Alberto Raposo Pidwell Tavares
[Coimbra, 11 de Janeiro, 1948 † Lisboa, 13 de Junho, 1997]
[Coimbra, 11 de Janeiro, 1948 † Lisboa, 13 de Junho, 1997]
Depois da homenagem que já lhe deixei pelas palavras de outros (cf. aqui e aqui), cá está mais um poema, um dos que faz parte de WordSong.
Recado
ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua morte
vai até onde ninguém te possa falar
ou reconhecer – vai por este campo
de crateras extintas – vai por essa porta
de água tão vasta quanto a noite
deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as loucas aveias que o ácido enferrujou
ergueram-se na vertigem do voo – deixa
que o outono traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu breve coração – ouve-me
que o dia te seja limpo
e para lá da pele constrói o arco de sal
a morada eterna – o mar por onde fugirá
o etéreo visitante desta noite.
não esqueças o navio carregado de lumes
de desejos em poeira – não esqueças o ouro
o marfim – os sessenta comprimidos letais
ao pequeno-almoço
Al Berto »» in Horto de Incêndio »» Assírio & Alvim »» 1996 »» p. 9
E também é dia de Al Berto, claro!
ResponderEliminarA melhor homenagem que se lhe pode fazer é lê-lo. :)
ResponderEliminarO que eu gosto da tua selecção de poemas, Mongo..vá,deixa-me dar-te graxa porque te ADORO tão somente isso...
ResponderEliminarBeijos da MONGA
Outro poeta maior da língua portuguesa.
ResponderEliminarUm abraço.
► Pinguim, pois também!
ResponderEliminar► Catatau, concordo plenamente. É isso mesmo! E até para não ser esquecido!
► Monga, engraxa à vontade, gosto bué da tua graxa, sabe-me muito bem!
► Special, sem dúvida!
Beijos e abraços