O ano passado falei do corpo dominado. Agora referir-me-ei a esse mesmo corpo a que apelidarei de (i)limitado/ torturado. Vem na sequência da entrada anterior e cumprindo a promessa que deixei no ar.
Com efeito, gosto de pensar (até para meu próprio auto-consolo) que consigo torcer as palavras a meu bel-prazer. Nem sempre funciona, mas, quando acontece, trata-se de um jogo relativamente inofensivo de que não saem feridos (como se as palavras não pudessem ser punhais) e desde que eu não resolva retaliar sobre ninguém (apesar de menos exposto, tenho dedo em riste e língua afiada).
Vem isto a propósito de umas senhoras e de uns senhores que resolveram utilizar o corpo como superfície ou suporte da sua intervenção artística. Dessa forma, tornam concomitantemente o seu corpo a obra de arte, num processo que também passa por torcê-lo, como se fosse maleável, em performances que nada têm de inofensivo ou incólume. Chama-se-lhe genericamente body art ou artes perfomativas, onde o corpo, como afirma Stelarc, não é tanto objecto de desejo, mas de design, uma estrutura-escultura.
Penso nesta arte como uma forma perigosa de tornar o mundo mais belo, embora nutra uma grande curiosidade pelos processos (inclusive de loucura) que podem e conseguem agir sobre alguém a ponto da perfuração, do corte, do sangue, da manipulação da dor e dos limites do corpo de forma próxima das experiências borderline. Este é o tipo de arte, muito autobiográfica portanto, na qual é mais forte a bíblica frase de Jesus: Hoc est enim corpus meum (se não se lembram: “Isto é o meu corpo”). A lista que se segue não é exaustiva nem nada que se lhe pareça; como há muito que não havia artista da semana, demorei-me mais do que esperava nos meus arquivos e eis uma selecção de artistas e obras em que o corpo do artista ou de outros é o centro da questão.
Penso nesta arte como uma forma perigosa de tornar o mundo mais belo, embora nutra uma grande curiosidade pelos processos (inclusive de loucura) que podem e conseguem agir sobre alguém a ponto da perfuração, do corte, do sangue, da manipulação da dor e dos limites do corpo de forma próxima das experiências borderline. Este é o tipo de arte, muito autobiográfica portanto, na qual é mais forte a bíblica frase de Jesus: Hoc est enim corpus meum (se não se lembram: “Isto é o meu corpo”). A lista que se segue não é exaustiva nem nada que se lhe pareça; como há muito que não havia artista da semana, demorei-me mais do que esperava nos meus arquivos e eis uma selecção de artistas e obras em que o corpo do artista ou de outros é o centro da questão.
Aviso: nem sempre se trata de encenação, logo, e em grande parte, esta é uma arte para não impressionáveis. Depois digam que eu não avisei! (a ordem é a alfabética do nome do artista e todas as imagens podem ser vistas em maior)
«« Andres Serrano »»
«« Bob Flanagan »»
«« Carolee Schneemann »»
«« David Nebreda »»
«« Ernst Fischer »»
«« Franko B »»
«« Gina Pane »»
«« Günter Brus »»
«« Helena Almeida »»
«« Jenni Tapanila »»
«« Joel-Peter Witkin »»
«« Jürgen Klauke »»
«« Keith Boadwee »»
«« Loren Cameron »»
«« Marina Abramovic »»
«« Michel Groisman »»
Chiça!!! Para não dizer F*da-se!!!
ResponderEliminarImpressionante...
Bem, até me esqueci do propósito da minha visita...
Ah!!
Boa passagem de ano, meus lindos.
Bjinhos
É bastante arrepiante! :D
ResponderEliminarHá gostos para tudo... :)
ARTE: do Lat. arte
ResponderEliminars. f.,
conjunto de preceitos ou regras para bem dizer ou fazer qualquer coisa;
tratado, livro que contém esses preceitos;
artifício;
ardil;
faculdade;
talento;
habilidade;
ofício;
profissão;
indústria;
diabrura.
Arte-abstracta: arte que procura representar a realidade abstracta e não as aparências da realidade tangível;
Arte-figurativa: arte que retrata, de qualquer forma, alterada ou distorcida, coisas perceptíveis no mundo visível;
Belas-Artes: as que exprimem o sentimento estético, tais como a arquitectura, a escultura, a pintura, a música e a poesia.
Horrível...
ResponderEliminarAsqueroso, pronto, detestei!!!
O abraço de sempre.
Os limites entre a arte e a vida podem ser ténues e as formas de intervenção artística podem ser ostensivamente provocantes. E chocantes. E perturbadoras.
ResponderEliminarPerturbador...é o mínimo que se pode dizer. Mas não consigo afirmar que detestei. Em alguns casos há beleza, há arte, com tudo o que esta implica de sofrimento... decididamente mais complexo do que parece. A tentação de fugir é forte... mas acrdito que em todo o artista 8 e não só) há uma pontinha de sado-masoquismo. Nem que seja só para uso próprio e secreto. Em resumo: gostei da tua reflexão e desafio.
ResponderEliminarBeijinh@s
Não sei porquê, mas a imagens não abrem...
ResponderEliminarPassa-se qualquer coisa: as imagens não estão cá (se calhar, ainda bem, digo eu...). Fico com falta de ar quando vejo corpos maltratados e violentados, ainda que voluntariamente.
ResponderEliminarimpressionante, esta lista...
ResponderEliminarentretanto, um óptimo novo para vocês!