terça-feira, 9 de março de 2010

singular ou... [dois]

Chimamanda Adichie e os perigos dos discursos únicos


Por ser branco, nunca liguei muito a certos discursos. Mas até eu devo estar a mudar. Aliás, acho que, mesmo indelevelmente, ultimamente estou a mudar muito. As questões raciais são um desses pontos que passaram a preocupar-me mais - assim como os direitos das mulheres. Talvez por causa dos discursos destas mulheres contadoras de histórias (há uma outra sobre quem falarei aqui depois). Por isso, descobrir esta comunicação da escritora nigeriana Chimamanda Adichie foi como ter tido uma daquelas revelações que mudam a nossa vida. Ou ter tido uma daquelas raras epifanias que ilumina o dia mais cinzento.
Aprende-se imenso com a voz às vezes trémula de Chimamanda, mas sempre senhora de si e da sua identidade. As suas palavras estão a par do discurso de Isabel Allende, ou mais ainda. Toda a gente devia ouvi-las e reflectir sobre o perigo da história única. As maiorias. As minorias. Para aprenderem algumas coisas e reconhecerem o perigo da generalização. Serve para quem tem «pele de chocolate». Serve ainda para constatarmos que é muito fácil apontarmos o dedo ao Outro, julgarmos o Outro, ostracizarmos o Outro. E mais uma vez um discurso fundamentado na experiência pessoal.
Percam algum do vosso tempo para ouvir mais este discurso fabuloso! Verão ainda que, tal como no discurso de Allende, a vossa reacção balançará entre o riso, a inspiração pura e o arrepio. Confiram o poder da(s) palavra(s). O poder da(s) generalização(ões). O poder de sermos, afinal, tão singulares. Espero ainda que estes dois discursos ajudem as mulheres a contornarem o destino e a não se esquecerem de ser!
Já agora, Chimamanda Adichie está publicada em Portugal pela Asa.

Pode ler-se na página do TED:
«As nossas vidas, as nossas culturas, são compostas por muitas histórias sobrepostas. A romancista Chimamanda Adichie conta a história de como descobriu a sua voz cultural - e adverte que se ouvirmos apenas uma história sobre outra pessoa ou país, arriscamos um desentendimento crítico.» »»


Pode ouvir-se nas palavras desta contadora de histórias:
«Todas estas histórias fazem de mim quem eu sou.
(...) A história única cria estereótipos, e o problema com os estereótipos não é eles serem mentira, mas eles serem incompletos. Eles fazem uma história tornar-se a única história.»




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