sexta-feira, 30 de novembro de 2007

~~ presépio ~~

Este ano, infelizmente, não vai haver presépio:

Lamentamos, mas:

- Os Reis Magos lançaram uma OPA sobre a manjedoura e esta foi retirada do estábulo até decisão governamental;
- Os camelos estão no Governo;
- Os cordeirinhos estão tão magros e tão feios, que não podem ser exibidos;
- A vaca está louca e não se aguenta nas patas;
- O burro está na Escola Básica a dar aulas de substituição;
- Nossa Senhora e São José foram chamados à Escola Básica para avaliar o burro;
- O Menino Jesus está no Politeama em actividades de enriquecimento curricular e o tribunal de Coimbra ordenou a sua entrega imediata ao pai biológico;
- A estrelinha de Belém perdeu o brilho porque o Menino Jesus não tem tempo para olhar para ela;
- A ASAE fechou temporariamente o estábulo por falta da manjedoura e, sobretudo, até serem corrigidas as péssimas condições higieno-sanitárias do estábulo, de acordo com as normas da União Europeia.

~~ desporto nacional ~~

Pronto, Vanessa, não fiques triste. Aqui está a que mandaste hoje. Ah, e cuidado com os canibais. Como diz o outro "eles andem aí!"
O ministro de Relações Exteriores de uma república africana visita a Rússia, em viagem oficial. Depois de uma semana de visita, o seu homólogo russo disse-lhe:
-Espero que tenha desfrutado a estadia no nosso país, mas antes de terminar é costume que pratique o nosso jogo nacional.
-E qual é esse jogo?, pergunta o africano.
-Bem, é a roleta russa, claro.
-A roleta russa? Não conheço.
-É muito simples. O senhor apenas tem de apontar este revólver à sua cabeça e apertar o gatilho. No revólver há somente uma bala. Tem cinco possibilidades entre seis de sobreviver.
-E qual é a graça, ministro?, pergunta o africano.
-A adrenalina homem, a adrenalina!!!.
O ministro africano engole em seco, mas pensa para si: Sou herdeiro de uma tribo de valentes guerreiros e enfrentarei esta prova. O homem aperta o gatilho e... clic! Não se disparou nenhuma bala. Então, respira fundo e diz ao russo:
-Recordo-lhe que dentro de três meses terá que me retribuir a visita. Três meses depois, o ministro russo passa uma semana na pequena república africana e, no último dia, o seu homólogo disse-lhe:
-Espero que tenha apreciado a estadia no nosso país, mas antes de terminar a visita é costume que pratique o nosso jogo nacional.
-E qual é esse jogo?
-É a roleta africana, claro.
-A roleta africana? Não conheço. Em que consiste?
Conduzem-no a um aposento onde estão seis mulheres esculturais completamente nuas. O africano diz ao russo:
-A que você escolher, far-lhe-á sexo oral.
-Genial! Isto é magnífico, mas... onde está a adrenalina? - pergunta o ministro russo. O africano sorri e responde:
-Uma delas é canibal.

~~ intervalo 2 ~~

Pela mesma via chegou-nos este exercício que pode ajudar a explicar muita coisa.
Boa sorte!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

~~ intervalo 1 ~~

Esta chegou-nos via Mi Jay. Cá para mim, a tradição já não é o que era, mas...
Ser homem é:

- Sentir a dor física de uma bolada nos tomates;
- A tortura de ter de usar fato e gravata no Verão;
- O suplício de fazer a barba todos os dias;
- O desespero das cuecas apertadas;
- A loucura que é fingir indiferença diante de uma mulher sem soutien;
- A loucura de resistir olhar para umas pernas com uma mini-saia;
- Ir à praia e resistir olhar para aquele mulherão que está deitada ao lado;
- Viver sob o permanente risco de ter de andar à porrada;
- Vigiar o grelhador no churrasco ao fim de semana, enquanto todos se divertem;
- Ter sempre de resolver os problemas do carro;
- Ter de reparar na roupa nova dela;
- Ter de reparar que ela mudou de perfume;
- Ter de reparar que ela mudou a tinta do cabelo de Imedia 713 para 731 loiro/bege;
- Ter de reparar que ela cortou o cabelo, mesmo que seja só 1cm;
- Ter de jamais reparar que ela está com um pouco de celulite;
- Ter de jamais dizer que ela engordou, mesmo que seja a pura verdade;
- Desviar os olhos do decote da secretária, que se faz distraída e deixa a blusa desabotoada até ao umbigo;
- Ter a obrigação de ser um atleta sexual;
- Ter a suspeita de que ela, com todos aqueles suspiros e gemidos, só está a tentar incentivar-nos;
- Ouvir um NÃO, virar para o lado conformado e dormir, apesar da vontade de partir o quarto todo e fazer um escândalo;
- Ter de ouvi-la dizer que está sem roupa, quando o problema é onde colocar novos armários para guardar mais roupa;
- Ter de almoçar aos domingos na casa dos sogros, discutir política com aquele velho, tratar bem os sobrinhos, controlar-se para não olhar para o decote da irmã dela e não arrear um arraial de porrada ao irmão dela, sacana do caraças que vem sempre pedir dinheiro emprestado.


