretudo na Grécia. A religião popular é muito interessante. Pessoalmente, decidi que tinha de enfrentar os meus demónios. Assim de repente, são cinco, embora saiba que me basta dominar um deles para conseguir vencer os restantes. Vamos ver...

domingo, 26 de agosto de 2007

sábado, 25 de agosto de 2007

~~ silêncio ~~ EDUARDO PRADO COELHO

Eduardo Prado Coelho afirmou um dia, em entrevista a Carlos Vaz Marques, que o silêncio é uma violência.
Hoje, todos fomos vítimas dessa violência. Primeiro pela pouca importância que os meios de comunicação deram ao triste evento; depois porque o silêncio invadiu a voz daquele que foi, reconhecidamente, um dos mais importantes veículos divulgadores do nosso património cultural comum.

Eduardo Prado Coelho:
Lisboa, 29 de Março de 1944 - Lisboa, 25 de Agosto de 2007.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

~~ y olé! ~~

Não é que tenha ficado obcecado com Espanha. Se volto hoje ao assunto é por não querer correr riscos desnecessários. Eu explico. No fundo, no fundo, sou um daqueles que alimenta a vã esperança de que, um dia destes, os nossos vizinhos se lembrem de nós, e passemos todos a fazer parte de um todo comum. (Depois tentaríamos tratar da questão da higiene.) Ao longo do dia, dei-me conta de que o post de ontem podia fazer perigar esse desígnio. Acho que fui demasiado duro. Este acto de contrição não fará com que os espanhóis (estou a generalizar) deixem de cheirar mal do sovaco, de apagar cigarros no chão dos restaurantes, etc. Também não se pode querer tudo, não é? A mim, fez-me inveja ver (nos sítios mais recônditos, por onde pastavam vacas e cavalos selvagens) extensas pistas pedonais e cicláveis bi-direccionais que as pessoas utilizavam; ver jovens, adultos e velhotes a utilizarem essas infra-estruturas; ver que o mais pequeno lugarejo é servido por estradas boas e bem sinalizadas; e perceber como as pessoas não ficavam de boca aberta a ver passar os carros, como se de máquinas maravilhosas se tratasse. Gostei de não ver aldeias a desmoronarem-se; de ver vida a fervilhar em cada canto; de ver como as coisas são feitas a pensar no bem-estar das pessoas; gostei de não pagar um único quilómetro de auto-estrada (e olhem que foram muitos); gostei de comprar gasolina 30 e tal cêntimos mais barata que cá; gostei de ver monumentos bem tratados (nalguns casos recuperados e aproveitados, sem falsos pudores); gostei de ver alguns deles sem pagar nada ou pagando uma quantia irrisória; e até gostei da forma como os espanhóis parecem ter já iniciado o processo de anexação quando, ao perceberem que éramos estrangeiros, continuavam as suas explicações com o mesmo ritmo, vocabulário e acento.
Enfim, gostei de muitas outras coisas, mas fico por aqui porque estou a ficar deprimido.
Deve ser bom viver num país desenvolvido, não?

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

~~ ay como huele ~~

Com o Paulinho ausente, cabe-me a responsabilidade de manter as novidades bloggueiras. Além da preguiça, restava-me a desculpa de ter andado com um desarranjo. Agora que as coisas parecem estar a regressar ao normal (à conta de muito vómito, alguns rolos de papel higiénico e uns tantos Ultralevur, além dos cuidados e caldos de galinha de you know who), tenho mesmo que corresponder ao pedido do Paulo e escrever alguma coisa. Além do mais, é uma forma de me sentir perto dele.
A viagem que fizemos foi extraordinária. A verdade é que, mesmo que o passeio tivesse sido à "Floresta do Alguidar Partido", ao lado do Paulo seria excelente. Mas não, esta foi, verdadeiramente muito boa. A Cantábria, sobretudo, é um must! Um paraíso manchado pelo cheiro a sovacum que bastantes espanhóis transportam consigo como nuvem. Por que diabos não tomam banho? Nunca ouviram falar em desodorizantes? Amiguios (isto vai em portunhol que é para eles perceberem!) nós ótros fiorneciemos à ustedes una carradona di disodoriziantes si nos dierem un pedacito de Cantabria, bale?

