segunda-feira, 29 de novembro de 2010

por7ugal

Deixem-se impressionar pela poesia dos números: por7ugal

e

admirem o «Portugal a Banhos» da
Joana Vasconcelos:

sábado, 27 de novembro de 2010

vҽnham ṁuitas maᴉs

No jantar de despedida, depois de 25 anos de trabalho à frente da paróquia, o Padre Pires discursa:
- A primeira impressão que tive desta paróquia foi com a primeira confissão que ouvi... A pessoa confessou ter roubado um aparelho de TV, dinheiro dos pais, a empresa onde trabalhava, além de ter aventuras amorosas com as esposas dos amigos. Também se dedicava ao tráfico de drogas e havia transmitido uma doença venérea à própria irmã. Fiquei assustadíssimo. Com o passar do tempo, entretanto, conheci uma paróquia cheia de gente responsável, com valores, comprometida com sua fé.
Entretanto chegou o Presidente da Câmara, atrasado pelos seus deveres com os Munícipes que o elegeram. Pediu desculpas pelo atraso e começou o discurso:
- Caros amigos, nunca esquecerei o dia em que o Sr. Padre Pires chegou à nossa Paróquia. Mas como poderia esquecer-me? ATÉ TIVE A HONRA DE SER O PRIMEIRO A CONFESSAR-ME!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

you are welcome to elsinore

O poema de Cesariny é belíssimo, de cortar respiração e pulmões. Nesta leitura, neste vídeo, nesta música, tudo se conjuga para não ficarmos indiferentes. «You Are Welcome to Elsinore» de Mário Cesariny lido por Sónia Tavares: "Entre nós e as palavras, os emparedados / e entre nós e as palavras, o nosso querer falar" [cf. poema]. Esta entrada serve também para lembrar o autor, quatro anos depois da sua morte.


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

o José e Pilar de Miguel Gonçalves Mendes

Não tencionava falar do assunto, mas com esta entrada e agora com esta exortação resolvi contrariar a agenda e a minha própria vontade. Bem sei que o impacto causado pela divulgação que aqui faço é nenhuma, mas vale pelo menos a intenção. Vão ver José e Pilar. E ainda mais depois do apelo que o realizador divulgou aqui pois a afluência tem sido reduzida.

Antes de mais, vimos no sábado o filme documentário José e Pilar do Miguel Gonçalves Mendes, quando a NATO se encimeirava e a avenida se manifestava. E ainda antes de mais: já gostávamos muito do realizador por causa de Autografia, o filme documentário/ entrevista sobre/ com Mário Cesariny.
Agora, José e Pilar. Constato que não foi só no passado que voltámos costas aos nossos valores: aconteceu assim com quase todos os nossos bons escritores, aqueles que os próprios estrangeiros, sobretudo brasileiros, aprenderam a gostar muito antes de nós. Assim se passa com Saramago, assim se passou com o filme Ensaio sobre a Cegueira e assim se passa agora com esta obra inqualificável de Miguel Gonçalves Mendes.
Inqualificável, pois tem qualidades que vão além do qualificável, muito além do tempo gasto/ganho nos 128 minutos que dura o filme. Sim, não consigo descrever como me fez bem aquele encontro com Pilar e com Aquele escritor, sobre quem tinha tantos preconceitos há uns anos atrás. Porque, afinal, foi um encontro comigo próprio - e é disso que se trata: um encontro connosco próprios, é impossível não pensarmos em nós, nas nossas relações diárias, no poder, na fragilidade do corpo, na proximidade da morte, na volatilidade da vida, do que morre e do que fica, do encontro e da perda. Com música ao nível das palavras, com encontros e cansaço, com energia para dar e vender e com uma noção muito urgente de que o que importa - o que nos sobrevive - é muito pouco, mas pode ser muito, tem momentos de grande comoção, em que é impossível não sermos tocados (e nada tem que ver com ideologia política!).
Acreditem, ver um homem de aparência dura e circunspecta como Saramago assim tão dado ao afecto cúmplice é comovente e exemplar. Claro que considerando a sua escrita se percebe que não podia ser de outra maneira, por ser tão humana, tão preocupada com a individualidade e, mormente, com a individualidade da mulher. Citando Pilar del Rio, sem dúvida que se trata de um documentário "delicado, poético e dolorosamente real".

Deixo-vos os trailers brasileiro e português que são ligeiramente iguais:





«Sinopse»

«A Viagem do Elefante, o livro em que Saramago narra as aventuras e desventuras de um paquiderme transportado desde a corte de D. João III à do austríaco Arquiduque Maximiliano, é o ponto de partida para José e Pilar, filme de Miguel Gonçalves Mendes que retrata a relação entre José Saramago e Pilar del Río.