E a última:

- Entalar a gaita na porcaria do fecho. São duas dores... É o entalanço e depois abrir o fecho outra vez...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

..:: arte poética II ~~

Queria impor aqui alguma regularidade, mas, tal como me é impossível comentar tudo o que leio ou responder a todos os comentários, vou escrevendo e postando o que consigo e o Zé vai dando uma ajuda. Também começo a perder a noção de todas as referências feitas aqui ao felizes juntos e como não domino estas coisas dos referrals, espero que me perdoem as que falhar. Digo isto porque gosto de retribuir e não quero que pensem que ignoro o que sobre nós dizem ou o que nos dizem. Afinal, lá percebi que os comentários são uma excelente forma de chegar a outros destinos e tenho descoberto lugares incríveis, gente muito interessante e simpática. Mais: responder aos comentários constitui uma forma de retribuição, criando uma espécie de diálogo (graças, sobretudo, e para quem está no blogspot, à opção “Email follow-up comments to...” – recebe-se no email todos os comentários posteriores ao vosso).

Acabo por não cumprir o que tinha previsto aqui. Bom, as regras são para serem quebradas e acabamos por partilhar “coisas” muito díspares, mas espero que tenham algum tipo de interesse. Constato ainda que não é fácil para todos carregarem a página, mas, como já disse, espero que valha a pena. Na essência, não tenho alterado muito do formato e poderei vir a alterá-lo, mas simplificá-lo parece-me quase impossível, sobretudo para mim que gosto de complexificar.

E depois disto, só me resta dizer que vou meter umas duas semanas de férias (quiçá três) de blogue, porei aqui algumas coisas para encher chouriços e mudarei a música. Na verdade, estou como o Brama: cansado, o trabalho exige mais e como não sou omnipotente nem nada... voltarei brevemente. Beijos e abraços


© 2007 paulo eme (sol original que serviu de base à imagem no cabeçalho)

..:: Jason & deMarco: this is love ::..



[roubado do GayClic]

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

~~ importa-se de corrigir, s.f.f. ~~

Há coisas que nos deixam em estado de choque. Esta é uma delas. O meu menino está a corrigir testes e temos dado umas gargalhadas boas. Perante esta, ficou tão chocado que não teve coragem de dizer nada. Pudera! Resta dizer que este aluno tem 16 ou 17 anos e que o exercício foi retirado de um manual do 8º ano. Leiam, se conseguirem, e enviem-nos sugestões de correcção. Cá por mim, fico-me pelo traço vermelho (bem grosso) e um ponto de interrogação.

PS. Srª Ministra, vê no que dão os seus devaneios?

..:: Cesariny, um ano depois ::..

Há precisamente um ano. Não gostei nada da notícia, embora não fosse propriamente uma novidade inesperada.
Na primeira aula que dei depois da sua partida, fiz um pouco de teatro: não cumprimentei os alunos como habitualmente e não segui os procedimentos comuns. Eles perceberam que havia algo. Escrevi o poema no quadro em caligrafia gigante:

Queria de ti um país de bondade e ternura,
Queria de ti um mar de uma rosa de espuma.


Por baixo:
Mário Cesariny
9 de Agosto de 1923
26 de Novembro de 2006

Lembravam-se de terem visto nas notícias, mas nunca tinham lido nada. Pus então a música com a voz desdentada do poeta (chegou a altura de accionarem o play do leitor aqui em baixo, sim isto hoje não é automático!):


Depois, ainda li mais uns dois ou três poemas e passei-lhes os livros que tenho dele com alguns poemas estrategicamente assinalados (incluindo o famoso que alude às preferências de Álvaro de Campos).

Tentei perceber o que sabiam dele: achavam que tinha sido largamente reconhecido. Desfiz-lhes essa ideia, falei de algumas vicissitudes e da falta de reconhecimento, inclusive (e sobretudo) devido à sua orientação sexual que nunca mascarou. Houve um murmurinho que foi muito breve.
Tinham sido comovidos e eu tinha, portanto, ganho o dia.

..:: palavras que nos salvam muitas vezes ::.. Mário Cesariny

De profundis amamus


Ontem às onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza própria

Andámos
dez quilómetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro
os porteiros
é da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteiros

Olha
como só tu sabes olhar
a rua os costumes
O Público
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
é há quatro mil pessoas interessadas
nisso

Não faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso


Mário Cesariny »» Pena Capital »» 3ª edição »» Assírio & Alvim »» 2004 »» pp. 19-20

..:: palavras que nos salvam muitas vezes ::.. Mário Cesariny

poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco


Mário Cesariny »» Pena Capital »» 3ª edição »» Assírio & Alvim »» 2004 »» p. 30

domingo, 25 de novembro de 2007

..:: artista da semana ::.. MÁRIO CESARINY

Mário Cesariny de Vasconcelos
[Lisboa, 9 de Agosto, 1923 † Lisboa, 26 de Novembro, 2006]


