o fim das gravações | as montagens | o produto final: 58 minutos, 16 clipes, um por poema, seguindo um princípio de continuidade e funcionando, portanto, individualmente e em conjunto | o dia da exibição foi ameaçado por uma greve na função pública | vá lá que deu para abrir a escola | na sala e hora marcadas, alunos e professores foram aparecendo | gente a mais para aquela sala | não me conseguia fazer ouvir, mas tinha algumas palavras a dizer | disse | começou e não era audível porque as colunas eram más | receei o pior | houve momentos em que os alunos se riram quando apareceram certos colegas seus | a partir de certa altura, perceberam que aquilo não era uma brincadeirinha e houve um silêncio, senão total, pelo menos quase total | aplaudiram efusivamente a aluna que cantou, e muito bem | o último poema/clipe era especial: lido quase exclusivamente por professores e funcionárias | interrompi para informar que aquele poema lhes era (alunos) dedicado, uma espécie de testamento para o seu futuro | tive uma colega que veio agarra-se a mim | houve quem tivesse chorado (e não estou a exagerar!) | eu que já conhecia aquilo de trás para a frente, sabia que tinha de me controlar | um homem não chora… | consegui, mais não fosse para não ter mais professores a chorar à frente dos alunos | portanto, gostei do resultado | todos os que viram e têm visto, gostaram | uma espécie de documentário poético em jeito de despedida da escola | uma colega propõe fazer cópias do filme, contactar uma empresa para o fazer | estou sem tempo ou vontade para isso | o Executivo propõe-me que seja eu a fazê-lo | pode ser: 100 | só me deu trabalho, mais nada | que bom, gosto mesmo de ser otário | recebo reacções inesperadas, por email, telefone, em presença | dizem-me que quando decidir sair do ensino que vá para realizador | só para rir | uma funcionária recebe-me com dois beijos entre o eufórico e o apaixonado | diz-me que o que fiz tem de sair dos muros da escola | concordo | mas isso, ultrapassa-me em absoluto | primeiro, tenho de descansar a cabeça, dormir dois ou três dias, até os neurónios voltarem ao sítio | sinto que deve e tem de ser divulgado de outra forma além daquela que foi e tem sido feita na escola | acontece que algumas velhas vozes do Restelo não deram vazão à minha ideia inicial de criar uma conta oficial no Youtube ou Dailymotion | fiquei desiludido, desmotivado | em todo o caso, decidi contornar ligeiramente a coisa | as injecções massivas de auto-estima, por causa do filme e do texto lido na Antena 1, encheram-me o ego | rejuvenesceram-me | entretanto, perdi conta à confusão dos dias: o Zé na Bélgica | o computador que bloqueia com uma insistência de louco | a consulta de urologia que serviu para confirmar o que o outro urologista já me tinha dito | siga para bingo | a carta de condução | não tenho lido nada, o que faz com que o cérebro hiberne, pare algures entre a mediocridade e a limitação vocabular | é verdade: ando ainda com a visão perturbada (mas já menos que nas últimas semanas) e o discurso desconexo | noto-o ainda na cara e alguns risos dos alunos e colegas | o portátil Acer sem arranjo | vá lá que o disco ficou intacto | decidi: vou comprar uma torre e que se lixem os portáteis | quando for rico, compro um Mac | estou ainda a descomprimir e não sei quando voltarei a visitar regularmente @s que não desistiram de nos visitar aqui | O VOSSO APOIO TEM SIDO ESSENCIAL (até para manter o felizes juntos, que, em momentos de crise existencial e/ou de tempo, uma das primeiras coisas que me ocorrem é logo acabar com ele) | em todo o caso, as coisas tenderão a normalizar-se por aqui | Maio chega ao fim enevoado | afinal, ainda há mundo | vem o sol e a luz radiante que me animam sobremaneira | se quiserem conferir uma pontinha da minha carolice, digam-me, por email, que eu mando as coordenadas | beijos e abraços apertados
(...)
Does that make me crazy
Does that make me crazy
Does that make me crazy
Possibly
(...)
Well, I think you're crazy
I think you're crazy
I think you're crazy
Just like me
My heros had the heart, to put their lives out on the limb
And all I remember, is thinking I want to be like them
Hmm mmm
Ever since I was little
Ever since I was little it looked like fun
And its no coincidence I've come
And I can die when I'm done
Maybe I'm crazy
Maybe you're crazy
Maybe we're crazy
Possibly
Does that make me crazy
Does that make me crazy
Possibly
(...)