Mostra do dia-a-dia do casal em Lanzarote e Lisboa, na sua casa e em viagens de trabalho por todo o mundo, José e Pilar é um retrato surpreendente de um autor durante o seu processo de criação e da relação de um casal empenhado em mudar o mundo – ou, pelo menos, em torná-lo melhor.

José e Pilar revela um Saramago desconhecido, desfaz ideias feitas e prova que génio e simplicidade são compatíveis. José e Pilar é um olhar sobre a vida de um dos grandes criadores do século XX e a demonstração de que, como diz Saramago, “tudo pode ser contado de outra maneira”.»

terça-feira, 23 de novembro de 2010

cheira a ETAR: os boys da política


A história é exemplar. Exemplarmente, negativa. Soube dela pelo Manuel António Pina e fez-me corar de vergonha por ser possível. Já devia desconfiar: ser político é que está a dar! Vou tentar não me esquecer disso quando tiver de classificar os meus alunos. A notícia está no Público.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

caderno das memórias coloniais






Finalmente, apresento esta entrada sobre o Caderno das Memórias Coloniais de Isabela Figueiredo, que é ainda a autora de dois blogues, o concluído Mundo Perfeito e o actual Novo Mundo, ambos de enorme qualidade (e humor).
Ao saber do primeiro aniversário do Caderno, tive de ultimar esta entrada muito ligeira que esteve a marinar há, pelo menos, uns dez meses - quando terminei a sua leitura. Devo dizer que há muito que não era assim tocado, além de que me despertou a vontade de voltar depressa à literatura autobiográfica. Aliás, respondendo à dedicatória que me escreveu: apreciei demasiado a leitura.
Se não conhecem o livro ou a voz doce da autora, descubram-na nas entrevistas e nos excertos do
Caderno apresentados abaixo. Perceberão que, facilmente, se passa da ironia à denúncia, do amor ao ódio e ao choque. Um livro muito humano, basicamente.





»» Entrevista dada a Luís Caetano [03-04-2010] »»

»» Entrevista dada a Carlos Vaz Marques [20-01-2010] »»

»» A propósito dos lançamentos do Caderno, por Eduardo Pitta, Ana Luísa Amaral e Margarida Calafate Ribeiro.

domingo, 21 de novembro de 2010

artista da semana : Jason de Caires Taylor



Esta entrada poderia perfeitamente chamar-se vida marítima ou vida submarina ou arte subaquática ou arte viva ou criatividade pura. Ideias tão simples podem ter, como sempre, efeitos estrondosos, esmagadores. Haja alguém que negue o poder da arte em aproveitar e transformar.









Sítio de Jason de Caires Taylor (têm de perder/ ganhar algum tempo na galeria do artista!)


Cancun Underwater Museum




sábado, 20 de novembro de 2010

cimeira, reunião... whatever

Numa reunião da Cooperativa Alentejana:
- Compadres, este ano vamos comprar uma máquina nova para apanhar azeitonas, que faz tudo sozinha, ela recolhe as azeitonas das árvores, separa as folhas e ramos partidos e até retira os caroços. Vamos aumentar imenso a nossa produtividade e poupar muito na mão-de-obra.
- Isso parece realmente muito bom, compadre, mas diga-me lá, essa máquina também faz SEXO?
- SEXO? Oh compadre, claro que nãoooo...
- Antão deixe-se lá dessas modernices, oh compadre, e mande vir as moças do ano passado!


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

igreja solidária ¿!





Até fiquei fodido comovido com o apoio ou solidariedade manifestada pela hierarquia católica a este padre pedófilo! E com a lata do gajo, também... caso para dizer que ainda há pessoas puras e inocentes neste mundo. Há coisas fantásticas, não há?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

palavras que nos salvam : Eduarda Chiote


CEGA TRAGICIDADE

Hoje possuí-te o corpo
que te havia
abandonado. Estavas branco,
acabado de morrer
cegamente.
Só a mim cabia o cobrir-te a nudez
com a toalha de banho
ou o abandonar-te
no quarto do hotel,
chamando o porteiro de
urgência.
Ainda há pouco,
tomado de contracções, o teu pénis enrijecera,
e, para meu espanto,
ejaculara sozinho
e atónito.
Lasso, pendera para o lado esquerdo,
tombando
sob a tua virilha: um pequeno animal
dócil.
Toquei-o leve.
Reagiu, enfastiado.
Sustentava-o ainda uma tristeza
terrena: o resto de um cheiro
bom. A sémen.
Bebi-to, debruçada sobre
o que atravessara essa deliciosa
ferida, interrogando-a: - Então… és tu, prazer
amado, o fim de um homem?
A alma não dava, nele, o mínimo sinal
de recusa.
Colhi-a em minha boca.
E foi nesse instante que me apercebi
de que o nosso exílio
não seria nunca definitivo.
Debrucei-me sobre o recorte dos teus lábios
e aspirei neles o sopro da minha
própria fala.
Queimava.
O teu corpo era agora o meu
– uma frieza como jamais havia sentido, definindo
as dês(razões) do meu copular
a morte.