Por outro lado, nunca mais vou deixar que digam que os portugueses é que são porcos. Incrédulo, vi-os apagar cigarros com o pé no chão de restaurantes, sem qualquer pejo e com cinzeiros nas mesas! E não pensem que era uma tascazeca qualquer. Já era um restaurante jeitoso. E mulheres a escarrar na rua, não é uma imagem linda? Enfim! Apetece-me comparar estes comportamentos ao de quem passeia os cães pelas ruas da nossa cidade, salpicando-as de poias.

Como seria bom se o feitiço se virasse contra o feiticeiro, ou seja, se a merda (e os maus cheiros) caísse sobre quem a produz!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

~~ ausência 2 ~~

Pois é. Cada um tem o que merece, e eu já comecei a trabalhar. A meio gás, é certo, mas já sob o jugo do relógio. Bem feito! O pior vai ser chegar a casa e não ter o meu Paulinho por perto. Mas, pronto, a causa é nobre (Parabéns, D. M.) e justifica a ausência. O melhor (a tal parte que se guarda sempre para o fim), o melhor é que são só três dias. Afinal, o que são 72 horas num mar de ternura. Até já, amor!

..:: ausência 1 ::..

Vou a caminho da minha aldeia, por quatro dias: a mãe faz anos. Terei pouco descanso com a família a bombardear-me por todos os lados. Mas é engraçado. Sentirei falta do Zézinho :(

..:: perguntas ::..


– Desculpe, pode indicar-me o caminho para o Paraíso?
– E qual prefere: o caminho mais curto ou o caminho mais belo?

..:: o casamento dos outros ::..

«Casamento é um relacionamento a dois, no qual uma das pessoas está sempre certa e a outra é o marido.»
Parto deste belo adágio e do repto da minha querida Monga: há casamentos mui diversos uns dos outros. Para todos os gostos. Olhando para a minha família tenho muitos exemplos. Chego sempre à conclusão que as mulheres suportam demasiado. Basta-me olhar para as minhas duas irmãs (os irmãos também merecem atenção, mas têm relações diferentes, pelo que agora não me referirei a eles). Uma faz tudo, a outra resmunga e manda o marido fazer. A que faz tudo enerva-me porque acaba por se tornar na escrava lá de casa. Trabalha imenso, anda cansada e o dito cujo marido não ajuda. Como não suporto isso, cada vez a visito menos. A outra, a minha segunda mãe como eu digo, tem pêlo na venta, é óptima para ordenar e põe o marido a trabalhar. Não podia aprovar mais.
Sempre que sei que uma amiga vai casar, dou-lhe uma injecção: há que pôr o gajo a trabalhar, desde o primeiro dia. Vem tudo do berço: as mães transformam as filhas em fadas do lar e os meninos descansam porque não podem executar tarefas domésticas que os efeminizam. Coitadinhos. A minha mãe não foi excepção, mas como mulher de tomates percebe muito bem as diferenças entre as duas filhas e os respectivos. Fica furiosa com o calão, mas não consegue meter a colher.
Além da divisão de tarefas, há a violência verbal ou física. Não sei qual é pior. Há quem suporte tudo: insultos, cornos, agressões, ausências, pontapés, porque a dependência financeira ou afectiva é total, ou porque simplesmente não conseguem cortar o mal pela raiz. Os meus pais às vezes discutiam, mas nada de grave, que não passasse depressa. O meu pai sabia que, se alguma vez levantasse a mão, a minha mãe também levantaria a dela, que não era menos pesada. Nunca perderam o respeito ou a confiança. Há gente que parece nunca desenvolver esses dois pilares básicos de uma relação (a fidelidade não é para mim um valor básico, ok). Tenho amigas, ou conheço amigas de amigas, que passaram por isso: só lhes digo: mais vale sozinha que num inferno diário. E temos uma vizinha que às vezes é desancada pelo marido. Chamamos a PSP, mas parece que nada resolve.
Os sogros. Pergunta retórica: os sogros também fazem parte do casamento? Quando são normais, tudo bem, mas e quando a loucura abunda? A bem da sanidade mental, o melhor é o afastamento (acho eu).
Consequências do casamento: antes de mais, o divórcio. Depois, os que se mantêm: uns engordam (e são a alegria das famílias), outros emagrecem (por culpa da mulher, claro); uns revelam a besta que havia lá dentro; outros tornam-se dependentes; outros ainda, felizmente, evoluem. Há os que continuam a casar por conveniência, o que me parece ser pouco conveniente e acabam por oferecer surpresas desagraváveis. Por exemplo, quando ela descobre que ele gosta tanto de pau quanto ela, ou vice-versa. Custa-me aceitar os enrustidos, mas há-os, apesar do status quo tem vindo a evoluir significativamente. E não deixo de pensar em mim (olha o narcisismo, mas paciência), que vim de trás do sol posto e cá estou feliz com o meu homem. Eu tinha tudo para correr mal. Talvez tenha ajudado o facto de ter estudado e de ter uma personalidade forte. Mas mesmo para estudar não foi fácil: comecei a trabalhar aos 15 anos para ajudar a pagar os estudos (desde o secundário, portanto). Depois de tanto sacrifício, casar só com quem eu amasse, nunca por conveniência nem para agradar aos outros. Como casar ainda não nos é permitido por aqui, vamos aguentando. A esperança ainda não morreu.
Outra consequência é o afastamento dos amigos porque a disponibilidade diminui brutalmente, sobretudo quando surgem as crianças. Alguns cortam relações com o mundo que deixa de existir e ninguém fica a perceber porquê. Pessoalmente, gosto de ver as pessoas com alguma independência, sinal de que o mundo pessoal não se obnubilou. Em qualquer relação, mesmo com o Zé, preciso de continuar com o meu mundo, caso contrário sentir-me-ia abafado, apagar-me-ia. Fico radiante por, na sua maioria, os meus amigos viverem também assim, sem ameias.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