Registo sonoro da última entrevista ao Sol »»
DGLB »»
Wikipédia »»
Blog dedicado ao artista »»


Frontispício de O Virgem Negra (1989)


© Mário Cesariny, Figuras de sopro, 1947


© Mário Cesariny, O Operário, 1947


© Mário Cesariny, Naniôra - uma e duas, 1960


© Mário Cesariny, Sem título, 1951


© Mário Cesariny, Sem título, 1996


© Mário Cesariny, Serigrafia, 1997


© Mário Cesariny


© Mário Cesariny


© Mário Cesariny


© Mário Cesariny


© Mário Cesariny (imagem do filme-documentário Autografia de Miguel Gonçalves Mendes)


© Mário Cesariny

..:: how open minded are you? ::..

You Are 84% Open Minded

You are so open minded that your brain may have fallen out!
Well, not really. But you may be confused on where you stand.
You don't have a judgemental bone in your body, and you're very accepting.
You enjoy the best of every life philosophy, even if you sometimes contradict yourself.

sábado, 24 de novembro de 2007

..:: história devida ::..

Hoje, a HISTÓRIA DEVIDA comemorou dois anos no café do Tivoli. Foi bom termos lá ido ouvir o Nuno Artur Silva, a Inês Fonseca Santos, o Miguel Guilherme, o Rui Morrison e o Diogo Dória. Falaram da experiência e leram algumas histórias. Até deu para comover. Há ainda o blogue para ir acompanhando o programa. Sei que a Denise já teve a experiência de ter lida e publicada uma história sua. Eu ainda vou pensar no assunto. Pensem vocês também!

Já agora, ouçam "Sangue, suor e lágrimas" de Patrícia Grade, lida por Miguel Guilherme.

"Porque toda a gente tem uma história para contar..."

..:: Pascoaes e a fisionomia das palavras ::..

A propósito do acordo ortográfico, lembrei-me que há quase um século, Pascoaes publicou um texto n'A Águia absolutamente genial porque combina a sua perspectiva saudosista e poética. Parece-me um excelente critério seguir a biologia ou a estética das palavras por tão objectivo e científico que é. Atenção: eu gosto muito de Pascoaes, mas este texto é tão, mas tão datado que só me faz rir. Vejam estes excertos que escolhi do tal artigo chamado "A fisionomia das palavras"*

(…)
É realmente necessário estabelecer-se uma Ortografia definida, que faça a harmonia neste caos ortográfico em que se encontra a nossa língua.
Alguns escritores, que têm tratado deste assunto, obedecem a um critério puramente etimológico, quando é certo que a ascendência da maior parte das palavras, é tão vaga e nublosa como a ascendência da maior parte dos homens; outros, obcecados por uma ideia simplista, querem que se escreva exactamente como se lê; outros ainda, seguem este critério, embora dum modo menos radical.
Sigamos nós outro critério, dentro da concepção moderna da Natureza e da Vida: - Um critério biológico e estético.
Partamos do princípio, hoje indiscutível, de que as Línguas são organismos vivos, porque observamos nelas os fenómenos que caracterizam o que vive; assim, as palavras nascem, transformam-se, envelhecem e morrem.
(…)
b) Não simplificar a forma gráfica das palavras que encerrem um sentido profundo, abstracto e misterioso.
Vejamos, por exemplo, a palavra Peccado: escrevendo-se com um c como apenas, o sentido íntimo desta palavra, altera-se imediatamente, e quebra-se a relação de harmonia entre o seu corpo e a sua alma, o que é uma ofensa aos princípios da Biologia da Estética.
Olhemos a palavra escrita das duas maneiras – Peccado e Pecado: logo ressalta aos olhos o enigma penal que os dois cc revelam e que esta palavra, na verdade, contém, querendo traduzir o acto que ofende as misteriosas leis divinas. Nos dois cc existe, por assim dizer, a própria criminalidade da palavra.
Deve escrever-se, pelos mesmos motivos, afflicto e não aflito, bocca e não boca, espectro e não espetro, occulto e não oculto, etc., etc.
Todavia, palavras há que têm um sentido misterioso e se escrevem como se pronunciam, o que não quer dizer que a sua forma gráfica contradiga o seu espírito. Nestas palavras, a verdadeira harmonia existe entre o seu sentido e a sua expressão sónica. Por exemplo, nevoeiro; o sebastianismo da palavra está na surdez das suas primeiras sílabas e no prolongamento mais alto e nubloso da terminação.
Na palavra luar, a ideia que traduz, casa-se perfeitamente com a primeira sílaba muda e a segunda sílaba aberta; aquela é feita de sombra, esta é feita de luz; reunidas dão realmente a luz difusa, o luar
(...)

