quarta-feira, 8 de outubro de 2008

..:: palavras que nos inquietam ::.. Bertolt Brecht

Já quase todos ouviram citar Brecht a propósito do rio e das margens. Nas voltas dos livros, reencontrei-o e aqui vai, seguido de um poema perturbador de tão irónico.


DA VIOLÊNCIA

Do rio que tudo arrasta se diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem. (p. 71)













EPÍSTOLA SOBRE O SUICÍDIO

Suicidar-se
É coisa corriqueira.

Pode-se falar nisso à mulher a dias
Discutir com um amigo os prós e os contras.
Há que evitar um
Certo pathos simpático.
Mas não é preciso fazer disto um dogma.
No entanto, parece-me preferível
O pequeno bluff do costume.
Estar farto de mudar de roupa, ou melhor:
A mulher pôr-lhos
(O que faz um certo efeito aos que se impressionam com essas coisas
E não é demasiado bombástico).
De qualquer modo
Não se deve dar a impressão
De que se dava
Muita importância a si mesmo. (p. 53)


Bertolt Brecht »» in Poemas »» tradução, selecção, estudos e notas de Arnaldo Saraiva »» Lisboa »» Presença »» 1973

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