O latim é uma língua riquíssima, mas morta (o Vaticano já não conta), embora capaz de fazer alterar a forma de raciocínio de tão complexa que é. Em tons de gozo comedido, dizíamos que para uma regra havia dúzias de excepções e excepções às excepções, pois raras são as regras que não têm excepções (e quando apareciam, apetecia fazer uma festa). Claro que nem toda a gente romana falava ou percebia o latim clássico (literário), usavam, sim, o latim vulgar do qual nos chegou a maior parte do nosso vocabulário (aproximadamente 80%, e o inglês tem quase tantas palavras de latim quanto das Langues d'oïl e só depois do germânico, graças às constantes investidas normandas sobre os anglos e saxões).
Pois bem, um absurdo: coisa.
Coisa em latim diz-se res, rei (res publica, de onde vem república, significa literalmente «a coisa pública»). Ensinou-nos o professor de latim (que era padre), ainda no secundário em Castelo Branco, que mandar «alguém ad rem» é mandar esse mesmo alguém para a coisa. Faz sentido. Agora, leiam a expressão latina ao contrário, invertendo a ordem das letras. Faz mais sentido ainda. Oportunamente, lembrei-me da expressão e apetece-me lançar uma pergunta retórica: senhores deputados da nação defensores da moral e que não vislumbramoportunidade oportunismo para diluir uma injustiça social, e se fossem todos ad rem? Que tal, hein? Provavelmente, ainda é pouco perante esta notícia tão auspiciosa...
Pois bem, um absurdo: coisa.
Coisa em latim diz-se res, rei (res publica, de onde vem república, significa literalmente «a coisa pública»). Ensinou-nos o professor de latim (que era padre), ainda no secundário em Castelo Branco, que mandar «alguém ad rem» é mandar esse mesmo alguém para a coisa. Faz sentido. Agora, leiam a expressão latina ao contrário, invertendo a ordem das letras. Faz mais sentido ainda. Oportunamente, lembrei-me da expressão e apetece-me lançar uma pergunta retórica: senhores deputados da nação defensores da moral e que não vislumbram
Pois, como e diz na minha terra, que vao e nao voltem... mas nada que me surpreenda.
ResponderEliminar(gostei de saber a etimologia de republica, nao fazia a minima ideia)
Abraco
;) gostei imenso deste post, como de muitos outros teus por aqui. Maneira culta, educada de mostrares a tua revolta com a situação. Fizeste-me lembrar os tempos em que tentava ser realmente bom em Latim (só os três anos do secundário, nos outros dois era só para despachar). Acredita, melhores dias te virão, tenho a certeza!
ResponderEliminarAbraço
Bendita seja a lingua latina...rem está no acusativo;-) é...adoro latim, todos deviam ter as noções básicas...especialmente professores...
ResponderEliminarmandar todos ad rem...é algo que vou usar ahaha
já agora, meninos, uma adenda: como notou o Emanuel, «rem» está no acusativo por causa da preposição que assim o exige. e já agora, a preposição indica movimento para dentro; neste caso, quer dizer mesmo para dentro da «coisa»; enquanto que «in» significa somente lugar onde (com acusativo) ou movimento para junto de de (sem introdução | com ablativo). não é lindo?
ResponderEliminarSantinho e as melhoras do olho!
ResponderEliminarO que sempre disseram que o importante é "lavar sempre as mãos, depois..." ;)
Ablativo... me-du... faz-me sempre lembrar circuncisão :)
Mas gostei da posta...
Eu gosto muito de etimologia, mas prefiro Häagen Dazs!
Abraços!
Paulo
ResponderEliminarnão preciso de reafirmar que teria gosto em ver a lei passar; isso não aconteceu, como aliás já se sabia, infelizmente. Não quero tomar posições partidárias, pois elas tomam-se no momento próprio, que é nas elaições; cada um tira as suas ilacções e votará em conformidade; mas há algo com que não concordo: independentemente da oportunidade ou não, do oportunismo ou não, está a querer transformar-se isto num drama nacional e não o é, é apenas uma realidade triste...