Quanto ao emprego do y, atendendo sempre às regras expostas, deve desaparecer de quase todas as palavras portuguesas, e introduzir-se novamente na palavra lagryma e derivados. Na palavra mistério, por exemplo, a subsituição do y pela i latino aumenta a sua beleza gráfica e em nada altera o seu sentido, pelas razões apresentadas quando nos referimos a luar, saudade e nevoeiro.
Na palavra lagryma, não se dá o mesmo; a forma do y é lacrymal; estabelece, por conseguinte, a harmonia entre a sua expressão gráfica ou plástica e a sua expressão psicológica; substituir-lhe o y pelo i é ofender as regras da Estética.
Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mistério... Escrevê-la com i latino é fechar a boca do abismo, é transformá-lo numa superfície banal.
Vejamos agora o emprego do h na palavra homem, por exemplo. Tirem-lhe o h, como tantos Herodes das palavras inocentes têm feito, e fica uma palavra horrivelmente mutilada! Faz-me lembrar um homem sem nariz, sem orelhas, ou sem pernas!
Além disso, o h dá graficamente o enigma humano. Arrancá-lo a esta palavra, é um atentado contra a Vida e a Beleza!
E assim no verbo haver, o h traduz o enigma da Existência, e nas palavras hontem, hora, hoje, o enigma do Tempo…
Mas o h deve desaparecer nas palavras como a palavra erva, cujo sentido é simples e concreto.
(...)
Por isso é preferível deixá-lo ir caindo, pela própria acção do tempo, nesta e naquela palavra, como aconteceu às palavras um, é, etc., salvo quando não seja 1etra inicial.
Quanto ao ph, th, deve observar-se o mesmo. .
A palavra Phantasma, por exemplo, escrita com F perde todo o seu aspecto espectral e misterioso; Theologia escrita só com T, perde o seu sinal de transcendência divina.
Mas já não acontece o mesmo nas palavras Teatro, Fotografia, etc., etc.; aquelas são complexas e profundas, estas são simples e claras.
(…)

Teixeira de Pascoaes »» A Saudade e o Saudosismo »» compilação, introdução, fixação de texto e notas de Pinharanda Gomes »» Assírio & Alvim »» 1988 »» pp. 15-18.

* In
A Águia ano 1, I.ª série, n.º 5 (1 Fevereiro 1911), pp. 7-8.

..:: afirmações surreais ::..

The TalesMaker tinha-nos desafiado há que séculos para respondermos a um desafio que envolvia 5 afirmações surreais.
Com o tempo a passar e a ausência dele para grandes delongas, eis que finalmente, respondo, embora (e para não variar) com uma variação: escolhi frases que encontrei por aí, nas paredes, nas paragens do bus, nas portas de WCs:

1) Fazer a guerra para conseguir a paz é como foder para conseguir a virgindade (numa casa de banho da FLUL).

2) Mais vale fazer um aborto que nascer-se aborto (numa parede).

3) Se os portugueses fossem luz, preferia viver no escuro (numa paragem de bus).

4) Se o esperma fosse luz, o cu dos portugueses era uma discoteca (também numa paragem de bus e que já tinha posto aqui).

5) As crianças são naturalmente boas e ingénuas (só esta é criação minha).


Pronto, não sei se serão surreais, mas acho que têm piada (até as 3 e 4, claramente xenófobas, mas é preciso ter alguma auto-ironia).

..:: eskimo : 2.º concurso de histórias em formato t-zero ::..



No blogue Uma imensa minoria, o eskimo está a promover um concurso (o 2º) de "histórias em formato t-zero [que] decorrerá entre 1 e 30 de Novembro de 2007 e ficará subordinado ao tema 'primeira vez'". O regulamento está aqui. Vá, puxem pela criatividade.

..:: venha mais uma ::..

No hospital, diz o médico:
- O senhor é o dador de sangue?
- Não, eu sou o da dor de cabeça!

*****

Uma mulher entra numa loja de roupa e pergunta:
- Vendem camisas de noite?
- Não, de noite estamos fechados...

*****

Vai um velhote na auto-estrada quando a mulher lhe liga.
- Sim?
- Olha, querido, tem cuidado! Deu agora nas notícias que na auto-estrada vai um carro em sentido contrário!
- Um? Eles são às dezenas!

*****
Dois miúdos estão a conversar:
- O que é que o teu pai faz?
- É advogado.
- Sério?
- Não, um dos normais.

*****

Vai um casal a passar por um poço dos desejos.
O homem atira uma moeda lá para baixo e pede um desejo.
A mulher atira uma moeda lá para baixo, mas debruça-se demais, perde o equilíbrio e cai.
Diz o homem:
- Ena, e não é que resulta mesmo?

*****

O avião contacta a torre:
- Torre, aqui Cessna 1325, piloto estudante, estou sem combustível.
Na torre, todos os mecanismos de emergência são accionados, todas as pessoas ficam atentas e já ninguém tem sequer uma chávena de café na mão.
O suor corre em algumas faces e o controlador responde ao piloto:
- Roger, Cessna 1325. Reduza velocidade para planar. Tem contacto visual com a pista?
- Er... quer dizer... eu estou na pista... estou à espera que me venham atestar o depósito...

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

..:: corrente d'ar ::..