..:: corrente d'ar ::..

Há um mês e tal que não andava de transportes públicos. Parece que já nem sei andar nesta cidade. Será do vento? Aproveitei para encontrar a Vânia e ir à Porto Editora comprar os manuais para o meu sobrinho: sempre ficam 15% mais baratos. Claro que acharam que eu não tinha pinta de professor e lá me fizeram a pergunta. Eu devo parecer um professor muito veraneante.

***

As crianças aos berros são um fenómeno marciano incompreensível: deixam-me de cabelos em pé, nervos aos pulos e uma vontade louca de esmurrar alguém: a avó obesa, a mãe andrajosa, o pai desdentado ou a própria criança.

..:: as cores do dia ::.. Vânia


Hoje revi a Vânia. Conheço-a desde o 12º ano, em Castelo Branco porque estivemos na mesma turma de latim. Nada de especial. Estranho foi encontrarmo-nos na primeira aula de Cultura Portuguesa na FLUL. Ficámos histéricos: era a primeira pessoa conhecida que cada um de nós encontrava naquele mundo novo e muito confuso. Juntos, sempre era mais fácil perceber como funcionava a faculdade e ultrapassar dificuldades burocráticas. E fizemos as cadeiras quase todas em conjunto, até o estágio era para ter sido, não fosse a arrogância da orientadora e os alunos cães de fila. Ficámos íntimos. Rimo-nos das macacadas que fazemos e fingimos que não aconteceu nada.
A V. é poliglota (ou troglodita, como ouviu o Zé no autocarro): fala italiano, inglês, espanhol e alemão (o latim não conta que é língua morta). Vive em Frankfurt, casada com um alemão. Desistiu disto com dificuldade (ou tem vindo a desistir), apesar da burocracia, da fantochada política, do estado do ensino… Concordamos numa coisa: o clima aqui é excelente, mas não salva a pátria.
Sempre lhe admirei a coragem e a maleabilidade (e a inteligência, claro). De vez em quando, vem cá matar saudades da família, encontramo-nos e matamos também nós as nossas. Falamos das nossas coisas. Ela fala-me do cosmopolitismo alemão, dos trabalhos de lá, dos muitos descontos e das múltiplas vantagens (nomeadamente, da protecção no caso de desemprego). Fala das regras e do civismo, dos bons trabalhos, dos excelentes e dos inimagináveis, mas também dos maus. Além disso, traz-me massapão que eu adoro.
Gostava de ser alemão (ou de saber alemão, embora España já fosse suficiente). Deve ser tão bom viver num país de gente civilizada.

..:: venha mais uma ::..

