quinta-feira, 11 de outubro de 2007

..:: ganhei o dia ::..

Perseverança. Persistência. Tento não me esquecer destas duas palavras. Hoje almocei com a minha amiga Monga, e acho que sem o saber foi, mais uma vez, no momento certo. Monga, sim repito só para que não te esqueças: apoio-te (melhor, apoiamos-te - Zé incluído) em tudo, agora e em todas as horas, em todas as tuas decisões porque sabemos como és sensata e amas incondicionalmente o Pedro. Perseverança. Persistência. Espero que te tenha ajudado, nem que tenha sido só um pouquinho.
Chego a casa e cadê os óculos? Desespero total: já sei que não perco a cabeça porque a tenho agarrada, mas logo os óculos!... Tentei refazer o percurso, tinha passado por tantos sítios possíveis, mas tinham de estar na Católica. Ligo à Monga e nada, não atende. Percebo bem porquê, mas fico furioso. Saio novamente numa correria com a sensação que os recuperaria. Pergunto se há um sítio de perdidos e achados; não há, explica-me um funcionário, se alguém os encontrou pode tê-los entregue em qualquer sítio. Vou ao bar onde tomámos café: nada. Rondo os sítios onde estivemos sentados. Tu continuas sem atender ou responder à mensagem. Decido voltar ao pavilhão do funcionário, vou à reprografia, nada, na papelaria, nada, na livraria, nada. Bolas, a minha intuição falhou redondamente. Onde hei-de procurar mais? Perguntar individualmente a cada funcionário? Era impraticável. Quando chego ao bar, o funcionário com quem já tinha falado pergunta-me se já os tinha encontrado. Não. Encostado ao balcão, viro a cabeça à esquerda: estava lá a inconfundível caixa Tag Hauer. Tinha de ser a minha, só faltava saber se estariam lá dentro. E estavam. Um rapaz tinha-os entregue lá. Quis agradecer-lhe, mas a funcionária já não o viu na sala, pedi-lhe que lhe agradecesse muito por mim. Preciso dos óculos como de água e, com as lentes, estes (iguais aos do Zé, excepto na cor das hastes, na graduação e no formato das lentes) tinham-me custado os olhos da cara, um ordenado quase completo do meu horário incompleto. Perseverança. Persistência. Afinal, não me posso queixar da sorte e percebi que a persistência tinha dado resultados, podia ter desistido depois de três ou quatro sítios sem êxito.
Já perdi tanta coisa e grande parte consegui recuperá-la porque acreditei na honestidade das pessoas e voltei atrás: chapéus, livros, senhas, bilhetes, canetas, os óculos que afinal tinha postos, sei lá. Guardo tudo em sítios improváveis, normalmente no local correcto. Entro sempre em pânico. Na faculdade, deitei fora um papel que tinha na mão: o raciocínio foi "mas porque raio ando aqui com este papel, lixo com ele". Chego à cantina velha e onde pára mesmo a senha? Lembrei-me que tinha deitado fora um papel inútil. Voltei atrás e lá estava ela à minha espera. Ontem, deixei as chaves na porta e veio a vizinha colar o dedo à campainha: vizinho tem as chaves na porta. Ah, obrigado. Está tudo bem? Sim, e o Zé? Também, não está cá mas está tudo bem. Então beijinhos para ele. Serão entregues! Não era a primeira ocasião que deixava a chave na porta; desta vez, eu tinha acabado de chegar. Tocam novamente à campainha. Ah, desculpe, mas mandei outra vez beijinhos e queria dizer cumprimentos. Ó vizinha, não se preocupe com isso, que serão entregues na mesma! Bom, acho que ela fica muito embaraçada e sem razão, obviamente.
Também já tive perdas irrecuperáveis: o discman (muito antes dos leitores de mp3), a caixa com os CD's da amiga da Ângela (sim, esqueci-me do seu nome), os três cartões de multibanco no mesmo Verão, o BI, as chaves.
Enfim, acho que tenho algumas razões para dançar (já troquei o Michael Nyman por Yukimi Nagano), não fosse uma certa e determinada angústia cuja origem desconheço e que de quando em vez atormenta as minhas horas. Contudo, sinto que ganhei duplamente o dia: pelo reforço da amizade que nos une, Monga, e por ter perdido a tarde mas recuperado os meus oculinhos (já me estava a ver com uma das versões anteriores - sim, convém guardá-las não vá acontecer novamente e não haver quem os devolva).


Tenho uma fixação por olhos. Este é do Zé. É um auto-retrato meu, mais não seja porque também estou lá.

17 comentários:

  1. eskimo friend, ainda bem! olhos, olhares, pessoas. Eu apaixonei-me por estes olhos, por este olhar, por esta pessoa. Acredito que os olhos são mesmo uma porta (aberta ou fechada)

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  2. Ora vamos por partes...

    1- Acrescento às tuas palavras que fazes por não esquecer, mais duas: Respeito e sensatez.

    2- Junta-te ao clube! Pois só uma distraída de primeira.

    3 - Embora com a «intempérie» dos óculos,permite-me dizer que tens motivos para dançar! Além do mais, amanhã é sexta-feira!:-)

    Beijinho e muita dança :-)

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  3. Shadow, obrigado pelas partes!
    1. Sensatez, tenho de me lembra dela! Não é que seja insensato, mas como sou um pouco para o impulsivo, lá se vai a sensatez. Quanto ao respeito, faz parte do dicionário básico dos meus dias. Tenho é de lembrar os outros para não se esquecerem dele!