Uma grande amiga, também professora, mandou-me este email e parece-me adequado, visto que o final do 1º período está quase e as avaliações dos professores também. Deixo-o aqui como o recebi e está a apetecer-me aplicar isto com muito rigor e seriedade.


Nas avaliações do 1º período, vou seguir o exemplo da Ministra...

Seguindo o exemplo da desgovernada que se diz ministra da educação, vou estabelecer quotas nas notas já do primeiro período. Assim: 5% para o Excelente e 10% para o Satisfaz Bastante. Se no resto da turma tiver mais alunos com avaliações destes níveis, paciência, ficam com Satisfaz.
Assim promovo o mérito dos alunos. Se os pais se sentirem revoltados que se queixem à ministra. Se é bom estabelecer cotas para os professores, deve ser excelente para os alunos. Atenção que também tenho uma filha na escola.
Espero que os professores dela adoptem a mesma medida. Direitos iguais para todos.


in Público online
João Paulo Silva

..:: delírio puro ::..

Profissão: Puta
Profissão dos familiares: Professores
Frase a reter: "Na política, já estão os meus filhos!"

..:: parabéns ::.. Lina



Gostava de estar contigo hoje para te conhecer as cores, mas acho que as adivinho mesmo a milhas de distância. Basicamente, nada de novo: longe, sozinha, resmungona, mal paga, em trabalho quase de missão. Invejo a tua força, mas só isso. De resto, como sempre te disse, não carregas o sofrimento do mundo, não és a única perturbada com o destino (e sabes do que falo). A família complicada, cheia de figuras com existências tão complicadas… tens de viver a tua vida e não a deles, linda, sob pena de nunca te achares.
Esperava que a experiência de Luanda te fizesse mais resistente, forte, imune, todavia, ao fim de 4 anos, acho que ficaste mais ácida e dorida. Sei como a falta de estabilidade emocional e profissional te desestabiliza; já sabes, também, que gostava de ter a panaceia para aliviar todas as tuas dores. Acredito que o teu príncipe encantado há-de chegar. Sim, não era eu: nos remotos anos da faculdade, tive que to frisar antes que me saltasses em cima ☺. Lembras-te? Lembras-te das tuas dúvidas e de como tive de te dizer que no meu campo de interesses não havia espaço para gajas e que nutria por ti uma admiração, amizade e compreensão sinceras? Ficámos amigos à custa disso, trocámos correspondência, dedicaste-me poemas, partilhámos casa e, às vezes, a cama nos dias de frio. Acabei por sair para partilhar ainda mais a minha vida com o Zé, o que te provocou um terramoto que ainda não terminou e só se extinguirá quando o coração parar de procurar. Mas pudeste conhecer a Lúcia, por exemplo e tiveste outros ganhos.
Desejo tanto a tua felicidade quanto sei que desejas a minha e do Zé, minha irmã, que é isso que somos (mesmo com o terramoto que se instalou entre nós). A relação não se extinguirá. Jamais! Digo isto para que não tenhas dúvidas, ok! A casa continua aberta para te receber com o mesmo entusiasmo. E já sabes que eu consigo ser duro com a lamechice, portanto, cuidado, mas acho que com o Zé até já consigo ser mais paciente para os outros, tu incluída. Quantas vezes não fui cáustico contigo? Espero que me desculpes, mais uma vez, e não te esqueças que continuo a achar o máximo o teu vocabulário peculiar com acento transmontano, povoado de asneiras que eram (ainda são) uma delícia, mas que me fizeram corar muitas vezes. Já só me lembro de reco, zorra, cochino, o que é pena, mas é assim a minha memória oca.
Pronto, que tenhas um excelente dia, mesmo no fim do mundo! Aqui o monstro barbudo e seu gajo mandam-te milhões de beijos e abraços, pequenina gorda!


P.S. 1: Todas as minhas palavras foram subscritas pelo Zé!

P.S. 2: Era evitável, eu sei, mas a música que hoje aqui toca é para ti; o poema dedicado à mãe com a voz do próprio Herberto Helder, teu co-aniversariante, também.

..:: palavras que nos salvam muitas vezes ::.. Herberto Helder

Para a Lina

Fonte
II

No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e órgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São
silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos, porque
os filhos estão como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudeza de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível
amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.


Herberto Helder [23 de Novembro de 1930] »» Ou o Poema Contínuo (Assírio & Alvim) »» pp. 47-48

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

~~pais? ~~

Já não há pais como antigamente. Esta pérola foi-nos enviada por um "cyberamigo". Não me parece necessário comentar. Todavia, veio-me à memória o adágio popular que diz "lavar a cabeça a porcos é perder o tempo e o sabão".
Conselho a esta mãe extremosa: "Minha querida, por que não pensou nessa coisa do tempo antes de fazer a criança?"

No mesmo "saco", pode enfiar-se aquela que ontem, no Jornal da Noite da SIC, se mostrava orgulhosa por a filha se ter atirado à Professora que aplicou um estalo à filha depois de esta a ter agredido. Para cúmulo, a angélica criatura afirmou peremptoriamente à jornalista não estar arrependida. Com mãezinhas assim...

