[Lisboa, 7 de Maio, 1925 † Montijo, 5 de Janeiro de 2008]
Wikipédia | O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor e outros textos | portal oficial não-oficial | Projecto Vercial | Revista K (entrevista) | Correio da Manhã (entrevista) | Público
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Vou para a cama. O vinho pesa-me na cabeça. Bebo água fria para desenjoar a gorja. Durmo como um bendito. Acordo no escuro, cedo, 6 ou 5 horas, há um grupo na Pensão que se está a levantar, batem portas. Estou excitadíssimo. O meu homem virá ao encontro? Onde o hei-de meter? Nestes quartos ouve-se tudo. Abjecção. Remorsos. Decido não ir. Misturo a Deolinda com o António e sem mexer na picha estou quase a vir-me. De repente, tudo é tão violento que tenho de bater uma punheta.
Como a Natureza previu todas as nossas fraquezas e ausências, dotou-nos também com outro caralho para o cu detrás. Meto o dedo (médio?) todo no cu, bato a punheta. E a ejaculação, forte porque há dias que estou sem deitar nada cá para fora, dá-me contracções no esfincter. Gozozíssimas. Venho-me imenso. Estou cada vez mais excitado. Cada passo na escada parece julgo que é o António que vem e me penetra e me obriga a chupar-lhe o delicioso caralho que não vi. Escândalo. Tribunal Militar.Vergonha. Filhos a saberem tudo. Loucura. Suicídio. Tomo meio Calmax. A pouco e pouco a corda vai-se aligeirando, estou melhor. Mas que vontade de ter pecado. De pecar. Como assim: de viver.
Descubro que o êxito e o fracasso são uma e a mesma cadeia e em tudo. O êxito para cima, o fracasso para baixo, e quando digo baixo digo baixo: sujidões, dívidas, vergonhas, podridão, loucura. Mas o que toma tudo igual é que ambas as cadeias se encontram, nada a fazer, meus caros, daqui a cem anos ninguém se lembra.
Como a Natureza previu todas as nossas fraquezas e ausências, dotou-nos também com outro caralho para o cu detrás. Meto o dedo (médio?) todo no cu, bato a punheta. E a ejaculação, forte porque há dias que estou sem deitar nada cá para fora, dá-me contracções no esfincter. Gozozíssimas. Venho-me imenso. Estou cada vez mais excitado. Cada passo na escada parece julgo que é o António que vem e me penetra e me obriga a chupar-lhe o delicioso caralho que não vi. Escândalo. Tribunal Militar.Vergonha. Filhos a saberem tudo. Loucura. Suicídio. Tomo meio Calmax. A pouco e pouco a corda vai-se aligeirando, estou melhor. Mas que vontade de ter pecado. De pecar. Como assim: de viver.
Descubro que o êxito e o fracasso são uma e a mesma cadeia e em tudo. O êxito para cima, o fracasso para baixo, e quando digo baixo digo baixo: sujidões, dívidas, vergonhas, podridão, loucura. Mas o que toma tudo igual é que ambas as cadeias se encontram, nada a fazer, meus caros, daqui a cem anos ninguém se lembra.
Luiz Pacheco »» O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor »» Colibri »» 1992 »» p. 36
Belo espaço e assim o sentido será somente por aqui, por estas palavras tão belas, tão cheias de sentido, onde a totalidade se envolve numa dádiva quase eterna!
ResponderEliminarPasseio-me por aqui, para lá das estrelas, dos nomes e guardo os vossos nomes, nesta rua, com as estrelas da minha loucura e foi assim que me tomei neste caminho, de mil delícias. Parabéns.
Abraço grande e Feliz 2008
Foi um dos titulos da sua vasta obra que mais apreciei.
ResponderEliminarPacheco finalmente descansa...em paz.
Abraços.
que texto intenso...
ResponderEliminarUma pergunta de outro universo: como se pode por musica no blog?
O que acabei de ler é por demais maravilhoso e em todos os sentidos ... a simplicidade de palavras duras e directas, sem rodeios, sem contornos de dissimulação dos mais incautos, cruamente proferidas, expõem a beleza singular ainda maior de um autor que viveu num tempo castrador e até à exaustão, limitativo.
ResponderEliminarNão tinha conhecimento desta figura mas agora estou cada vez mais curioso.