    2. Vamos fundar o clube dos distraídos de primeira. Temo pelos números. Melhor, deve ser um sucesso.

    3. Amanhã é sexta, o Zé regressa, termina a semana, etc. Mas ter uma reunião às 19h, quando me levanto às 6h30, é violento. Ainda se houvesse um sofazinho lá na escola onde pudesse bater uma sorna... :)

    Boa perspectiva de fim-de-semana e abraços

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  4. Bem, eu já fui à bilheteira de cinema, comprei bilhetes, e cá fora olhei para a mão e pensei "que papeis são estres?" E deitei-ops ao lixo. Tive sorte porque o rapaz da caixa fixou-nos e deixou-nos entrar. Mas a minha vida é repleta de percas e esquecimentos. O último foi um guarda-chuva na Coina. Nem o centrum me vale.
    Abraços

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  5. lol
    X, nunca deitei bilhetes fora, mas perco-os sempre. Conclusão: o Zé é que os guarda SEMPRE religiosamente. Apanhávamos cada angústia quando estávamos à porta e eu n os encontrava... Quanto ao chapéu na Coina, já tinha lido, o teu texto. Já lá trabalhei. De engraçado só o nome.

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  6. Amigo, que périplo depois de teres estado comigo!! Juro que olho mil vezes para o telemóvel, excepto quando me telefonam...a sério, nunca atendo o meu pai, p.ex., mas neste caso era grave, sei bem o que é precisar de óculos, eu sem eles sou igual ao Pitosga. Peço muita desculpa.
    Quanto ao resto, perseverança e muita determinação são necessárias nas relações, nos casamentos, ai sem dúvida. A mim ainda me falta a paz.

    Beijinhos e obrigada pela companhia, ao menos fiquei a saber que por mim até partias a cara a alguém!!(não és violento, mas acho que já sabia)

    Monga

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  7. Eu também sou um pouco despassarado, ando sempre a perder e a encontrar as coisas. A foto está gira também tenho por aí uma muito parecida.
    Um abraço.

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  8. Amiga monga,
    não te preocupes que tudo fica bem quando acaba bem... Ainda tentei comunicar contigo doutra maneira, mas pelos vistos funcionou justamente ao contrário. Tinha de ser eu mesmo a ir lá e pronto :)
    "Paz" é mais uma a acrescentar à lista!
    Nem sei que mais te recomendar, mas já é muito. E eu posso não partir a cara a ninguém, é verdade, mas sei esganar com eficiência! Já houve quem tivesse provado, até ficar roxo, e por duas vezes, pelo menos. De resto, o melhor é nem começar que desconheço a força que tenho.
    Beijinhos e se for preciso, telefona que falo com o Zé e vamos os dois (sempre mete mais medo e respeito!).

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  9. Special K, então também és do clube. Shadow e X, já não somos os únicos.

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  10. Como invejo as vossas distrações!!! Uma vez fui levantar dinheiro ao multibanco, e já na rua guardei o talão na carteira e deitei o dinheiro no caixote do lixo :( Felizmente existem pessoas maravilhosas: um casal de turistas franceses ( aconteceu-me numa praia)correu atrás de mim: "Madame!!! Madame!!! O seu dinheiro!"
    Acho q nada me pode valer... Mas a vida é bela e isso é q é essencial

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  11. Mar de Calmaria, como me ri a imaginar alguém a deitar o dinheiro fora. Não sei como nunca me aconteceu! A tua história supera, mas perder uns óculos que custaram 500€ e ainda por cima ficar pitosga era obra!
    De facto, ainda bem que a vida é bela!

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  12. Paulo, gostei muito deste teu texto: do que conta e de como o conta. É o teu retrato. Ou, por outra, retrata o Paulo que eu conheço, não propriamente pela distracção mas sobretudo pelo nervosinho que perpassa a retórica do texto.

    Para a Monga, que vou conhecendo daqui e do seu blogue, um forcinha para o problema que te aflige.

    Um beijinho,
    D

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  13. Bolas, Denise, dá mesmo a ideia de que personifico o nervosismo :)
    Enfim, eu percebo: às vezes, enervo-me com o meu próprio nervosismo, quer dizer, nem é bem nervosismo, mas sim carga sobrecarga eléctrica. Mexo em tanta coisa ao mesmo tempo que ninguém aguenta, eu sei. Beijinhos!

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  14. Não te enerves com o teu nervosinho, que te dá muita pinta e torna-te muito mais giro :)

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  15. Amigo Paulo
    o teu texto seria quase banal, se não fosse a forma muito pessoal como contas as coisas, com um "entusiasmo" que é estimulante para quem lê; e seria banal, pois pessoas a perderem coisas ou a fazerem coisas por distração, são mais que muitas. Eu tenho duas distrações predilectas, que são deixar o telemóvel no carro, "por um momento", e não fechar as portas (já me custou 2 telemóveis), e a maior, que é quase uma fobia, que é ter medo de sair de casa com as chaves lá dentro, o que já aconteceu duas vezes. Como vês, se juntares a isso a habitual perda de chapéus de chuva (já desisti de usar) e de canetas, todas elas oferecidas, daquelas com anúncios, pois já nã uso das que temeria perder.
    O clube teria muitos mais sócios do que poderias pensar.
    Abraço.

    Quanto aos olhos, bem, é com eles que "mato e morro".

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  16. 1) Denise, tento não me enervar comigo próprio. Nem sempre consigo. Acontece demasiadas vezes para o meu gosto. Acho que já desisti: não consigo evitar.

    2) Pinguim, obrigado pelo elogio sobre a escrita. De facto, o acontecimento é banal, mas vivi-o com uma intensidade... Acho que todos temos ou já tivemos episódios com esquecimentos, portanto, acho que somos muitos, sim senhor!
    Gostei muito do "mato e morro"! Nem mais!
    Abraços

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