Well, I think you're crazy
I think you're crazy
I think you're crazy
Just like me
My heros had the heart, to put their lives out on the limb
And all I remember, is thinking I want to be like them
Hmm mmm
Ever since I was little
Ever since I was little it looked like fun
And its no coincidence I've come
And I can die when I'm done
Maybe I'm crazy
Maybe you're crazy
Maybe we're crazy
Possibly
dizia Bashô:
ResponderEliminaradmirável aquele
cuja vida é um contínuo
relâmpago.
Mas teria dito também, não sei bem, que também é preciso o impacto do relâmpago para "aquele" se admirar a si próprio. E um pouco de solzinho far-te-á muito bem!
Muitos parabéns pelo trabalho que nos privou nos últimos tempos de ler os teus interessantes e frequentes textos. Mas valeu a pena, nem que seja pela experiência pessoal que tiveste e proporcionaste a todos os que colaboraram e assisitiram!
Abraço,
Tiago
Oh Paulo, olha que valeu a pena - tenho a certeza! Pode ter-te estourado, mas estás feliz, não tenho dúvida nenhuma. :))
ResponderEliminar(Eu dava-te já um excelente e apresentava a tua candidatura a "Professor do Ano". Diz lá se os vinte e cinco mil não davam um jeitão?! :D )
Tens de me mandar as coordenadas.
Deves sentir-te bem, Paulo, pois quando algo que fazemos é trabalhoso, mas vemos reconhecido o nosso esforço, tudo nos leva a crer que valeu a pena.
ResponderEliminarAbraço.
Paulo... estou, sem dúvida, estupefacta contigo. Só consigo admirar a tua força e o teu esforço! Acredito que os teus amigos (falo daqueles amigos de verdade, que não os virtuais) se devem sentir orgulhosos por te ter por perto!
ResponderEliminarUm enorme beijo!
Fizes-te tanto eu desejar voltar á escola para ter momentos assim! Tenho algumas boas recordações de professores que usando a sua imaginação, o seu tempo, a sua paciencia e engenho, "roubaram" a nossa essencia como alunos e fizeram-nos escavar, suar, trabalhar, entender e acima de tudo... gostar de aprender.
ResponderEliminarPodes crer que esse teu esforço enorme vai marcar alguns deles para a vida.
Imagina quando fores velhinho e encontrares um aluno já adulto e diga para os seus filhos: "Olhó meu steror que me marcou..."
(LOL)
A sério. Excelente!
Abraço
Gostei do que li sobre a situação na escola. Às vezes vale mesmo a pena, não é? E sabe bem, sabe tão bem.
ResponderEliminarEm relação ao final do texto, não desesperar, ok menino? Ai!
► Tulisses, muito obrigado pela citação de Bashô. a ideia do relâmpago é fortíssima, mas por sinal, bem adequada à situação! como disse, correu muito bem: eu tinha expectativas altas, mas ainda as ultrapassaram. fiquei com o ego sobre-energizado!
ResponderEliminar► pois valeu, Catatau. eu professor do ano? deixa-me rir, rapaz... e alguém leva a sério um contratado? valha-me a satisfação pessoal!
► é isso mesmo, Pinguim, valeu a pena, já passou, mas ver tanto reconhecimento até cansa. agora, vê lá se vês a cópia do filme que te dei! quero reacções!
► Cristina, nã, nada de estupefacções! ah, acho que sim, que os amigos me reconhecem o valor e vice-versa! mas até os virtuais são importantes!
► Socrates, quantas vezes não digo aos garotos: "aproveitem a oportunidade, que quando eu andava na escola, não havia espaço para estas coisas!" nem sei se eles percebem, mas espero bem que sim. e olha, se não os marcar, pelo menos deixei-lhes um filme em que eles são as estrelas. no fundo, espero mesmo que não se esqueçam. o tempo o dirá.
► Graduated, claro que vale a pena, claro que sabe bem. tu sabes bem disso, como ser bom profissional, apesar de tudo, tem algumas pequenas boas compensações. normalmente, não vêm de cima, mas dos alunos.
um forte abraço