quarta-feira, 28 de abril de 2010

spring is coming, again

Até sábado, estarei numa espécie de recolhimento espiritual, cheio de trabalho e a cozinhar surpresas assim e assado. Entretanto, qual crise, qual greve, qual calor, qual quê; ouçam mas é música que só vos faz bem.


Furiku, Spring is coming, again

terça-feira, 27 de abril de 2010

diz que é uma espécie de desafio

Escrevia eu ontem numa circular via email aos participantes no jantar de sábado que precisava de colaboração. Desculpando-me por ser tão em cima da hora, pedia que cumprissem um pedido/ desafio meu e advertia que não ficassem imediatamente tod@s nervos@s.

Consistia o pedido na escolha de um sketch, de uma curta-metragem, ou ainda, e sobretudo, de uma música alegre, sem importar o género musical, desde que tivesse traços de um tom feliz, alegre (mas, obviamente, não tinha sequer de explorar a temática gay ou homoerótica). E também podia não ser alegre (por exemplo, para mim uma música com tom alegre é a que está no vídeo abaixo).

Ah, e pedia que me mandassem por email a sugestão, ou mais do que uma; i.e., um link ou a informação que permitisse a pesquisa.

Dizia ainda que não precisavam de suspender as respectivas vidas para pensarem no assunto, mas a selecção criteriosa cabia absolutamente à sensibilidade de cada um. Já agora, um dos objectivos era a partilha posterior nos respectivos blogues da selecção feita… mas só depois do jantar (se quiserem partilhar com quem não esteve no jantar, força; se não quiserem, ninguém se zanga por isso).

Se não receberam o email, nem um outro com as instruções sobre como chegar ao lugar da janta, procurem no SPAM se não estará por lá um Emílio de um Paulo qualquer coisa. Se não receberam, se não estiver no SPAM,
informem-nos porque podemos ter um contacto desactualizado.

Abraços e até sábado!



segunda-feira, 26 de abril de 2010

memória do lugar interior

Já aqui escrevi que sou do interior, rural (por exemplo, nesta entrada), daquele interior desquecido e ostracizado. Desta vez, e mesmo com ligeiro atraso, ponho algumas fotos de flores e alguns topónimos.




domingo, 25 de abril de 2010

vampiros

por causa destes vampiros, uma outra versão e a mesma intenção:


25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen





Maria Helena Vieira da Silva, A poesia está na rua: 25 de Abril de 1974

quinta-feira, 22 de abril de 2010

atão, só tivestes bom?




Todos os anos sucede ter de concorrer: há 10 anos que assim é.
Este ano surge com uma cereja no topo do bolo: a avaliação que vem na lei, diz a menistra. Ah, claro. Já me tinha esquecido.
Recusei-me à fantochada lambe-botas. Sofro as consequências, obviamente. Só uma conclusão para quem não quer ver: prefiro manter a dignidade (mesmo que essa não me alimente a barriga) a vender-me relesmente. Assim, relembram-me que não sou nem muito bom ou excelente, simplesmente bom (mesmo que a nota quantitativa seja 9 – o sistema vai de 0 a 10). Continuo na minha: prefiro ser bom e correcto professor de português a muito bom ou excelente e encher a boca com “tu tivestes” ou “que teja correcto”. É irónico, ou talvez não. Que assim seja: que não se valorizem os bons; que se valorizem os oportunistas e assim se permita que o mundo continue bem redondinho.


ilustração a propósito »»

eufemismo

há momentos assim, em que desaparecer se afigura como uma hipótese mais do que viável

quarta-feira, 14 de abril de 2010

está na hora!






O convite foi lançado pelo Pinguim, e depois por nós, a tempo e horas de irem reservando agenda e tempo para o jantar anual – o 4º, por sinal. Nesta entrada, o Pinguim já informou onde e quando (1 de Maio, 20h). A inscrição é obrigatória.

Outros pormenores, como preço, localização, ementa, etc., seguirão, preferencialmente, por email. Possuímos uma lista bastante actualizada dos contactos, mas pedimos aos mais novos – e que não apresentem meio de contacto no blogue – que nos enviem um email para trocarmos contactos.

Se precisarem de um desenho, peçam que a gerência logo vê o que se arranja; por outro lado, se precisarem de alguma outra coisa, comprem que há sítios que vendem.

Claro, o convite é dirigido a tod@s os que carinhosamente nos seguem: às mulheres, aos novos, aos velhos, aos assim-assim... especialmente, a quem ainda não conhecemos e que poderão ter algum receio ou reserva. Não tenham! Não temam! Descansem: somos todos muito boa gente e nenhum de nós foi ou é padre (mas,
se assim o desejarem, podemos preparar a visita do Bento em conjunto).


