quarta-feira, 30 de setembro de 2009

..:: ouro | prata ::..





«Keep your clever lines
Hold your easy rhymes
Silence everything
Silence always wins
It’s a perfect alibi
There’s no need to analyze
It will be all right
Through the longest night
Just silence everything
[...]»












Há um provérbio qualquer que afirma que a palavra é de prata e o silêncio de ouro. Isto podia ser sobre o PR, mas não é.



Perto do 10 de Junho, determinei que, por altura do seu segundo aniversário, este blogue terminaria sem apelo nem agravo, traumas ou jogadas para chamar a atenção. E preparei o fim com uma série de entradas cuja verdadeira finalidade muito poucos terão realmente percebido.



Porque demorei muito a escrever a entrada dos prémios, o blogue teve várias datas marcadas para o seu fim (a última, como se vê na imagem do cabeçalho acima, foi 20 de Julho, o dia a seguir ao piquenique).



Redigi com as palavras certas, a ironia perfeita e o toque de cutelo aquele que seria o último texto. Se o tivesse publicado não haveria volta a dar (às vezes, sou sobremaneira violento com as palavras, faceta que felizmente poucas pessoas conhecem). Resolvi regressar não sei porquê (talvez por causa do Queer ou do incentivo de my man).



Esta é a explicação para o silêncio estival, a resposta à curiosidade de alguns que me perguntaram porque tinha deixado de postar. Cá estou, ainda que, em todo o caso, tenha a ligeira impressão de que nada voltará a ser como antes por aqui. Veremos como soprará o vento.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

..:: agora, sim! ::..


Deolinda, Movimento Perpétuo Associativo



Todas as comparações são por norma redutoras. Mas gosto disto [Un político abiertamente gay, hombre clave del próximo Gobierno alemán]. Por cá, é a euforia por ter sido eleito por fim um (repito: unzinho) deputado assumidamente gay (e todos nós sabemos como é e será o único, não sabemos?). Além disso, parece que está salva a pátria. Não me dá que pensar. Já que o futuro é risonho, apetecia-me simplesmente que fossemos, enquanto povo, mais destros e menos umbiguistas.


[a sobejamente conhecida foto/montagem foi colhida no Spectrum]


Chegou. Viu.

[caricatura de Henrique Monteiro]

domingo, 27 de setembro de 2009

..:: domingo dois ::..



Nunca me tinha acontecido: não descobri o meu cartão de eleitor e desconheço por completo que sumiço lhe dei. Vá lá que decidi ir votar na mesma, viram no computador e deram-me um papelinho com o número (o BI é que interessa mesmo). E votei. Gosto de exercer o meu direito/dever, apesar de achar sempre que os políticos nos representam mal (até porque antes de mais representam tão-somente os seus próprios interesses). Espero não me sentir infeliz logo à noite. É que para já nem me apetece emigrar, e, depois, não tenho tempo para senhoras sinistras com tiques de ditador. Não tenho mesmo!

sábado, 26 de setembro de 2009

..:: domingo um ::..



Acho que já o devo ter dito: odeio domingos à tarde. Ainda por cima, este ano sinto uma espécie de vazio pós-queer. Que chatice. Gostei de várias coisas que por lá passaram, destaco, sobretudo, as longas Shank, Pedro, O Signo da Cidade, o documentário Chris & Don: A Love Story e a curta Protect Me from What I Want. Lamentavelmente, não tivemos oportunidade de ver Ander que foi o grande vencedor desta 13ª edição. Fiquei com algum material para reflexão e pesquisa futura. De resto, cheios de orgulho, os nossos parabéns à organização, em especial ao João Ferreira.


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

..:: anteontem, ouviu-se HOJE ::..





..:: hoje, amanhã e depois na Baixa ::..

ADENDA: Obrigado, André! Parece que sim, a abertura ao público foi mesmo CANCELADA! Fica para o ano que vem!...


Vi no Fugas que hoje, amanhã e domingo, as galerias romanas da Rua da Prata abrem ao público, o que acontece uma vez por ano. Em 2007, já aqui tinha falado do assunto. Aproveitem, se nunca lá foram. É gratuito e tudo. Não são monumentais, mas têm qualquer coisa de especial, seja pelos eléctricos a rasparem junto às cabeças de quem entra e sai, seja pela bicha interminável (quando lá fomos, esperámos entre uma a duas horas num sábado de manhã), seja por entrar na rua.


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

..:: 无声风铃 ::..

A narradora de A República dos Sonhos começa assim a sua narração:
«Eulália começou a morrer na terça-feira.»


Começar um romance assim é como chegar junto do leitor e dar-lhe de imediato uma bofetada, surpreendendo-o. Eu, pelo menos, fiquei nem sei se comovido, se chocado. Mas cativou-me. O romance é um dos mais conhecidos da brasileira Nélida Piñon. E Eulália morre no final, 730 páginas depois.

Se tiverem oportunidade, leiam-no.
Assim como, se tiverem oportunidade, porque tem algum interesse, vejam amanhã, no queer lisboa, Wu Sheng Feng Ling - Soundless Wind Chime (nós vimo-lo ontem). A imagem inicial não dá imediatamente conta do que se trata, porque com dificuldade associamos leite a morte. A verdade é que com tantas sobreposições de sequências, elipses, analepses (ou flashbacks), não se percebe muito. Mas raciocinando, ligando pontos, se descobre o drama de Richy (o chinês). Ah, ler a sinopse ajuda!


