PRIMEIRAMENTE
« Acordo sem o contorno do teu rosto na minha almofada, sem o teu peito liso e claro como um dia de vento, e começo a erguer a madrugada apenas com as duas mãos que me deixaste, hesitante nos gestos, porque os meus olhos partiram nos teus.
E é assim que a noite chega, e dentro dela te procuro, encostado ao teu nome, pelas ruas álgidas onde tu não passas, a solidão aberta nos dedos como um cravo.
Meu amor, amor de uma breve madrugada de bandeiras, arranco a tua boca da minha e desfolho-a lentamente, até que outra boca – e sempre a tua boca – comece de novo a nascer na minha boca.
Que posso eu fazer senão escutar o coração inseguro dos pássaros, encostar a face ao rosto lunar dos bêbados e perguntar o que aconteceu. »
E é assim que a noite chega, e dentro dela te procuro, encostado ao teu nome, pelas ruas álgidas onde tu não passas, a solidão aberta nos dedos como um cravo.
Meu amor, amor de uma breve madrugada de bandeiras, arranco a tua boca da minha e desfolho-a lentamente, até que outra boca – e sempre a tua boca – comece de novo a nascer na minha boca.
Que posso eu fazer senão escutar o coração inseguro dos pássaros, encostar a face ao rosto lunar dos bêbados e perguntar o que aconteceu. »
Cheio de dor mas absolutamente maravilhoso.
ResponderEliminara doçura de Eúgénio...e hoje, soube especialmente ler este trecho...muito bem escolhido...
ResponderEliminara doce brandura da saudade...hoje sinto-a um bocadinho, desde ontem.
Não sei do que goste mais: se da foto, bela e sereníssima, se das palavras de um dos maiores escritores portugueses do século XX (não é só poeta...)!
ResponderEliminarApetecia-me ter escrito isto na página em branco do livro...
Abraço amigo.
A foto: linda, serena, a convidar à reflexão e à meditação.
ResponderEliminarAs palavras de Eugénio de Andrade: dizem-me tanto!
Ai Paulo, que este teu post fez-me recordar Alguém... E a imagem do livro, ainda por escrever...