Perguntas e respostas

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Tenho 20 anos e ainda não tive relações sexuais porque gostaria que a 1ª vez fosse com um namorado fixo. O que acha?



A minha 1ª vez também foi com um namorado fixo. Amarrei-o à cama.

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O que fazer para surpreender um namorado tímido na primeira noite?



Apareça com um amante.

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Tenho um amigo que quer fazer sexo comigo mas ele tem um pénis de 24 cm.
Acho que vai ser doloroso, o que fazer?



Mande para cá que eu testo por si.

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Como faço para seduzir o rapaz que eu amo?



Tire a roupa.

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Terminei com o meu ex. porque ele é muito chato e agora estou com outro, mas ainda gosto do ex. e às vezes ainda fico com ele! O que devo fazer?



Quem era mesmo chato nesta história?

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Quero saber como enlouquecer um homem só nos preliminares.



Mostre umas fotos de uns BMW.

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Como enlouqueço meu parceiro numa relação na casa de banho?



Já usou desentupidor de pia?

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Como conquistar um homem que tem namorada?



Fique logo com os dois. Gente complicada...

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Saí com um gatinho e foi óptimo. Só que agora fico com medo de lhe ligar. Será que devo?



Depende. O gatinho sabe cagar na caixa de areia?

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Eu tenho 18 anos, mas adoro brincar com bonecas e com a minha irmã de 2 anos. Também entro na net e não me farto de ver cenas de sexo. O que devo fazer?



Passe numa sex shop e compre um boneco insuflável de boas proporções.

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Sou feia, pobre e chata. O que devo fazer para alguém gostar de mim?



Ficar bonita, rica e ser simpática. Obviamente.

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O rapaz com quem namoro é muito porreiro, mas está a dar sinais de ser alcoólico. O que devo fazer?



Não o deixe conduzir.

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Por que, na hora do sexo, quando a gente está no vai e vem, na hora que o corpo entra em atrito, faz aquele barulho de quem está a bater palmas? Por que ficamos mais excitados nessa altura?



É porque parece que tem claque, está a ver? Da próxima vez grite para a malta.

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Eu não tenho uma cara propriamente linda, apesar de ser normal e não ser feia. O que mais atrai os rapazes é o meu corpo. O que fazer para conseguir comer alguns gatos tendo em conta que tenho 13 anos?



Nesta idade você tem que comer Nestum, entende?

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Tenho 28 anos e sou virgem, não aguento mais esta situação. Como mudá-la o mais rápido possível?



Está em Lisboa? Vá ao Intendente, de madrugada.

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Sou virgem e aconteceu-me, pela primeira vez, fazer sexo oral. Acabei por engolir aquilo e quero saber se corro o risco de ficar grávida. Estou desesperada!



Claro que corre o risco de ficar grávida. E a criança vai sair pelas orelhas

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A primeira vez dói? Qual a melhor posição para a mulher na primeira relação? Tenho 21 anos e ainda não tive sexo porque tenho medo de doer e não aguentar.



Dói tanto que você vai ficar em coma e NUNCA mais se vai levantar. Veja se deixa de ser fresca, ó Cinderela!

..:: evolução natural das espécies ::..

«Cientista italiano diz que humanidade será bissexual»

domingo, 19 de agosto de 2007

..:: trabalho à vista ::..

O Zézito recomeça o trabalho amanhã. Vou dar-lhe uma sugestão, pode ser que pegue:


Declaração de Baixa

Exmo. Sr. Chefe

Esta semana aconteceu-me algo que não esperava. Num espantoso acidente acabei por quebrar um osso. Por esse motivo não me verá nos próximos 30 dias pois a recuperação é lenta e exige repouso. Impossível aparecer e executar o meu trabalho.
Junto envio a radiografia que comprova a ruptura.

Com os melhores cumprimentos e desejando que isso nunca lhe aconteça,

O trabalhador


..:: domingo à tarde ::..

Vi no Renas e achei soberbo:

Oded Gross, It's All Because (The Gays Are Getting Married)

..:: artista da semana ::.. OLEG KULIK

Oleg Kulik, Kiev (1961)

© Oleg Kulik, from the series The Russian, 1999

© Oleg Kulik, from Fragments series, 2004

© Oleg Kulik, Lolita 1, 2, 3 and 4, 2000
© Oleg Kulik, from the series Nouveau Paradis, Museum of Nature, 2001

© Oleg Kulik, Sportswoman, 2002

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

..:: the world clock ::..