Eduarda Chiote
in Não me Morras »» Lisboa »» & etc. »» 2004 »» pp. 24-25


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

rir ainda será o melhor remédio?

1 #
COMUNICADO do Gabinete do Primeiro Ministro
Faz o Governo saber que, até nova ordem, tendo em consideração a actual situação das contas públicas e como medida de contenção de despesas, a luz ao fundo do túnel será desligada.



2 #
Recessão é quando o vizinho perde o seu emprego;
depressão quando perdes o teu;
e recuperação quando Sócrates perder o dele.


3 #
Pediram ao polvo Paul para adivinhar o resultado das próximas eleições legislativas em Portugal. Entre a caixinha de comida com a foto do Sócrates, e a outra com a do Passos Coelho... O polvo preferiu morrer à fome!

domingo, 14 de novembro de 2010

quando formos grandes, queremos ser assim : Henryk Górecki

Henryk Mikołaj Górecki
[6 de Dezembro, 1933 † 12 de Novembro, 2010]



Apercebi-me ontem que tinha morrido anteontem o compositor de uma das obras que amo: Sinfonia nº 3 (Sinfonia da Lamentações) de Henryk Górecki. Já anteriormente aqui tinha posto duas entradas, mas, se não se lembram, ora ouçam estes três excertos:






sexta-feira, 12 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

o homem do brinco



Certo dia, no escritório de advocacia, um homem reparou que o seu colega, muito conservador, estava a usar um brinco:
_ Não sabia que gostava desse tipo de coisas - comentou.
_ Não é nada de especial... é só um brinco - replicou o colega.
_ Há quanto tempo é que o usa?
_ Desde que a minha mulher o encontrou, no meu carro, na semana passada, e eu disse que era meu...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

inteligência artifical

Contexto: aula de 7º ano. Pergunta: qual a diferença entre estrelas e planetas? Resposta de uma aluna de 13 anos: então, é simples, os planetas são redondos; as estrelas têm pontas.
-.-

domingo, 7 de novembro de 2010

força de vontade

Os três vídeos de hoje são imperdíveis! Sobretudo para os (re)verem quando acharem que a vossa vida é uma porcaria! A sério, para ver e partilhar (e invejar, já agora) a forma bem humorada como é possível lidar com a sua própria deficiência e tirar partido da adversidade: além de ser linda e simpática, Aimee Mullins encarna uma força de vontade das mais positivas, inspiradoras e surpreendentes que já vi por aí. Os três vídeos têm legendas em português.

1



2



3


sábado, 6 de novembro de 2010

rebola a bola

Às vezes, o meu Zé sai-se com "rebola a bola, você diz que dá, que deu; rebola a bola, você na bola não deu". Pelo que me foi possível perceber é um tema tradicional do Norte de Portugal. No meio, descobri esta versão/ variante da Carmen Miranda. Vá tentem imitar-lhe a rapidez. E ela não toma só a letra nacional... reparem bem nas cores predominantes da sua indumentária. Parece coincidência, não é?!


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

acordo ortográfico

Já aqui pus um texto eloquente de Teixeira de Pascaes sobre ortografia. Depois, ocorreu-me uma pergunta: o nome Luís António Verney alguma vez passou sob as vossas vistas? Conhecem-no? Sabem que foi o mais ilustre dos estrangeirados portugueses, certo? E conhecem a sua obra prima? O Verdadeiro Método de Estudar?






Pois bem, dêem uma vista de olhos e horrorizem-se: «omens», «oje», «avendo»… Enfim, podem argumentar que não havia acordo ortográfico, que nem sequer se pensava nisso. Claro que não, não havia necessidade para tanto, mas constatem mesmo assim como Verney se preocupa com a ortografia. Confesso: eu gostei mesmo foi da passagem marcada na imagem acima, em que se refere ao "c" mudo. Cito: “porque Ato, é mui boa palavra, e todos a-intendem.” Nem mais. Não é um mimo? Uma delícia. Uma preciosidade. Podem ler O Verdadeiro Método... no Google Books ou na Biblioteca Nacional Digital.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

[des]acordo


Professor Doutor (e padre, já agora) Fernando Cristóvão fala sobre o acordo ortográfico. Para o ouvir até ao fim e com muita atenção (dá para perceber que o testemunho já tem algum tempo, mas não perdeu nenhuma pertinência). A propósito, dêem uma vista de olhos pelo texto da Isabela: «A língua portuguesa é de borracha».

segunda-feira, 1 de novembro de 2010