[Leandro Bassano]




Brincadeiras à parte, queremos mesmo é contar contigo!

Agora, está na hora de se inscreverem com um comentário aqui ou no Why not Now? impreterivelmente até dia 24 de Abril.

Não aceitamos desistências, esquecimentos e outros percalços imprevisíveis, 'tá.





[Corneli, Banquet of Members of Amsterdam's Crossbow Civic Guard]




[esta é uma entrada conjunta | o convite é sobre uma fotografia do Paulo que está na entrada anterior]

terça-feira, 13 de abril de 2010

hora


e quem escreve assim, não /




«O ANALFABETO POLÍTICO»

O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo da vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguer, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
É tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia a política.

Não sabe o imbecil que
da sua ignorância política
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
E o pior de todos os bandidos,
Que é o político vigarista,
Pilantra, corrupto e lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais.

Bertold Brecht

domingo, 11 de abril de 2010

e quem fala assim, não /

Eu podia dizer aqui muita coisa sobre esta interpelação, mas basta verem e ouvirem a deputada brasileira Cidinha Campos. Apesar do tom estridente, não há espaço para qualquer dúvida sobre quem mama.



sexta-feira, 9 de abril de 2010

nota da redacção

Continuamos na minha aldeia. Por aqui o tempo roda a um velocidade incrivelmente diferente: o relógio pode ser substituído pela gravação do sino da capela e pelo percurso do sol; o clima é ameno, com um calor doce. Gostamos disto. Só de vez em quando. Único senão: a velocidade da internet móbil deixa-nos, quando podemos descansar, sem paciência para grandes deambulações... Uma nota de humor: «Eu é mais bolos».

domingo, 4 de abril de 2010

corrente d'ar

o mítico “amai-vos uns aos outros”
já não é o que era, essa é que é essa



[visto aqui]

[visto em vários sítios por aí]



[visto aqui]




Os tempos que correm estão a fazer ver à cúpula católica que é perigoso atirar pedras quando se tem telhados de vidro. Apesar das revelações todas que têm vindo a público, ainda fico atónico com a reacção da cúpula, com a leviandade ofensiva das comparações. Reacções que nada têm de humildade, muito pouco dignas de quem é ministro de deus e que, ao invés de investirem na protecção das vítimas, investem, sim, num contra-ataque acéfalo e que revela bem o que importa: tudo imagem da instituição; pouco, muito pouco aos seus fiéis. Ou: há que proteger a imagem; que se fodam as pessoas, sobretudo os heréticos que insistem em atacar a sacrossanta madre igreja. Ou: o problema não está em terem-se ocultado as situações de pedofilia; o problema está em estarem a revelar-se as situações desse mesmo abuso. Tanta cegueira revolta um bocadinho, caramba. Além do lunatismo em que persiste, como o pecado do aborto, ou noutras tretas que, essas sim, lhes são realmente importantes. Essa coisa de pedofilia parece mal menor. É por estas e por outras que a sacrossanta madre igreja tem cada vez menos a ver com a minha fé, cada vez me metendo mais asco. Cristo ressuscitou também para isto, com certeza. Mas se deus se manifesta através do Homem, duvido que tire algum prazer em manifestar-se como padre pedófilo. Mas, nos tempos que correm, é só a minha opinião. Esta, sim, é uma opinião exemplar: «A Igreja na Cruz» [Aspirina B].

sexta-feira, 2 de abril de 2010

última ceia






última ceia

Provavelmente, já não se lembram... ou lembrar-se-ão. Pois bem, guardar recortes dá nisto: encontrei um recorte da revista , de 1996, com a versão original da rábula que esteve para ser censurada e que tanto sururu na altura provocou. Transcrevo o recorte com o texto de Nuno Artur Silva e Nuno Markl.

*****

«A versão original»

«A Última Ceia, antes de qualquer rasura, é esta. A rábula, escrita por Nuno Artur Silva e Nuno Markl, foi para o ar em 28 de Outubro de 1994, na Rádio Comercial.




Olá, bem-vindos a mais uma emissão de O Repórter não Estava Lá, um programa em que recriámos, em exclusivo para si, os acontecimentos que marcaram a História da Humanidade, mas que nem as câmaras nem os microfones puderam captar.

