domingo, 28 de setembro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

..:: SIM à liberdade e à igualdade! porque o tempo urge e a hipocrisia grassa ::..

SIM à liberdade e à igualdade!

Façam uma cópia do texto, enviem-no por email para os endereços dos grupos partidários representados na AR, e depois passem o email aos vossos contactos.
Vá, é preciso fazer pressão para vermos os nossos direitos mais reconhecidos e porque acreditamos que devemos ter todos direito de acesso ao casamento [casamento, tout court, e não precisa nada dos classificativos homossexual ou gay].
Não somos assim tão poucos e a hipocrisia ameaça ganhar o debate, além disso, não temos uma eternidade à nossa frente para esperar que a questão seja incluída numa qualquer agenda política. Porque será? Obviamente, porque não nos representam nem querem representar.
Muito a propósito desta discussão, e se não viram, aproveitem para ver o documentário Improvvisamente L'Inverno Scorso* de (e com) Gustav Hofer e Luca Ragazzi, amanhã, dia 27, no Cinema São Jorge às 15h15m (cf. aqui).

* o sítio do documentário possui vários pormenores interessantes como o registo da passagem do casal por Lisboa, um levantamento de notícias homófobas ou os mapas que assinalam os direitos gays e o reconhecimento do direito ao casamento por homossexuais.



SIM à liberdade! NÃO à hipocrisia!
blocoar@ar.parlamento.pt, gp_pcp@pcp.parlamento.pt, gp_pev@ar.parlamento.pt, gp_pp@pp.parlamento.pt, gp_ps@ps.parlamento.pt, gp_psd@psd.parlamento.pt


Ex.mo/as. Sr/as.,
No próximo dia 10 de Outubro, a Assembleia da República será chamada a votar projectos que estabelecem finalmente a igualdade no acesso ao casamento.
Esta é uma questão de direitos fundamentais, é uma questão de cidadania, é uma questão que determina a qualidade da nossa democracia. Trata-se de acabar com a humilhação de muitas mulheres e muitos homens que são ainda discriminadas/os na própria lei por causa da sua orientação sexual. Trata-se de afirmar finalmente que gays e lésbicas não são cidadãos e cidadãs de segunda.
A Assembleia da República terá finalmente a oportunidade de afirmar o seu empenho nesta luta pela igualdade e pela liberdade – e a oportunidade de contribuir de forma particularmente simples para a felicidade de muitas pessoas.
O fim da exclusão de gays e lésbicas no acesso ao casamento consegue-se com uma pequena alteração no texto de uma lei, que não implica custos nem afecta a liberdade de outras pessoas. Porém, será um enorme passo no sentido da igualdade e contra a discriminação. E como demonstraram as discussões sobre o voto para as mulheres ou sobre o fim do apartheid racista na África do Sul, o preconceito que existe na sociedade não pode nunca justificar a negação de direitos fundamentais. Pelo contrário, votar contra a igualdade é legitimar e encorajar a discriminação.
Esta votação representa por isso uma enorme responsabilidade, pelas implicações que terá no reforço ou na recusa do preconceito.
Porque recuso a discriminação na lei portuguesa e porque esta é a oportunidade de repor a justiça e cumprir o princípio constitucional da igualdade, seguirei com atenção esta votação - e apelo ao voto favorável de todos os membros deste Grupo Parlamentar e à defesa intransigente da igualdade no próximo dia 10 de Outubro.
Com os meus melhores cumprimentos,

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

..:: no reino dos ses ::..



[para não se esquecerem; especialmente o Pinguim]



Se não puderes ser pinheiro no alto da colina

Sê no vale algo de pequeno - mas sê
A melhor coisa pequena na margem do regato.
Sê um arbusto, se não puderes ser árvore.
Se não puderes ser uma estrada, sê atalho,
Se não puderes ser o sol, sê uma estrela;
- Pelo tamanho não te salvas nem te perdes
- Sê o melhor do que quer que tu sejas.

Douglas Mallock [1877-1938]
[poema completo em inglês e informações sobre o autor]

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

..:: palavras que nos salvam ::.. António Gedeão

Mais do que a «Lágrima de Preta», a «Pedra Filosofal», a «Calçada de Carriche» ou o «Poema da Malta das Naus», é a «Lição sobre a Água» que me ficou no ouvido. Claro que todos os que enumerei, assim como muitos outros poemas de Gedeão, foram importantes, cada um pelos seus motivos. Para quem pense que a água é só para peixinhos, o poema que hoje aqui trago é de tirar o fôlego (o quadro de Millais também).

[imagem vista aqui]





Lição sobre a água

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, ácidos, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão. (p. 202)



António Gedeão »» Obra Completa »» notas introdutórias de Natália Nunes »» Lisboa »» Relógio D'Água »» 2004



© John Everett Millais, Ophelia, 1851-52 (detalhe; original)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

..:: amigos de papel ::..