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..:: venha mais uma ::..

Quatro amigos encontraram-se numa festa, após trinta anos sem se verem. Uns copos daqui, conversa de lá e de cá até que um deles resolve ir à casa de banho. Os que ficaram, começam a falar sobre os filhos.
O primeiro diz:
- O meu filho é o meu orgulho! Começou a trabalhar como paquete numa empresa, estudou, formou-se em Administração, foi promovido a gerente da empresa, e hoje é o Presidente. Ficou tão rico, tão rico, que no aniversário de um amigo lhe ofereceu um Mercedes novinho.
O outro disse:
- Que maravilha! Mas o meu filho também é motivo de orgulho. Ele começou a trabalhar a entregar passagens. Estudou e tornou-se piloto. Foi trabalhar numa grande companhia aérea. Resolveu entrar de sociedade da empresa e hoje ele é o dono! Ele ficou tão rico que no aniversário de um amigo lhe deu um 737 de presente!
Falou o terceiro:
- Estão ambos de parabéns! Mas o meu filho também ficou muito rico. Ele estudou, formou-se em engenharia, abriu uma construtora e deu-se tão bem que ficou milionário. Ele também deu um presente para um amigo que fez anos há pouco tempo. Ele construiu-lhe uma casa de 500m2!
O quarto amigo que entretanto chega da casa de banho, perguntou:
- Qual é o assunto?
- Estamos a falar do orgulho que temos dos nossos filhos. E o seu? O que é que ele faz?
- O meu filho é gay, ganha a vida a fazer programas.
E os amigos disseram:
- Fogo, que decepção...
E ele respondeu:
- Qual quê... ele é o meu orgulho, é um grande sortudo! Sabem que no último aniversário, ele recebeu uma casa com 500m2, um avião 737 e um Mercedes, tudo presentes de três bichonas que ele anda a comer!

..:: here we are, back to the desert of real ::..

Voltámos. Vimos cansados, cheios de cultura e natureza. Eu venho cheio de românico. O Zé de desfiladeiros, rios com nomes estranhos e vacas e cavalos a pastar, alheios a quem passa. Cantabria nos mata. Merece ser visitada, revisitada, com tempo e paciência para andar para trás e para a frente, por caminhos ínvios, paisagens de cortar a respiração, aldeias que parecem perdidas no tempo. Um mundo à parte. Os Picos da Europa são deslumbrantes. Achamos que as pessoas que por lá vivem nem devem saber a sorte que têm em acordar de manhã e ver tanta natureza. Mas no Inverno deve ser um tédio de neve e frio…
Para quem gosta de românico (eu descobri imenso e cada vez mais me apaixono por este estilo), a província de Palencia e a Cantábria são um manancial interminável, nem sempre divulgados como deve ser. As igrejas rupestres, por exemplo, no município de Valderredible não são fáceis de descobrir. Ah, e estávamos tão perto que ainda demos um salto ao fantástico Guggenheim de Bilbao.
As Astúrias foram de passagem, mas uma decepção enorme. Talvez porque apanhámos bom tempo na Cantábria e assim que entrámos no Principado começou a chover, parecia um Inverno interminável. Além disso, apanhámos quase tudo fechado (ah, esse foi o nosso trauma: apanhar sítios fechados: abrem lá pelas 10h, fecham lá para a 1 ou 2 horas e só reabrem entre as 3, 30 e as 4h e fecham entre as 7 e as 8 horas). Nem sabemos como os próprios espanhóis têm paciência para um encerramento tão longo. Portanto, foi bater com o nariz na porta um montão de vezes. Vimos por fora e pronto. Ficou o registo fotográfico. Ainda havemos de voltar às Astúrias, mas como rimou o Zé: em Oviedo, não nos verão lá tão cedo! Além disso, a cidade é horrorosa e com um sinalização do pior.
Depois de 10 dias de viagens e 2800 e tal quilómetros, cá estamos. Já seleccionei e legendei 1448 fotografias, embora falte fazer uma selecção para apresentar aqui.

