quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

..:: palavras que nos salvam ::.. Camões

soneto 92

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, em mim,
converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões »» Rimas (texto estabelecido por Álvaro J. da Costa Pimpão) »» Coimbra: Almedina »» p. 162

4 comentários:

  1. Tão verdade séculos depois...
    Muda-se tudo, tudo muda: os outros, nós, os outros em nós e nós nos outros...perene são contudo os sentimentos alimentados e daí gostar tanto de vocês.
    Bjo.

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  2. Ai este soneto...adquire particular relevo nesta altura....!!!:/

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  3. Adoro este soneto do grande Camões...alias, raros são os escritos do Camões que não encontrem a minha "aprovação"...mas com este fundo musical, fica ainda melhor...parabéns aos que fizeram o arranjo musical...està muito bem escolhido!

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  4. Desculpa mas isto parece mentira ... não posso crer que escrevi um post em que mais ou menos me referi a este poema de Camões e agora, assim saído do nada, ei-lo aqui ... até parece que copiei ... pois, cada vez mais me convenço que o post "Telepatia de Lara Li" faz sentido ... e mais não digo

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