Ouça no episódio de hoje, A Última Ceia. Saiba tudo sobre as últimas horas do jovem da Nazaré que mudou o mundo. O que terá acontecido realmente naquela noite fatídica em que Jota saiu com os amigos pela última vez? De que falaram? O que comeram? Quem pagou a conta? Por que é que uns foram convidados, e outros não? Tudo isto e muito mais em O Repórter não Estava Lá.

Atenção, o que vão ouvir é uma reconstituição feita por estudiosos conceituados, à luz das mais recentes descobertas sobre os acontecimentos que rodearam A Última Ceia. O que vão ouvir é uma simulação. Jerusalém, ano zero, quinta-feira, oito da noite, à porta do restaurante O Prepúcio. Como é que seria se o nosso repórter estivesse lá?

Repórter Olá, boa noite. Estamos aqui à porta do restaurante onde vai decorrer a Última Ceia. Os primeiros convivas já começaram a chegar e o próprio Jota acaba de entrar, acenando para a multidão que o aguardava entusiasticamente. Estou a ver ali judas Iscariotes a aproximar-se. Vou tentar chegar à fala com ele...

Judas, boa noite! Bem-disposto? Não quer comentar os rumores segundo os quais judas estaria envolvido numa conspiração para denunciar Jota aos romanos?

Judas Eu não quero prestar declarações. Depois do jantar darei uma conferência de imprensa.

Repórter Mas, judas...

(bump)

Repórter Humph!... Repórter impedido de prosseguir o seu trabalho. Bem, e parece que vem aí o apóstolo Pedro. Pedro, confirma-se que esa pensar deixar a pesca e dedicar-se em full-time ao apostolado?

, Pedro Não sei, é uma coisa que temos que ver. O apostolado é uma nova profissão, com um mercado para explorar, mas com os seus riscos. Nada nos diz que esta religião veio para ficar. Mas, se a coisa correr mal e a gente tiver que fechar a loja, olhe – o melhor que tenho a fazer é dedicar-me à pesca... outra vez.

Repórter É verdade que o senhor tem o apoio das bases para suceder a jota Cê na direcção do movimento?

Pedro Bom, não sei do que é que a menina está a falar. O Jota é fundamental. Longe de mim pensar numa sucessão, precisamente agora que o movimento está em plena expansão. Ele é que é o nosso líder indiscutível Ele é que é o homem do leme.

Repórter Bem, mas vamos lá dentro agora, ver o que é que se está a passar...

Criado Então o que é que vai ser?

JC Carne de porco à alentejana para todos.

Paulo Ó Jota , mas nós somos judeus. Não podemos...

JC Ah, é verdade... Então podem vir só as amêijoas, para primeiro prato. Depois vem o borrego.

Paulo Eh pá, já viram que somos treze? Isto é mau agoiro. Quem é que falta?

João É o Eusébio.

Paulo É sempre o mesmo - diz que vem, mas nunca aparece. É um corte, é o que é.

JC Que se lixe... Isto a vida são dois dias. E, no meu caso, talvez menos.

Repórter Foram as palavras sábias de Jota . E as amêijoas estão já a chegar.

(barulho de talheres)

Judas Então isto é que é uma dose? Eh pá. Ó Jota , multiplica lá aqui as amêijoas!

JC Estás parvo? Isso não é pão nem peixe... Com amêijoas não sei. Julgas que eu sou o David Copperfield?

Judas Eh , se era para isso, tínhamos mandado vir os carapaus.

JC Ah, só uma coisa antes de começarem a comer - este é o meu corpo, este é o meu sangue.

Judas Eh pá, agora à mesa, não. Eso pessoal a comer...

Repórter O jantar decorre animado. Foram encomendadas doze doses de cabrito e uma omeleta de camao para judas. E, terminado o jantar, vamos ouvir...

JC Bem, bora aí tomar um copo a qualquer lado?

Paulo Então, mas isto não era a Última Ceia?

JC É só mais um copo. Vamos ao Jardim das Oliveiras. Tem uma esplanada bestial com vista para o rio.

Paulo E deixam-nos entrar assim, treze gajos sozinhos, sem miúdas?

JC Não há problema. O porteiro conhece-me.

João Mas espera aí... Não era agora que o judas devia...?

Paulo Eia, pois era!...

(batendo com pratos, todos) Beija, beija, beija...

Repórter E, senhores ouvintes, com esta reconstituição rigorosa deste momento crucial da História da Humanidade, termina o nosso programa O Repórter não Estava Lá, hoje, na Última Ceia.

Deixamo-vos com as canções dos convivas a caminho do Jardim das Oliveiras, quá já um pouco alegres..