sábado, 26 de julho de 2008

..:: livre ::..

Porque ontem, dizem-me, começaram oficialmente as minhas férias. Devia estar feliz, sentir uma euforia qualquer. Por que será que não?




sexta-feira, 25 de julho de 2008

..:: barão de lavos ::..

«Entre nós, parece-nos pouco avisado falar de cultura gay pré-Stonewall, embora se possa e deva falar de cultura homossexual tout court e, nesse campo, das suas representações literárias. À partida, importa rejeitar o álibi da patologia social com que Abel Botelho tentou subtrair O Barão de Lavos (1891) à pulsão da pederastia. Mesmo à época, o esfarrapado argumento do impulso hereditário – a famosa diátese dos afectos – só podia vingar numa sociedade profundamente recalcada como a nossa
Eduardo Pitta, Fractura: A Condição Homossexual na Literatura Portuguesa Contemporânea. Coimbra: Angelus Novus, 2003; pp. 11-12.


Além da citação acima, só invoco o 3º e o 10º direitos do leitor e sigo para bingo. Avaliem pelos excertos seguintes.



«O atavismo fez explodir neste [Sebastião, o barão] com rápida energia todos os vícios constitucionais que bacilavam no sangue da sua raça, exagerados numa confluência de seis gerações, de envolta com instintos doidos de pederasta, inoculados e progressivamente agravados na sociedade portuguesa pelo modalismo etnológico da sua formação. A inversão sexual do amor, o culto dos efebos, a preferência dada sobre a mulher aos belos adolescentes, veio-nos com a colonização grega e romana. Nos Gregos a pederastia era uma paixão comum e de nenhuma forma desprezível. Cantavam-na e celebravam-na publicamente. Essa obscena invenção de Ganimedes, príncipe troiano duma beleza maravilhosa, arrebatado e transportado ao Olimpo pela águia de Júpiter para substituir Hebe, a hetera divina, no serviço particular dos deuses, é um símbolo; dá o documento frisante de quanto era honrado o efebismo na antiga Grécia. […]
Os Romanos imitaram, e excederam, por conseguinte, os povos mais velhos do Oriente no gosto da pederastia. […] Os grandes modelos de dedicação fraterna que nos oferece a História – Castor e Pólux, Pirítoo e Teseu, Pílades e Orestes, Alexandre e Heféstion, Harmódio e Aristogíton, os dois filhos de Adiátorix, os nossos dois Ximenes, Antínoo e Adriano, Pátroclo e Aquiles – não passam os mais deles de espécimes aberrativos de mútuas complacências libidinosas.
De Roma é claro que a paixão dentro do mesmo sexo alastrou para as colónias. A contaminação era fatal. Sofreu-lhe os efeitos a Península Hispânica, mormente no Sul e no Oeste, aonde mais demorada e mais poderosa foi a influência etológica dos Romanos. Depois vieram os bárbaros do Norte inocular sangue novo no derrancamento crapuloso do Império. A transfusão foi crudelíssima. […] A regeneração foi prodigiosa. Dos escombros da assolação ergueu-se – pura, sadia, idealista, ingénua – a sociedade medieval» (pp. 26-28).

«Com a diuturnidade da causa, o mal prosperou e enraizou-se, alargando sobre a geração de hoje um império feroz e dissolvente» (p. 28).

«No barão de Lavos confluíam poderosamente as qualidades todas do pederasta. Quando tinha 10 anos, entrou para o colégio de Campolide. […] Com o penujar da adolescência veio-lhe o impulso de verter nos companheiros as demasias da sua alma generosa c ávida. Amou alguns dos colegiais que lhe orçavam pela idade. Foi excessivo. Destas cenazinhas adoravelmente ridículas, que são triviais nos colégios – trocas de solilóquios inflamados, cartas, exorações, amuos, rancores, ciúmes, pugilatos, ensaios precipitados de cópula do palmo quadrado das latrinas – de tudo teve o futuro barão num grau exagerado e quente, a que a sua compleição débil e requintada vestia o máximo colorido» (pp. 29-30).


Abel Botelho »» O Barão de Lavos (Patologia Social) »» texto estabelecido por Justino Mendes de Almeida »» Lello & Irmão »» 1982


quarta-feira, 23 de julho de 2008

..:: às quartas ::..

Porque hoje é quarta, tinha ali um livro sobre o qual falar. Simplesmente, não me apetece. Hei-de regressar-lhe quando me der na real gana. Por outro lado e na sequência deste texto, lembrei-me, again, de Fredo Viola (se não o ouviram na altura, voltem atrás e ouçam-no agora). Aqui vai outra canção do tipo. Para todos vós.

terça-feira, 22 de julho de 2008

..:: atenção aos efeitos secundários ::..

Na página da canadiana Reversa, podem escolher, no canto inferior direito, a personagem (bombeiro, cozinheiro, canalizador e jardineiro... cheira bem, cheira) e ainda o que querem que faça... Aviso: pode impressionar mulheres com menos de 35 anos! E não só! A campanha está o máximo. Apresento aqui alguns dos vídeos que não dispensam uma passagem lá pelo site da companhia dermatológica. Apresento-vos, então:

» o bombeiro «
(os 3 vídeos num só)

» o canalizador «


» o cozinheiro «
(os 3 vídeos da campanha)




» o jardineiro «



visto inicialmente aqui

segunda-feira, 21 de julho de 2008

..:: memória do lugar : piquenique nas Caldas ::..

