terça-feira, 26 de janeiro de 2010

histórico

Fiquei triste por não poder ter estado na sessão plenária da AR de dia 8. Paciência. Mas passei a tarde com um daqueles sorrisos estúpidos na cara e que dão nas vistas. Também não sei explicar porque ainda não tinha escrito sobre o assunto. Talvez por a procissão ainda só agora estar a sair ao adro. Talvez por a legislação não mudar mentalidades. Talvez por eu andar a adiar várias questões que, pendentes, funcionam como uma bola de neve que acaba por me engolir. Se é certo que a legislação não muda mentalidades, acaba por ter um efeito muito positivo e dissuasor de comportamentos preconceituosos, ainda que o processo seja muito lento. A data é histórica, essa é que é essa. Corolário da luta/resistência de muitos que deram a cara pela causa que é de todos (ou devia ser). A aprovação na generalidade deixa-nos obviamente orgulhosos e faz-nos ver o futuro com outras cores.
Falta o ponto da parentalidade que não me é de somenos importância. Tenho esperança que também se resolva brevemente. Além disso, tornou-se pública a oposição do sr. presidente e a introdução de uma inconstitucionalidade por parte do PS que só pode resultar de burrice ou de jogada política (só espero que seja esta última hipótese).
E falta o resto. A igreja eriça-se. e arreganha os dentes. Os plataformistas contorcem-se. Os apocalípticos acham que desta é que é (mas foi no Haiti que a terra foi abaixo, como se a miséria atraísse a desgraça). Ainda antes do final de 2009, enviei um email redigido pela ILGA e que circulou por aí. Devo dizer que em geral fiquei sensibilizado com as respostas, pois nunca antes tinha recebido tantas (no total foram 14: sobretudo do BE, do CDS e do PS - a quantidade foi por esta ordem - e nenhuma do PSD ou do PC). Tantas respostas deviam ser um bom sintoma de uma mudança de paradigma da massa política que supostamente nos representa. Ou talvez não seja nada disso.
Mas, apesar de todos os reveses ou do pessimismo, estamos felizes e à espera de finalmente podermos passar de unidos de facto a cônjuges.

homo phobe

Porque se precisa de um pouco de evolução...



{visto aqui graças ao Graphic_Diary}

os dias comuns

Está frio… mas é muito bom sair do trabalho e ainda encontrar o rastro do sol sobre a água.

domingo, 17 de janeiro de 2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

contagem decrescente : corações enegrecidos




Por enquanto ainda não, mas amanhã espero podermos afastar todas as nuvens negras e estar em condições de comemorar mais um avanço.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

contagem decrescente : corações esfomeados




The Hungry Hearts. Conheci-as aqui e são maravilhosas. Adoro o cliché, o kitsch destas sete norueguesas (Tonje Gjevjon, Line Halvorsen, Ingeborg Kolle, Edith Roth Gjevjon, Amina Bech, Henriette Høyskel, Mona K.). E vestem quase sempre a mesma roupa (ou não têm dinheiro para outra ou é estilo ou não as despem sequer para tomarem banho). Façam o favor a vós mesm@s de as ouvir. Além do vídeo, elas estão no seu sítio e no myspace. »In Your Face« é qualquer coisa de extraordinário, mas a música que me interessa é »All The Things«.
Afinal, todas as coisas que se fazem por amor...

E não é o amor que mais interessa?

Para muita da arraia-miúda católica da sacristia nacional parece que não.
Pergunto então:
Que prazer se pode tirar de desejar uma sociedade com menos equidade?
Que prazer se pode tirar de querer rejuvenescer e prolongar a segregação tão ao gosto do Velho Testamento (por alguma razão se lhe chamou 'Velho')?
Que prazer se pode tirar de lutar pelo preconceito e propalar tão possantemente o ódio?
Que prazer se pode tirar de desejar e de querer e de lutar pela infelicidade dos outros?
Hipótese única: desejar que os outros sejam tão infelizes quanto ela (uma certa arraia-miúda, alguma com aspirações a pseudo-bem-pensante) é.






The Hungry Hearts, All The Things



Já agora, para quem ainda não o fez, quem quiser distrair-se um pouco mais tem de ouvir o Fórum TSF que o blogue ser gay divulgou, mas antes tome qualquer coisa potente para prevenir a acidez estomacal, já que a homofobia grassa até ao vómito nas opiniões da maioria dos intervenientes da primeira parte do programa.


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

contagem decrescente : no homo









{visto aqui}





no homo fez-me lembrar em tudo os plataformistas. Mas não, por muito que esperneiem, sorriam e vomitem os seus preconceitos disfarçados de anelos de cidadania, esses não passarão!


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

POESIA | para começar bem o ano

Conheci a Viviane Mosé nem sei como. Sei que, em parte por culpa da Clarice Lispector, facilmente me apaixono por mulheres brasileiras. E não é só o requebro doce da língua. Foi o que aconteceu com a Viviane, por causa de um poema que se me colou à pele e que faço questão de obrigar os meus alunos a lerem e digerirem (falo da «Receita para lavar palavra suja» que já tinha posto aqui). O poema que para hoje escolho ficou guardado, a marinar durante muito tempo, mas hoje vem à tona para que também vocês se apaixonem pela Viviane e não deixem simplesmente que o tempo passe por vós e vos coma! Ah, como também eu gostava de remoçar... mas o tempo tem-me comido cá com uma pinta e logo por trás.
Pronto, tenham um bom ano!





Vida/tempo



quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina

sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma

(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)

acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando

Viviane Mosé



Um mix com o poema visto aqui
Outra versão que encontrei no youtube »»
Mais textos da grande capixaba Viviane Mosé »»