Desfecho
Não tenho mais palavras.
Gastei-as todas a negar-te…
(Só a negar-te eu pudesse combater
O terror de ver
Em toda a parte).
Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinente
Do teu vulto calado
E paciente…
E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.
Fechado num ouriço de recusas,
Soltei a voz, arma que tu não usas,
Sempre silencioso na agressão.
Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia…
Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par da teimosia.
Miguel Torga »» "Câmara Ardente" in Poesia Completa »» Lisboa »» Dom Quixote»» 2000 »» pp. 636-7
Eu adoro Torga
ResponderEliminaradoro a verdade das suas palavras; só questiono o porquê deste poema aqui e agora?
Calhou???
Abraço.
Por vezes esforçamos-nos por esquecer o inesquecível, para calar a voz que há dentro de nós, para chamar o silêncio...
ResponderEliminarAbraço!
Poema mt real! Nao sei o significado dele aqui e agora, mas embora muitas vezes tentemos apagar e esquecer, cada vez mais me convenço que ha coisas impossiveis de esquecer, e portanto será melhor aproveitar o que elas nos dão! Se estão ali, nao é por causa do passado...estão ali para nos segurarem na caminhada para o futuro! O importante é "guardar só o que é bom de guardar", se algo mais tentar cá ficar presente, usemo-lo para evitar as mesmas coisas,elas serão o nosso aviso: PERIGO! ABISMO!
ResponderEliminarPara terminar, que tal abdicar da teimosia e em vez de esquecer... voltar a tentar?! Se for este o caso, pensa nisso...
Abraço
Torga é Torga.
ResponderEliminarE para não cair em lugar comum, fico-me por aqui e marco o meu regresso o teu blogue.
Um abraço peludo!
este é um dos meus poemas preferidos de Torga..
ResponderEliminarAdoro simplesmente!