Preocupam-me muito mais coisas, hoje, pessoais e sociais do que isto; gostei muito do texto do Algiboy e estou 100% de acordo com ele; sei que serei criticado por esta posição, mas é a minha!
E algumas tomadas de posição públicas a que se chamou "activismo", perdoem-me mas parecem-me algo apalhaçadas e em nada beneficiam ou modificam a opinião pública.
Abraço amigo.
A Constituição diz claramente que todos os cidadão são iguais perante a Lei e gozam dos mesmos direitos. O casamento entre pessoas do mesmo sexo só incomoda pessoas fanatizadas, profundamente ignorantes e preconceituosas. E é por esse tipo de pessoas ser grossa fatia do eleitorado que esta lei foi chumbada. Porque arrastaria perda de votos a quem votasse a a favor. Os mesmos que esperneiam histericamente, em lamentáveis manifestações de homofobia, são os que votariam a favor da pena de morte. E é por isso que esse referendo nunca se fará. Porque há coisas que não se podem deixar ao critério das multidões boçais.
ResponderEliminarGostei muito da subtileza deste post. :)
ResponderEliminarDe facto o PS ainda não se apercebeu que politicamente não se pode fazer jogo duplo indefinidamente, i.e., andar sempre a tentar agradar a gregos e a troianos...
No fundo, com esta censurável incoerência, o PS demonstrou que teme a influência da Igreja e seus satélites nas intenções de voto dos portugueses nas próximas legislativas.
Infelizmente continuamos a ser um país de brandos costumes, com uma mentalidade retrógrada e hipócrita. :|
PS: Quando puderes, passa pelo meu tasco sff, pois tenho um desafio para ti... ;)
Excelente post meu caro Paulo, uma maneira educada e muito delicada de mandar este pessoal "ad rem".
ResponderEliminarUm abraço.
Eu já vou esgotando as palavras. Para ser mesmo sincero eu não gostava de os mandar ad rem, gostava mesmo de os ver transformados em ad rem com uma bomba colocada em plena Assembleia.
ResponderEliminarAs palavras estão gastas. Já não tenho paciência
O vosso "vazio" (é isso, não é?) não deixa ser preenchido, pelo que aqui fica a nota/convite para nos visitarem na mais recente do nosso blogue. Esperamos que se revejam nalgumas das nossas palavras, que gostem... Abraços, Luís e Gonçalo
ResponderEliminar"mandar ad rem" é precioso. Pena que so funcione em portugues !! Na Austria o tema de casamentos homosexuais está na mesma que em Portugal. Tem o lado engracado que de facto há poucos casamentos e ainda menos pela igreja e diria-se que a igreja poderia ficar contente de encontrar um grupo de pessoas interessadas nos seus servicos, mas nao :)
ResponderEliminarA alma conservadora está tao cheia de medos de tudo o tipo que nao consegue chegar a conclusao que cada um tem o direito de viver como quiser. Tal vez algum dia ....
Partilho da opinião do Pinguim, apesar de entender perfeitamente a vossa justa, que é também a minha até certo ponto, "indignação".
ResponderEliminarTenho pena de ter umas bases tão rudimentares de latim.
Abraço.
Paulo, gostei muito do teu post. Pois, apesar dos dois anos e latim q tive na Faculdade ( um tormento p mim, que inventava mais do que traduzia, felizmente com bons resultados :)) já nem me lembrava da res.Mas, sinceramente, eu já n tenho pachorra, que vão todos ad rem, ad o raio que os parta! E já que isto só dá p chorar ou p rir ( como as hienas) , traduz lá esta frase:
ResponderEliminar"Piscis fodent connas" (espero q esteja tudo bem escrito...lol)
Jinh@s
Nunca tinha pensado nisso, mas faz todo o sentido! :)
ResponderEliminar***