Um amigo




Esta noite deitei-me triste.
Abri um livro, passei uma folha, outra folha.
Quando cheguei ao fim tinha o coração cheio de folhas e de flores…



Matilde Rosa Araújo »» in O Cantar da Tila

[como já devem ter notado, a minha existência virtual anda suspensa a favor da indecente burocracia docente e do Queer Lisboa | só boas causas portanto]

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

..:: a jihad for love ::..


entrevista com o realizador Parvez Sharma


O tempo não dá para tudo, mas deu para hoje vermos A Jihad for Love de Parvez Sharma (cf. esta entrada do Special K). Este documentário revela bem como o nosso mundo pode ser cruel (como se não o soubéssemos já). Pensei, necessariamente, que se ser católico e homossexual já é complicado, então no universo muçulmano é muito pior. Sem comparação.
Uma incursão ao universo de vários homossexuais muçulmanos praticantes em vários contextos: África do Sul, Egipto, França, Turquia, Irão, Paquistão e Índia. Incrível como as pessoas se adaptam, se negam, se expressam, adoram o seu Deus que parece ser misericordioso, mas os homens e as suas leis nem por isso... Muito mais incrível é a coragem de homens e mulheres que se assumem e demonstram que não estão a fazer nada de mal, mas simplesmente a tentarem ser elas próprias e felizes, seguindo as leis e manifestando a fé pelo seu Deus. Vale bem a pena conhecer o universo desta gente. O Queer Lisboa repete este documentário na terça-feira (sala 1, às 15h30).


»» site oficial

domingo, 21 de setembro de 2008

..:: artista(s) da semana ::.. GILBERT and GEORGE

Gilbert Prousch [San Martino, Itália, 11 de Setembro, 1943]
George Passmore [Devon, Inglaterra, 8 de Janeiro, 1942]


ATENÇÃO: o documentário With Gilbert & George de Julian Cole passa no Queer Lisboa 12 (já agora, aqui é bastante mais fácil seguir a agenda do festival)




Gilbert & George (de óculos) trabalham em parceria e são um artista, unidos pelo amor à primeira vista desde 25 de Setembro de 1967 (cf. wikipedia)



glbtq | the singing sculpture | exposição Tate Modern 2007 (inclui vídeos com os artistas) | artnet | lehmann maupin









© Gilbert and George, Bloody Mooning, 1996


© Gilbert and George, Fuck, 1977 | Hunger, 1982


© Gilbert and George, Naked, 1994


© Gilbert and George, Shit and Piss, 1996


© Gilbert and George, Cocks, 1988 | Piss Mooning, 1996


© Gilbert and George, Front and Back and Piss, 1996


© Gilbert and George, Spunk Money, 1997 | Clean Me, 2004








sábado, 20 de setembro de 2008

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

..:: às vezes ◙◙◙ as primeiras ::..


[para ver o esquema em grande, é só clicar-lhe em cima]


[ignorando a parte do segredo!...]


Às vezes, podemos pensar que controlamos a nossa vida. Nada de mais errado pois, de repente, temos de fingir que está tudo bem. Temos de pôr o nosso sorriso número 3, máscara número 5. Nada pára. Excepto uma vontade muito forte para fugir. Daqui. De nós.
Há um ano tive a minha primeira consulta de urologia. Na semana passada, a primeira de endocrinologia. Um ano de permeio, o mesmo problema que me afecta há quase dois. Já sabia há muito, mas agora tenho a confirmação em mim próprio: o corpo não é mais que matéria comandada pelo cérebro. Cá em baixo tem tudo que ver com o lá em cima. Também na semana passada fiz a minha primeira TAC. Nada de especial? Nem sei, não percebo patavina do que diz o relatório sobre região selar e a sela turca. Aparentemente, está tudo bem. Ufa!, um certo alívio... o problema persiste. E agora? Ok, mija-se prà mão e deita-se fora, dizíamos nós em crianças. Sim, isto deve continuar a ser uma brincadeira. Como pode um grão de ervilha como a hipófise ou uma amêndoa como o hipotálamo ter a importância que tem na nossa vida? Ainda bem que nem nos apercebemos dela, como tudo o resto relativo à nossa saúde, enquanto isso acontecer é muito bom sinal. Bom mesmo é que começa hoje o Queer Lisboa! Esperamos ver-vos por lá!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

..:: ᴙɘⱴΐᵴⱦɐṩ com'out trḝs ::..



