segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

artista da semana : Julia Margaret Cameron

Julia Margaret Cameron
(1815 - 1879)

Aprendi a ver por aí os retratos desta fotógrafa inglesa sem saber (ou suspeitar) de quem seria a autoria. Fiquei feliz quando descobri tratar-se de uma mulher com uma sensibilidade grande e perspicaz. Só uma pessoa sensível e perspicaz pode fotografar assim, com tanto estilo. Simultaneamente, decadente e simbolista. Expressiva e emotiva, sensitiva, melancólica.
Há imensas fotos dela por na web, fica aqui uma selecção.






domingo, 27 de fevereiro de 2011

a Leovigildo Queimado Franco de Sousa

O texto que se segue é de João Vasconcelos e Sá, que o leu no Carnaval de 1934, dedicando-o ao ministro da agricultura de Salazar, Leovigildo Queimado Franco de Sousa. Aqui a leitura
e de Victor de Sousa. Pasmem-se!





Ao Excelentíssimo Senhor Ministro da Agricultura
Exposição
Porque julgamos digna de registo
a nossa exposição, Sr. Ministro,
erguemos até vós humildemente
uma toada uníssona e plangente,
em que evitámos o menor deslize,
e em que damos razão da nossa crise.
Senhor, em vão esta província inteira
desmoita, lavra, atalha a sementeira,
suando até à fralda da camisa.
Mas falta-nos a matéria orgânica precisa
na terra que é delgada e sempre fraca.
A matéria em questão chama-se caca.
Precisamos de merda, senhor Soisa,
e nunca precisámos de outra coisa…
Se os membros desse ilustre Ministério
querem tomar o nosso caso bem a sério;
se é nobre o sentimento que os anima,
mandem cagar-nos toda a gente em cima
dos maninhos torrões de cada herdade,
e mijem-nos também, por caridade…
O Senhor Oliveira Salazar,
quando tiver vontade de cagar,
venha até nós, solícito, calado,
busque um terreno que estiver lavrado,
deite as calças abaixo, com sossego,
ajeite o cu bem apontado ao rego,
e, como Presidente do Conselho,
queira espremer-se até ficar vermelho.
A nação confiou-lhe os seus destinos,
então comprima, aperte os intestinos.
E, aí, se lhe escapar um traque, não se importe…
quem sabe se o cheirá-lo não dará sorte…
Quantos porão as suas esperanças
num traque do Ministro das Finanças…
e também, quem vive aflito e sem recursos,
já não distingue os traques, dos discursos…
Não precisa falar, tenha a certeza,
que a nossa maior fonte de riqueza,
desde as grandes herdades às courelas,
provém da merda que juntarmos nelas.
Precisamos de merda, senhor Soisa,
e nunca precisámos de outra coisa,
adubos de potassa, cal, azote;
tragam-nos merda pura do bispote,
e de todos os penicos portugueses,
durante pelo menos uns seis meses.
Sobre o montado, sobre a terra campa,
continuamente eles nos despejem trampa.
Ah! terras alentejanas, terras nuas,
desesperos de arados e charruas,
quem as compra ou arrenda ou quem as herda
sempre a paixão nostálgica da merda…
Precisamos de merda, senhor Soisa,
e nunca precisámos de outra coisa…
Ah, merda grossa e fina, merda boa
das inúteis retretes de Lisboa.
Como é triste saber que todos vós
andais cagando, sem pensar em nós…
Se querem fomentar a agricultura,
mandem vir muita gente com soltura…
Nós daremos o trigo em larga escala,
pois até nos faz conta a merda rala…
Ah! venham todas as merdas à vontade,
não faremos questão da qualidade,
formas normais ou formas esquisitas.
E desde o cagalhão às caganitas,
desde a pequena poia, à grande bosta,
tudo o que vier a gente gosta.
Precisamos de merda, Senhor Soisa,
e nunca precisámos de outra coisa…
João Vasconcelos e Sá

sábado, 26 de fevereiro de 2011

por tua conta e risco: Sagat / Richardson

Não sou particularmente admirador de Fraçois Sagat, embora tenha algumas coisas interessantes e bastante provocadoras. Neste caso, o interesse está nas fotografias serem de Terry Richardson.





quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

contradança, LadyArt!

