(…) realmente, quando a água celestial começa a manar da sua nascente – ou seja, do mais fundo de nós mesmos – parece que todo o nosso íntimo se vai alargando, dilatando e tão inefáveis bens produzindo que nem a alma consegue entender o que ali se lhe dá. Sente uma fragrância, digamos, como se nessa fundura interior um braseiro exalasse insinuantes perfumes: não se vê o lume, nem se sabe onde está, mas o calor e os vapores aromáticos penetram por inteiro a alma e até muitas vezes – como já disse – tomam o corpo. Mas reparem e entendam-me: não se sente calor nem se respira perfume; trata-se de coisa bem mais subtil do que estas, que só me servem para vos dar um ideia. (…) Não se trata de coisa que se possa apetecer, pois por mais que nos esforcemos nunca conseguiremos adquiri-la; e basta vê-la para logo ficarmos a saber que não é do nosso metal mas do ouro finíssimo da divina sabedoria. Ao experimentá-la, as nossas potências não estão unidas – parece-me – e sim absortas, a ver, como que, espantadas, o que aquilo é.
Santa Teresa de Ávila »» in Moradas (Assírio & Alvim) »» pp. 73-74 (tradução de Manuel de Lucena)
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