Deuses e mitos

Além da abordagem sobre os deuses olímpicos de 2008 (as fotos do Phelps estão excelentes), há nesta Com'Out um mito que me fez erguer o sobrolho e sobre o qual há muito que queria ter tecido algumas considerações sobre. Gosto de ler a opinião dos outros (por exemplo, a crónica de António Balzeirão é um bom exemplo disso, cf. p. 98), mas não gosto de maniqueísmo, de branco ou preto, de ter de escolher, assim à cabeça, entre dois (às vezes, nem mesmo entre três é fácil), o que acontece no confronto das duas opiniões antagónicas expostas na página 11. Repito-me: há muitas cores no mundo, caramba!
Com efeito, a Com'Out nas páginas 11 e 17 aborda a questão: ser-se + feminin@/+ masculin@ ou ainda + passivo/+ activo. Parece ser o momento, até porque a Sara reflecte sobre o assunto. De facto, feminino e masculino são conceitos um pouco vagos e que tantas vezes nos são aplicados (ou nós próprios os auto e hetero-aplicamos) de forma arbitrária e subjectiva. Há várias décadas que a crise dos géneros atingiu vários níveis do saber e da vida e com repercussões extraordinárias que levam, por exemplo, à fluidez e maleabilidade de fronteiras.
Isto interfere directamente com a questão dos papéis: perguntaram ao Will se dava ou levava, por exemplo. Como se a vida se resumisse a isso: dar ou levar. Lembro-me do adágio que aplico aqui como ouro sobre azul: quem vai à guerra, dá e leva! Por muito que os papéis sejam estanques, nunca são assim lineares e simplistas ao ponto de simplesmente dar ou levar*. Às vezes penso que devo ser tão óbvio que nunca me abordaram com essa dúvida, se o fizessem responderia como não gosto de rótulos, muito menos dos que se referem ao + feminin@/+ masculin@ e tão-pouco do + passivo/+ activo. Não consigo definir-me dessa forma; afinal, valorizo mesmo a versatilidade (a todos os níveis, ok - mesmo que não a aplique) e dizerem-nos que eu tenho o perfil de dona de casa e de fêmea na cama e o Zé de macho não encaixa em nada do que somos no nosso quotidiano. É de facto, um mito que não dá com nada.
Por falar em casa, há tarefas em que o Zé é melhor e para as quais não tenho paciência, mesmo implicitamente já definimos isso há muito tempo. Por exemplo, o Zé nasceu com portentosos dons. Um deles é o da bricolage. Da minha parte, quando me meto nessas coisas pode suceder uma das seguintes situações com o mesmo resultado: 1) parto o objecto ou deixo-o irrecuperável; 2) fica tudo mal feito e termina no caixote do lixo. Bem, a verdade é que até sou eu quem quase sempre limpa o pó... portanto, de vez em quando há qualquer coisita que vai para o lixo ou que fica alterada: o São Sebastião, por exemplo, está a ficar sem setas!
Eu sei que as pessoas em geral, por uma questão de organização e sobrevivência, precisam de ter tudo compartimentado, rotulado, segundo as convenções que lhes foram incutidas para saberem inclusive onde se situam e que terreno pisam, mas será demais perceberem que é possível evoluir (até mudar... sim, mudar!), que nem tudo se rege pela sua visão do mundo ou encaixa nas medidas com que traçaram a sua suposta estabilidade (social, emocional, etc.)?



* Existe ainda aquela casta de alguma boa gente que reproduz um preconceito fantástico: o de que gays/homossexuais (leia-se maricas, paneleiros, larilas, etc. e tal) são os que assumem o papel de passivo numa relação sexual. Espero que um dia descubram como estão redondamente enganados e que, mais um adágio, tão ladrão é o que vai à loja como o que fica à porta. Trata-se de um raciocínio tão fantástico mas tão fantástico que, para os que o advogam, lamentavelmente, a minha cabecinha não encontra explicação sequer possível. Como termina a Cidália: oh, God make me good, but not yet!



ADENDA: vale a pena ler o editorial «Tristes figuras» sobre os enrustidos da nossa praça: «Cada um sabe de si. Acreditamos que se houvesse um coming out geral não seriam suficientes todas as páginas dos jornais e revistas portuguesas para publicarem os nomes. O que provoca uma certa indignação é muitas dessas ditas figuras se exibirem na praça pública inventando namoros, fabricando mentiras a troco da aceitação da sociedade. Em Portugal ainda se continua a pagar um preço muito alto pela saída do armário. E muitos concluem que mais vale continuar a ser sócio do clube dos hipócritas, do que ser excluído do circo, onde estão condenados a desempenhar eternamente o mesmo papel...»


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

≈≈ rainha [2] ::..

Prometo: são os últimos vídeos! Eu sei... isto já é abuso, mas se não tiverem paciência para tanto vídeo passem à frente ou ao próximo (no próprio youtube é possível vê-los com uma qualidade um pouco melhor).













..:: «pode adorar-se o Deus que nos castiga?» ::..


Read this document on Scribd: O Sexo e a Cidália

terça-feira, 16 de setembro de 2008

≈≈ rainha [1] ::..

O som não é melhor e as imagens também perderam qualidade na passagem para o Youtube, mas pelo menos fica o registo para a posteridade.












segunda-feira, 15 de setembro de 2008

≈≈ sticky and sweet ::..





Vibrante. Contagiante. Visualmente irrepreensível. Tudo cronometrado ao milímetro. Animal de palco. Bom tempo. Muita, muita gente. Ser alto ajudou... Péssima, péssima (superlativo de mau!) organização das massas. Bichas por todo o lado. Ah, até parecia terem aberto o zoológico. De resto, pouco temos a acrescentar a isto, isto e isto. Rainha, pois claro!


[p.s.: os restantes vídeos e fotos virão depois, quando o tempo o permitir!]