..:: struggle for pleasure ::..

O belga Wim Mertens é um dos meus preferidos de sempre. Foi com ele que o descobri, entre muitas outras coisas positivas que não consigo nem posso negar (e, pronto, afinal nem tudo foi medonho). Na verdade, antes de saber o que era, já gostava de música minimal: Michael Nyman, Philip Glass, Ryuichi Sakamoto, Rodrigo Leão, Moby, Sigur Rós, Corvos e muitos outros de que não me recordo agora. É tudo gente que devem conhecer a rodos, mas mesmo assim vou pondo aqui a rodar. A seguir será Rodrigo Leão.

..:: felicidade ::..

Continuo a falar do alto do meu egoísmo.
Nos últimos dias, tenho dado comigo a pensar nisso que é a felicidade, em como a definir. Esta inquietação vem, em parte, na sequência dos sonhos que eu e outros temos relatado. Não é uma novidade apanhar-me a pensar nisso, mas hoje veio novamente e em força. Para mim, a felicidade sempre passou pela realização profissional, emocional, pela gestão do habitual pouco dinheiro, pelas relações com os outros. Afinal, acho que sim: sempre tenho conseguido trabalho aqui e ali, mas a instabilidade e o ordenado irrisório desmotivam-me: sempre tive o problema de gerir dinheiro e isso preocupa-me muito. Demasiado.
Depois, penso na vida e na sensação de insatisfação permanente, estúpida e quase absurda. Porquê? Nunca me percebi neste ponto: mesmo nos momentos mais felizes, consigo imaginar o pior. Apesar do pessimismo que me caracteriza, acho que consigo arranjar alguma confiança e optimismo e tento disfarçar com a máscara do sorriso viçoso, como me disse ontem uma colega.
Depois, ainda, penso no Zé, no que vamos construindo juntos e tão bem. Nem tudo é perfeito, mas a felicidade e completude que ele me dá ultrapassa o que antes não esperava poder encontrar. Conjugamo-nos bem, já o tinha dito anteriormente, e isso deixa-me radiante, afinal após este tempo todo, continuo a desejá-lo, a ter saudades, a sentir a falta dos beijos quando está fora, dos abraços apertados, da partilha do dia e da noite, da cama, das brincadeiras tão surpreendemente infantis e inusitadas, das coisas em comum e das em desalinho.
Também já o tinha escrito (como me repito!): não me imagino sem ele. Tem sido uma construção diária e nem sempre foi assim. Por alto, acho que nos chateámos duas vezes (uma nos primórdios e outra já aqui em casa por causa de comida). Nada que não se resolvesse. Arrufos? Alguns, mas nem merecem menção de tão ridículos que foram. Eu sou ridículo e pronto. Tento ser melhor, às vezes esqueço-me.
Constato, por fim, que ninguém antes me percebeu tão bem e nunca ninguém me desarmou e desarma como o Zé, tão rápida e eficazmente, o que faz com que me renda de imediato.


P.S. Repararam no silêncio por estas bandas? Espero que sim, o motivo é nobre (ou nem por isso), deixa-me sem tempo para existências virtuais, e não me deixa comentar nada nem responder a ninguém (que novidade, nestes dias… mas espero redimir-me amanhã e no fim-de-semana, ok!). Tal como o Brama e o Graduated Fool, escrevo isto submerso em testes, uns que pus a marinar quase duas semanas por falta de ânimo. Que miséria: acho que não consigo fazer enunciados mais fáceis e mesmo assim os resultados são uma merda total e pegada, onde pouco, pouquíssimo se salva. Aquelas cabecinhas não-pensadoras entraram em combustão espontânea. Amanhã, ouvirão das boas.

..:: estes dias ::..

A isto que sinto não se chama nem preguiça nem letargia, mas acédia virtual (também gosto de adinamia).

..:: what dreams may come ::..


Filme e Struggle for Pleasure de Wim Mertens

..:: estes dias ::..

estou sem tempo para existir

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

..:: é esta uma deputada? ::..

Vimos na Sic e ficámos atónitos: Iris Varela é o máximo, deputada e apoiante de Hugo Chávez.

..:: oh não, mais uma! ::..

Mais uma para acrescentar ao rol de pérolas dos últimos dias: uma campanha de uma cerveja dirigida ao orgulho hetero. Haja paciência (a que me escasseia nos últimos tempos) e, como diz o Tiago, puta que os pariu.

..:: os dias ::..

Do que o Will fala não é novidade, nada de que me admire muito mesmo nos dias que correm, mas lê-lo fez com que ficasse triste e que vá dormir apertado, ainda por cima sozinho :(
E se um dia acontecer comigo? Ou com o Zé? Ou com alguma das nossas amigas ou com algum dos nossos amigos? E se for com um estranho é simplesmente mais cómodo, é isso?
Passem pelo Looking for Grace, mais não seja para ouvir as Celtic Women.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

..:: les mystérieuses cités d'or ::..

