quarta-feira, 6 de maio de 2009

..:: 'ternura' ::..


[Escolhi este poema de David Mourão-Ferreira como complemento da entrevista]

Ternura


« Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
»


David Mourão-Ferreira »» Obra Poética: 1948-1988 »» Lisboa »» Presença »» 1996 »» p. 170

8 comentários:

  1. Esse poema é lindo. Adorei o fim! :)

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  2. Que ternura de poema! :)

    Boa selecção! :) ADOREI!

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  3. Caros Paulo e Zé,
    Pelo direito ao amor, à ternura é a única guerra que vale a pena travar.
    O vosso amor merece tudo.
    Saibam preserva-lo, porque para as lutas futuras e os passos que tiverem que ser dados em frente há um grande exército ao vosso lado.
    Contem comigo.
    Um abraço a ambos
    Nocturna

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