sábado, 1 de setembro de 2007

..:: palavras que nos salvam ::.. Nuno Bragança

Quando cheguei aonde ela estava encontrei-a imóvel, que esperava. Vi o sorriso semitenso e a decisão há muito fixa nos olhos pretos sérios desde o berço. Mas lembro-me dificilmente – porque foi de curta duração a primeira-última olhadela que deitei à sua cara. Chegado ao alcance de braços e antes de eu ter tempo de hesitar já ela agia, para me sorver com a naturalidade esfomeada com que um mocho acolhe a noite. Pegou-me nos cotovelos. Sem largar, deitou-se à minha frente, puxando-me para cima e para dentro dela.
A maravilha do que se seguiu. Acordo síncrono em tudo: contacto-entrada deslizante em passadeira, mucos há muito preparados; rajada rápida de movimentos imparáveis, nós dois feitos corrida de gazela à frente do leão; orgasmo dela quando eu estava a meio do acabar. Tudo somado, durou trinta segundos. Talvez menos.
Ainda eu me achava tonto de ejaculado e já ela sacudia, erguendo-se. Ao rebolar, magoei o sexo num calhau. O tempo de verificar estragos e sentar-me e já a rapariga se sumia através de canas. Fiquei sentado, inspeccionando um lanho na glande. Estava eu limpando sémen e sangue (meu) e pás: lembrei-me. O nome que o cheiro da moça tinha no meu ficheiro: Confirmação.

Nuno Bragança »» in A Noite e o Riso (Dom Quixote) »» p. 118

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