Locais que visitámos e gostámos (altamente recomendáveis, portanto):
# Românico em Palencia (destaque para Frómista e Aguilar del Campoo)
# Românico em Valderredible
# Alto Campoo
# Fontibre, onde nasce o Ebro, um dos maiores rios da Península e de onde vem o nome dos Iberos.
# Embalse del Ebro
# Estelas de Barros
# Colegiata de San Pedro de Cervatos, com as figuras erótico-obscenas (sim, sim, com sexo e tudo. Mui didáctico. Que raro!)
# Colegiata de San Martín de Elines, o pároco que nos fez a visita era muito engraçado e até chamou a atenção para os pormenores obscenos; vendeu-me um livro e autografou-o, o pior foi perceber o meu nome (que difícil...)
# Iuliobriga em Retortillo (Eça fala de um Retortilho no conto «O Tesouro». Será o mesmo?)
# Colegiata de Santa Cruz de Castañeda
# Santillana del Mar, onde se situa a gruta de Altamira, fechada para o público, mas com o museu ao lado com réplicas (tínhamos bilhetes pré-comprados, mas demorámos mais do que pensávamos e quando chegámos desistimos: a fila era interminável)
# as Coevas el Soplao (= Sopro) merecem uma visita por causa das formações excêntricas deslumbrantes e raras (também convém marcar previamente)
# o teleférico de Fuente Dé foi a minha vitória pessoal que tenho vertigens e o desnível de 750 metros ainda me tirou o sono. Valeu mesmo a pena!
# Monasterio de Santo Toribio de Liébana, lugar santo, apresenta o maior pedaço da cruz onde Cristo terá sido crucificado. Havia visita guiada, mas de teor religioso. Desistimos!
# Santa María de Lebeña, aqui apanhámos a guia mais simpática e bem informada de todos os sítios que visitámos
# Catedral de León, aqui vimos pela primeira vez uma informação em português: a pedir donativo para a manutenção da catedral...
# Catedral de Ciudad Rodrigo, o Portal do Perdão merece uma atenção especial

..:: meia-noite nos jardins do bem e do mal ::..

O silêncio é total. Há estrelas e luzes a piscar na serra em frente (da central eólica). Já todos apagaram as luzes, excepto o ti Manel que deve ter adormecido na cozinha. A noite tem uma frescura quase húmida. Talvez por causa da proximidade do rio. Um cão ladra. Apago o cigarro. Amanhã, Lisboa.

domingo, 5 de agosto de 2007

..:: encerramos para férias ::..

Nestes dias, houve arrumações, coisas que foram para o lixo, estantes novas, livros ordenados e arrumados. Tirámos pó, descobrimos objectos perdidos e outros inúteis. No meio disso tudo, apareceu-me um recado que a Kika me deixou numa ardósia que me deu há uns anos atrás: »Quanto maior é o grau de conhecimento, menor é o grau de felicidade! Aguenta-te!« E mais nada! Agora, aproveitando que metade do país adormeceu ou foi para a praia, vamos para fora. Sem computador, sem net, sem televisão nem jornais, sem outro contacto que não seja o telemóvel, sem areia nem praia, à deriva, com máquina fotográfica em riste, com calções, chinelos, t-shirts apertadas e muita vontade. Deixamo-vos imensas coisas para ver/ ler/ ouvir. Voltamos brevemente. Beijos aqui e ali e abraços apertados.

A Victoria a pensar nas férias dela.

..:: anda cá, ouve este ::.. IVRI LIDER

The Man I Love


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Bo (Let's)


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Bo (English Version) עברי לידר


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Ivri Lider, Jesse

..:: delírio puro ::..



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Alvaro Prado, Maldito Corazon

Maldito Corazon - Alvaro PradoColocado por jief75



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Tomboy, Ok 2B gay

OK 2B GAY - TOMBOY
Colocado por jief75


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American Idol, Angry Reaction

..:: artista da semana ::.. JOÃO VILHENA

Sei que nasceu em 1978, em Lisboa. Conheci-o através da Egoísta e da Umbigo. As fotos são soberbas.

© João Vilhena

Mais informações sobre João Vilhena aqui e aqui.

..:: quando formos grandes queremos ser assim ::.. Boris Vian

[10 de Março, 1920 – 23 de Junho, 1959]