Já quase todos ouviram citar Brecht a propósito do rio e das margens. Nas voltas dos livros, reencontrei-o e aqui vai, seguido de um poema perturbador de tão irónico.
DA VIOLÊNCIA
Do rio que tudo arrasta se diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem. (p. 71)
EPÍSTOLA SOBRE O SUICÍDIO
Suicidar-se
É coisa corriqueira.
Pode-se falar nisso à mulher a dias
Discutir com um amigo os prós e os contras.
Há que evitar um
Certo pathos simpático.
Mas não é preciso fazer disto um dogma.
No entanto, parece-me preferível
O pequeno bluff do costume.
Estar farto de mudar de roupa, ou melhor:
A mulher pôr-lhos
(O que faz um certo efeito aos que se impressionam com essas coisas
E não é demasiado bombástico).
De qualquer modo
Não se deve dar a impressão
De que se dava
Muita importância a si mesmo. (p. 53)
Bertolt Brecht »» in Poemas »» tradução, selecção, estudos e notas de Arnaldo Saraiva »» Lisboa »» Presença »» 1973
muito bom mesmo este poema ;)
ResponderEliminarÉ um dos meus autores favoritos. :)
ResponderEliminarGostei muito desta citação.