..:: senão agora, quando? ::..


terça-feira, 22 de setembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

..:: esqueci-me do meu nome / Exw ksexasei tónoma mou ::..



Filippos Pliatsikas & Eleytheria Arvanitakh, Eho ksehasei to onoma mou (esqueci-me do meu nome)

Para nós que ninguém nos ouve, não percebo a ponta de um cu do que ambos cantam. Poderia ser chinês, mas não; é mesmo grego. Nem sei se os nomes estão bem transcritos! Também não sei porquê, mas hoje apeteceu-me (re)ouvi-los e partilhar. Para os mais venturosos, a letra está aqui, mas o melhor mesmo é que tem a tradução em inglês.



fotografia minha [pormenor de um dos trajes do Menino Jesus de Praga; este tem origem chinesa e é de 1894]

domingo, 20 de setembro de 2009

..:: no ouvido : melocoton ::..



Melocoton faz parte da banda sonora de um dos filmes que vimos ontem no queer lisboa e ficou-me no ouvido. Aprendi que gosto de Colette Magny e dos gémeos Carril. Fica aqui a música, a letra e outros materiais sobre o filme (que não é nada de especial, mas, ainda assim, com uma história curiosa e fotografia muito boa). Já agora, foi integralmente disponibilizado aqui.


Melocoton et Boule d'Or
Deux gosses [miúdos] dans un jardin

Melocoton, où elle est maman ?
- J'en sais rien !
Viens, donne-moi la main
- Pour aller où ?
- J'en sais rien !
Viens !
- Papa il a une grosse voix
Tu crois qu'on saura parler comme ça ?
- J'en sais rien !
Viens, donne-moi la main
- Melocoton, Mémé elle rit souvent
Tu crois qu'elle est toujours contente ?
- J'en sais rien !
Viens, donne-moi la main
- Perrine elle est grande presque comme maman
Pourquoi elle joue pas avec moi ?
- J'en sais rien !
Viens, donne-moi la main
- Christophe il est grand mais pas comme papa
Pourquoi...
- J'en sais rien !
Viens, donne-moi la main
- Dis Melocoton, tu crois qu'ils nous aiment ?
- Ma p'tite Boule d'Or, j'en sais rien !
Viens, donne-moi la main...



Sobre o filme de Pascal-Alex Vincent, Donne-moi la main:
material de imprensa


tema principal do filme [Tarwater]


entrevista com os actores Victor e Alexandre Carril


cena do filme: Quentin observa Antoine a tomar banho



trailer

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

..:: celebration ::..


Madonna, Celebration com fãs à mistura
[visto aqui]


p.s.: vale a pena ler as perguntas e respostas da Mami na Le Cool Magazine. Ficam aqui algumas: «1-É preciso ser Queer para se ir ao Queer? Não
2-Tenho que ir às sessões com amigos do mesmo sexo? Se quiseres
3-Vou encontrar gente famosa? Sim, entre outros Amália, António Variações, Judy Garland (a Diva), Francis Bacon…
(...) 5-Posso ir vestido de mulher? Também
(...) 7-O que é que eu faço se estiver a morrer de curiosidade mas não tiver coragem para entrar? Finges que vais beber um Cosmopolitan ao andar de cima e dás uma vista de olhos
8-E se eu não gostar delas curtas? Tens longas também (...)»

terça-feira, 15 de setembro de 2009

..:: la pandémie, aahhhhh ::..



Marie-Thérèse Porchet contre la grippe A

[espero que percebam francês! se não perceberem, aprendam que vale a pena, a Marie-Thérèse é muito engraçad@ - confiram também a sua lição de geografia helvética ou o telefonema à Jacqueline]

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

sábado, 12 de setembro de 2009

..:: ! ::..

★ h ★ i ★ p ★ é ★ r ★
★ b ★ o ★ l ★ e ★ s ★







... ainda não sei bem. Mas pode ser que sim, que volte aqui. Talvez. Penso eu de que. Se o fizer, em boa parte, será por causa do vídeo abaixo, tão bonito que fez com que durante 4 minutos me tivesse entregue ao elogio puro da vida. Com o oposto sempre tão perto, parece que há mesmo momentos para tudo. E tudo o resto é jogar a feijões!



Clarice Lispector:
«Mas o instante-já é um pirilampo que acende e apaga, acende e apaga. O presente é o instante em que a roda do automóvel em alta velocidade toca minimamente no chão. E a parte da roda que ainda não tocou, tocará num imediato que absorve o instante presente e torna-o passado. (…) Mais que um instante, quero o seu fluxo.»
in Água Viva, 10ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1985, p. 16.



Eduardo Lourenço:
«O paradoxo do Instante não é o de acabar quando surge. Esse dever o impomos nós ao "banal instante", talhado na peça imaginariamente substancial do Tempo. O paradoxo do Instante é o de nunca ter principiado e não poder ter fim. Ninguém verá a cabeça nem a cauda de tal monstro. (...) A forma do barco onde vamos sem o ver é o mesmo Instante. Nele deslizamos, estranhamente parados, não para a Eternidade, mas na Eternidade. Atrás deixamos a espuma do Tempo. Contudo, o Instante nem é eternidade nem tempo, miragens da travessia quando ela é um deserto (…)».
in Tempo e Poesia. Lisboa: Relógio d'Água; 1987, p. 35.




Moments by William Hoffman