domingo, 28 de dezembro de 2008

..:: artistas da semana ::.. do corpo [i]limitado

O ano passado falei do corpo dominado. Agora referir-me-ei a esse mesmo corpo a que apelidarei de (i)limitado/ torturado. Vem na sequência da entrada anterior e cumprindo a promessa que deixei no ar.
Com efeito, gosto de pensar (até para meu próprio auto-consolo) que consigo torcer as palavras a meu bel-prazer. Nem sempre funciona, mas, quando acontece, trata-se de um jogo relativamente inofensivo de que não saem feridos (como se as palavras não pudessem ser punhais) e desde que eu não resolva retaliar sobre ninguém (apesar de menos exposto, tenho dedo em riste e língua afiada).
Vem isto a propósito de umas senhoras e de uns senhores que resolveram utilizar o corpo como superfície ou suporte da sua intervenção artística. Dessa forma, tornam concomitantemente o seu corpo a obra de arte, num processo que também passa por torcê-lo, como se fosse maleável, em performances que nada têm de inofensivo ou incólume. Chama-se-lhe genericamente body art ou artes perfomativas, onde o corpo, como afirma Stelarc, não é tanto objecto de desejo, mas de design, uma estrutura-escultura.
Penso nesta arte como uma forma perigosa de tornar o mundo mais belo, embora nutra uma grande curiosidade pelos processos (inclusive de loucura) que podem e conseguem agir sobre alguém a ponto da perfuração, do corte, do sangue, da manipulação da dor e dos limites do corpo de forma próxima das experiências borderline. Este é o tipo de arte, muito autobiográfica portanto, na qual é mais forte a bíblica frase de Jesus: Hoc est enim corpus meum (se não se lembram: “Isto é o meu corpo”). A lista que se segue não é exaustiva nem nada que se lhe pareça; como há muito que não havia artista da semana, demorei-me mais do que esperava nos meus arquivos e eis uma selecção de artistas e obras em que o corpo do artista ou de outros é o centro da questão.

Aviso: nem sempre se trata de encenação, logo, e em grande parte, esta é uma arte para não impressionáveis. Depois digam que eu não avisei! (a ordem é a alfabética do nome do artista e todas as imagens podem ser vistas em maior)





«« Andres Serrano »»





«« Bob Flanagan »»




«« Carolee Schneemann »»





«« David Nebreda »»





«« Ernst Fischer »»





«« Franko B »»





«« Gina Pane »»





«« Günter Brus »»





«« Helena Almeida »»





«« Jenni Tapanila »»





«« Joel-Peter Witkin »»





«« Jürgen Klauke »»





«« Keith Boadwee »»




«« Loren Cameron »»





«« Marina Abramovic »»





«« Michel Groisman »»





«« Niko Raes »»





«« Orlan »»





«« Paul McCarthy »»





«« Ron Athey »»





«« Shirin Neshat »»





«« Simon Costin »»





«« Spencer Tunick »»





«« Stelarc »»





«« Stuart Brisley »»





9 comentários:

  1. Chiça!!! Para não dizer F*da-se!!!
    Impressionante...

    Bem, até me esqueci do propósito da minha visita...
    Ah!!

    Boa passagem de ano, meus lindos.
    Bjinhos

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  2. É bastante arrepiante! :D
    Há gostos para tudo... :)

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  3. ARTE: do Lat. arte

    s. f.,

    conjunto de preceitos ou regras para bem dizer ou fazer qualquer coisa;
    tratado, livro que contém esses preceitos;
    artifício;
    ardil;
    faculdade;
    talento;
    habilidade;
    ofício;
    profissão;
    indústria;
    diabrura.

    Arte-abstracta: arte que procura representar a realidade abstracta e não as aparências da realidade tangível;
    Arte-figurativa: arte que retrata, de qualquer forma, alterada ou distorcida, coisas perceptíveis no mundo visível;
    Belas-Artes: as que exprimem o sentimento estético, tais como a arquitectura, a escultura, a pintura, a música e a poesia.

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  4. Horrível...
    Asqueroso, pronto, detestei!!!
    O abraço de sempre.

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  5. Os limites entre a arte e a vida podem ser ténues e as formas de intervenção artística podem ser ostensivamente provocantes. E chocantes. E perturbadoras.

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  6. Perturbador...é o mínimo que se pode dizer. Mas não consigo afirmar que detestei. Em alguns casos há beleza, há arte, com tudo o que esta implica de sofrimento... decididamente mais complexo do que parece. A tentação de fugir é forte... mas acrdito que em todo o artista 8 e não só) há uma pontinha de sado-masoquismo. Nem que seja só para uso próprio e secreto. Em resumo: gostei da tua reflexão e desafio.
    Beijinh@s

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  7. Não sei porquê, mas a imagens não abrem...

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  8. Passa-se qualquer coisa: as imagens não estão cá (se calhar, ainda bem, digo eu...). Fico com falta de ar quando vejo corpos maltratados e violentados, ainda que voluntariamente.

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  9. impressionante, esta lista...

    entretanto, um óptimo novo para vocês!

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»» responderemos quando tivermos tempo
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