Em voo directo e muito nostálgico para o passado:


A culpa foi do Hydrargirum! Ainda por cima fiquei com vontade de voar. Cadé o condor?


..:: definitivamente ::..

..:: porque a ignorância mata ::..



Vi no blogue Loucos de Lisboa e não resisti.

..:: venha mais uma ::..

A Vanessa é linda, mandou-nos isto com certeza a querer dizer que temos de fazer menos exercício e mais sexo... espero que não seja uma indirecta! Além disso, com todos os adereços femininos...
QUECA versus DIETA
COMO MANTER A FORMA

QUEM PRECISA DE GINÁSIOS AFINAL?!

Faça sexo e perca peso...

Sexo é a maneira mais eficaz de perder peso...
Veja quantas calorias pode perder durante uma "queca"...


TIRAR A ROUPA

Com o consentimento dela
Sem o consentimento dela

10 Cal
190 Cal

ABRIR O SOUTIEN

Com as duas mãos
Com uma mão
Com uma mão e sendo espancado por ela

8 Cal
32 Cal
107 Cal

COLOCAR O PRESERVATIVO

Com erecção
Sem erecção

6 Cal
644 Cal

NA HORA DOS PRELIMINARES

Tentando encontrar o clitóris
Tentando encontrar o ponto G
Tentando virá-la para uma anal

12 Cal
13 Cal
348 Cal

POSIÇÕES

Papá-Mamã
Frango assado de perna aberta
Cavalgada
69 deitado
69 em pé

12 Cal
20 Cal
89 Cal
10 Cal
912 Cal

APÓS O ORGASMO

Ficar na cama abraçados
Virar para o lado e adormecer
Explicar ao(à) parceiro(a) porque se virou para o lado

18 Cal
36 Cal
814 Cal

TENTANDO DAR A SEGUNDA

se tem de 16 a 19 anos
se tem de 20 a 29 anos
se tem de 30 a 39 anos
se tem de 40 a 49 anos
se tem de 50 a 59 anos
acima de 60 anos

12 Cal
38 Cal
112 Cal
326 Cal
973 Cal
2.926 Cal

VESTIR A ROUPA

Vestindo-se calmamente
Com pressa para desaparecer
Com o marido/namorado batendo à porta

32 Cal
96 Cal
2.438 Cal

EVITE O GINÁSIO!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

..:: porque A IGNORÂNCIA MATA ::..

Soube pelo André que há já um petição a propósito do chefe de cozinha despedido pelo facto de ser VIH positivo. A assinar, portanto.

..:: 2007-Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos ::..

No encerramento do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, afinal parece que não há lugar para todos. Quando ouvi a notícia de manhã, indignei-me: Relação de Lisboa dá razão a hotel que despediu cozinheiro com HIV. Caramba, mas estamos mesmo no Século XXI?

..:: damn queer! ::..

Vejam esta declaração da Anabela: "sair do armário textual", melhor, audiovisual. Faltam vozes explícitas? Claro que faltam, ambos achamos que sim. Da parte das meninas, então...

domingo, 18 de novembro de 2007

..:: dreams ::..

Vou responder ao desafio do Special K, n'O Melhor dos Dois Mundos e que envolve os sonhos. As regras estão lá no blogue e o quadro que o Special K escolheu, de John Jude Palencar, é fantástico.
1) Nunca foi muito arrojado nos sonhos porque aprendi desde cedo que não tinha espaço para sonhar demais. Neste momento, os meus envolvem o Zé, é óbvio e têm que ver com um projecto de vida em comum. O cenário: Barcelona, no Eixample, nomeadamente, no Passeig di Gràcia (mas Veneza também servia). Numa casa enorme, com espaço para nós, gatos, cães, três filhos (adoptados e cada um de sua proveniência - comentário do Zé: trêssss?) e muitas visitas; não precisar de trabalhar (viver de rendimentos), mas aprender a fotografar e a pintar e a desenhar como deve ser e expor com regularidade (o meu sonho era ser artista plástico e não professor!!!) e fazer 5 viagens por ano a destinos remotos, começando pela América do Sul. Além disso, poder oferecer uma casa perto de mim aos meus irmãos e aos meus amigos todos.

Passo a bola aos seguintes:
Hydrargirum »» Υδράργυρος
TheTalesMaker »» The TalesMaker
Brama »» LavaFlow
C »» Sexual_Feeling
Bruno e Miguel »» H2omens