Para encerrar o tema da dança que começou com o Lennon da Silva, confiram, sff!
Não, não é um pedido, nem um conselho!
Isto é uma ordem.

A LadyArt chamou-nos a atenção. Muito obrigado / thank you, LadyArt!
É de uma criatividade desarmante. Extasiante.

bODY_rEMIX/ gOLDBERG_vARITATIONS (2005) pela companhia da canadiana Marie Chouinard.





segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

o banal quotidiano

numa qualquer direção, por favor




que importa!?
se o destino se sabe desde sempre onde fica




paulo.xvi.xi.mmvi

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

e esta, hein?

Na continuação da entrada de ontem, mais duas músicas de Rita Lee, ambas do álbum Santa Rita de Sampa (1997).
Se não conhecem, vão adorar! Com ironia q.b., muito sarcasmo e montes de trocadilhos à mistura: "Não seja condenado a votar em canastrão".


Rita Lee, Obrigado não




"Defensora dos frascos e comprimidos
(...) Deolinda dos sem rainha
(...) Heavy metal de Santa Izildinha
(...) Virgem e mártir de toda a gentalha
Fogo de Camille Paspaglia" (trocadilho com nome da lésbica e anti-feminista Camille Paglia)

Rita Lee, Santa Rita de Sampa

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

'longe daqui'

A entrada original (só com a letra da música) é de 25-11-2007. Recupero-a agora para reafirmar que gosto bastante de Rita Lee, mas gosto sobretudo de meia dúzia de músicas dela. O Zé também. Músicas geniais. A que hoje aqui ponho é uma dessas que me persegue há vários anos. Já sem os corações pirosos a pularem por aqui, porque hei de eu ter-me lembrado dela... porque terá sido?

Rita Lee, Longe daqui »» Santa Rita de Sampa

Longe daqui, aqui mesmo
Longe daqui, aqui mesmo

Tão longe daqui, aqui mesmo
No sinal vermelho
No topo da montanha
O delírio de estar vivo e simplesmente ser
Deixar-se levar pela correnteza
Na incerteza de avistar um farol

Longe daqui, aqui mesmo
Tão longe daqui, aqui mesmo

Desmaia a noite
Acorda o sol
Secam lágrimas de medo
Revela-se o segredo do escuro
O muro era apenas uma ponte
Entre a sede e a fonte
A morte não é mais do que mais um a menos...

Longe daqui, aqui mesmo
Tão longe daqui, aqui mesmo

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

resposta: 'i melt with you'

Fotografia do fantástico Marc da Cunha Lopes [+ fotos]




O amor é tão bonito que estarmos assim fisicamente separados não tem graça nenhuma... respondo com uma escolha também musical:
Modern English, I Melt With You

my valentine

Para ti!
Com (mais) amor, mesmo distante...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

'o meu amor tem a força de uma G3'



« La Chanson Noire é um manifesto artístico de cariz primordialmente musical nascido em 2007, tendo como principal objetivo a divulgação dos prazeres da decadência, a apologia da exuberância e da extravagância, a defesa da liberdade e da libertinagem. Chanson Noire não é um projeto de cariz urbano-depressivo é totalmente um projeto bucolico-depressivo. »

















La Chanson Noire, O Meu Amor Tem a Força de Uma G3 (álbum Música para os Mortos)
« tento não parecer-te só um estranho
e tento o meu melhor desempenho
neste jogo sujo de enganos
tento apenas não causar mais danos

eu quero amar-te, eu quero amar-te,
será que tu não vês
que o meu amor tem a força de uma g3

tento ser o adónis que não sou
sofrendo por tudo o que te dou
não causar surpresa ou nova vida
num coração partido a partida

eu quero amar-te, eu quero amar-te,
será que tu não vês
que o meu amor tem a força de uma g3»