Aviso já que a maioria das minhas fotos está para ir para o lixo: usei o ISO errado... Resultado: uma bela porcaria!

domingo, 20 de julho de 2008

..:: os 21 na mata, num domingo à tarde ::..



«Caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa, e ter no fim da caminhada um objectivo agradável: eis, de todas as maneiras de viver, aquela que mais me agrada.»
Jean-Jacques Rousseau



Conclusão: excelente dia D! A organização não podia ter sido melhor: a simpatia do Algbiboy e do seu mais que tudo foi cinco estrelas! Com um tempo que podia ter sido muito desanimador, a mata revelou-se a escolha mais que perfeita para 21 criaturas (para quem não gosta de "criaturas", algumas variantes: alminhas... mulheres e homens... seres... pessoas... pessoas humanas, como já se ouve bastante - sim, há mesmo pessoas desumanas -, sei lá) de deus se reunirem. Nem todos nos conhecíamos, mas acredito que para os estreantes se revelou uma boa e incrível surpresa. Como nos dizia aqui há tempos o Pinguim, nós escolhemos e somos escolhidos. Podia ter estado mais gente, mas tudo correu tão bem que melhor me parece impossível (mesmo com a cena das posturas à mistura, mas tinha de ser: tínhamos de dar o ar de nossa graça). Não me enganei quando antecipadamente agradeci ao Algbiboy pela ideia, pelo trabalho e empenho que depositou na iniciativa. Obrigado, pela tarde tão bem passada, pela visita guiada, pela comida, bebidas, pela lembrança personalizada do encontro... basicamente, por tudo. A repetir, rapaz! A repetir!



P.S.: as fotografias virão, quem sabe, amanhã (primeiro tenho de as seleccionar de entre quinhentas e tal!). E o Rousseau tinha toda a razão!


sábado, 19 de julho de 2008

..:: assumidamente :: o amor é lindo ::.. PITTA & NEVES

Descobri-o numa pesquisa rápida na web em que se falava daquela que era na altura a 1ª edição de Persona (mais recentemente saiu a 2ª edição revista sob a chancela da QuidNovi). Percebi-o nas palavras. Na poesia. Só bastante depois conheci Eduardo Pitta, em carne e osso (aquele que se renova diariamente no blog da literatura). Foi na primeira vez que falei publicamente sobre ele e a sua obra. Não sabia que apareceria. Não concebia sequer que soubesse da minha existência. No momento em que vislumbramos um pequeno grupo a aproximar-se dos vidros da sala um pouco para o exíguo, A Professora fixa-nos e garante que não tinha dito nada ao autor. Percebo, então, quem era aquele homem que chega em comitiva, que inclui o Jorge e a Helga, à hora a que eu devia começar a botar faladura. Pontuais, nós é que estamos atrasados: a Inês ainda discursa sobre o Pina. Ao ver o António no meio, percebo a coincidência. Fico mais nervoso ainda e com matéria suficiente para o dobro ou o triplo do tempo. Baralho-me todo.
Resumindo, foi muito importante que tivessem aparecido, na medida em que permitiu encetarmos um conhecimento que culminou em amizade. Fiquei a admirá-los, como se admiram os ídolos. Eu e o Zé tivemos o privilégio de nos ser permitida a entrada no seu universo. Não era preciso, mas quero dizer que gosto genuinamente deles (mesmo não concordando nas questões políticas lol).


Eduardo Pitta e Jorge Neves, Junho de 1989


Jorge e Eduardo construíram uma relação sólida que, de certa forma, invejamos. Pela duração, pela partilha, pela frontalidade e cumplicidade que transpiram. Pessoalmente, espero construir o mesmo com o Zé, ir olhando para trás e ver uma vida plena de partilha.
Até há uns tempos atrás, podia ler-se no site de Eduardo Pitta: «No dia 19 de Julho, durante uma breve licença em Lourenço Marques, conhece Jorge Neves, seu actual e único companheiro». Corria o ano de 1972. Hoje é o dia deles: faz, portanto, 36 anos que pela primeira vez se cruzaram. Parabéns aos dois! Tantos anos, sim, são de comemorar! O poema seguinte regista a memória desse mesmo encontro:



tu sabes que é para ti

Encontrei-te perplexo
entre duas saídas.
Fomos vagamente planálticos,
nossos rins chicoteando-se
ao entardecer.
Pretexto salivado
do que não aconteceu,
esboço nas tuas mãos de camurça.

Soletrados a compasso,
meticulosos,
acontecemos por acaso
entre acácias e jacarandás.


Lourenço Marques, 19-7-72

Eduardo Pitta »» Poesia Escolhida »» Círculo de Leitores »» p. 33 [ler mais aqui]

sexta-feira, 18 de julho de 2008

..:: absolutely cuckoo ::..

Bem me parecia que me faltava qualquer coisa, quando hoje regressei da escola. Raisparta o calor e a nostalgia... Têm-me valido The Magnetic Fields. Se não conhecem, ouçam-nos com o mesmo prazer com que eu os descobrir e tudo graças a esta entrada e à recomendação do Mike (ok, já tinha ouvido falar deles no Castelo de Areia e na Memória Fracturada, mas não liguei muito).


The Magnetic Fields



Absolutely Cuckoo



When my boy walks down the street

..:: o homem dos nossos sonhos ::.. Jay Brannan



Jay Brannan


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Conhecemos este puto com ar de malandreco em Shortbus, mas ele é mais dado à música, apesar de também já ter registado a passagem em Holding Trevor.