Mas há a outra espécie de sonhos (e o que se segue é um extra): a maior parte das vezes não me lembro deles e tive várias fases. O cenário é quase sempre o do campo, onde cresci, com muitas montanhas, portanto, e raramente é urbano. Normalmente, caminho, mas os mais interessantes são quando voo desmesuradamente, o que é bastante frequente, ou para fugir ou tão-só porque me apetece. Tive uma fase em que tinha muitos pesadelos e, nessa altura, aprendi a cortar o episódio antes da desgraça total. Raramente sonho com os meus mortos, mas também já me aconteceu. Já sonhei com pessoas que conheci ou vi posteriormente, o que me pareceu muito bizarro. Também já sonhei com Jesus e com anjos. Tive os sonhos molhados, eróticos, às vezes, hardcore mesmo, por sinal, sempre muito mais além da realidade. O que vou relatar aqui pode inserir-se neste âmbito e lembro-me dele porque foi estranhíssimo e nunca mais me esqueci dele. Não me lembro quando foi que o tive, mas já foi há muito tempo, durou segundos e terminou para grande espanto meu em branco sobre a barriga:
Num ambiente desértico, depois de um incêndio e água, o chão está quase lamacento, pantanoso, há arbustos queimados erguidos à minha volta. Do solo, eleva-se uma onda de luz que se enrola no meu corpo nu, subindo em espiral. Eu sem perceber o que é, assustado, não me movo. Quando chega à cabeça, expludo e acordo.

..:: prémios ::..

The

Awarded by Pythea to Felizes Juntos

..:: as cores do passado ::.. Manuela

Tinha o texto sobre a Manuela guardado para outra ocasião. Mas graças ao comentário que o Taralhouco Anónimo me deixou aqui, cheguei ao seu blogue e, mais concretamente, ao texto "Sobre a homofobia". Portanto, parece-me um bom momento para deixar o meu testemunho em como até tentei ser hetero, mas debalde: percebi, afinal, que não tinha nada para curar, corrigir ou sarar, só tinha de assumir o que desde há muito me atormentava, perceber-me e seguir em frente. Ah, mas não foi nada fácil, nada mesmo, mas sobrevivi (tenho sobrevivido).

A morte (o passado), o horror e a dor (do confronto com a realidade)
Fotografia minha de um pormenor do Compianto sul Cristo morto de Niccolò dell'Arca (Séc. XV), em Bolonha, Igreja de Sta Maria della Vita
(outras fotos e informações aqui)


*****

Francófona, a Manuela dizia um chorrilho de asneiras em francês, o que era imensamente chique. Palavrões em francês sabem a chocolate com pimenta. Quem não achava piada nenhuma eram as minhas colegas e amigas: a Inês corava, a Diana em choque sem se admirar com nada, a Lina respondia à letra mas em português com sotaque transmontano com mirandês à mistura, a Vânia nem respondia, a Giana afastava-se. Era o delírio. O nosso namoro começou porque ela me deve ter achado graça e eu ainda vivia no limbo. De um desafio dela, começámos. Sempre resistiu às minhas investidas e evitava-me quando o assunto resvalava. Ao fim e ao cabo, acho que ainda lhe dei alguma paz e auto-estima (pelo menos satisfaz-me pensar isso).
No Verão de 95, vi um filme decisivo na Cinemateca. Sinceramente, não posso dizer a certeza, mas acho que foi Querelle (para variar não consigo encontrar nada que o prove).
Quando regressámos do Verão, tive a certeza de que ela não tinha percebido nada da carta que lhe tinha enviado. Fiquei desiludido, mas acabei na mesma. Ela quis saber as razões, como não lhas dei, não me falou mais. Julgava ela que o motivo radicava na sua negação ao sexo; para mim, mandar-lhe um texto escrito em papel com gajos nus e com erecções descomunais era a exposição do óbvio.
Por essa altura, a Joãzinha ainda sofreu um bocado porque a Manuela resolveu persegui-la por achar que eu a tinha trocado pela Joãozinha. Oh, como há gente cega! Meses depois, veio até mim e disse-me que tinha percebido tudo. Ok, finalmente e escreveu-me um texto onde dizia que eu beijava mal e mais não sei quê. Paciência. Soube ainda que, depois de tanto teatro, ela gostava mesmo era de mulheres (provavelmente, sempre tinha gostado). Fez-se-me luz e tive a certeza: cruzámo-nos para tirarmos dúvidas, termos a certeza de que não era aquilo que queríamos e assumirmos sem traumas. Missão cumprida. Até acho que foi muito pacífico. Só lamento não ter experimentado o que, posteriormente, não voltei a querer experimentar.

"Each man kills the thing he loves" e uma montagem a partir de várias cenas célebres de Querelle


..:: gato e hamster ::..

Enviado pelo Nuno e para quem percebe japonês. Ângelo, faz lá uma traduçãozita...

..:: artista da semana ::.. HUNDERTWASSER

Friedrich Stowasser
ou
Friedensreich Hundertwasser
[Viena, 15 de Dezembro, 1928 † 19 de Fevereiro, 2000]


15 de Abril, 1997


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© Hundertwasser, All Ear, 1997


© Hundertwasser, Good Morning City Bleeding Town, 1970-71


© Hundertwasser, City View, 1999


© Hundertwasser, Nights Homo Humus Come Va How Do You Do, 1982-83


© Hundertwasser


© Hundertwasser




© Hundertwasser, Hundertwasser Haus, Wien


© Hundertwasser, St. Barbara Kirche, Bärnbach


© Hundertwasser


© Hundertwasser


© Hundertwasser


© Hundertwasser, Termas em Blumau