À beira de completar 84 anos (em 22 de Maio), Charles Aznavour esteve ontem no Pavilhão Atlântico. Conhecendo o intérprete, fiquei reticente em ir vê-lo numa sala tão grande. Aznavour, na minha opinião, requeria uma sala mais pequena, mais íntima e aconchegante. Todavia, receando os remorsos que me invadiriam o espírito caso perdesse esta oportunidade, lá combinei com o meu Paulo e decidimo-nos a ir. Sei que não é o género musical que mais aprecia, mas creio que não se arrependeu. Aznavour, para mim, vale pela forma como manuseia as palavras e faz da canção um poema composto de música e letra. Vale também pela voz cheia, bem timbrada e bem colocada. Vale porque valorizo o seu saber de experiência feito. Ontem, tudo isto esteve no Pavilhão Atlântico. Tudo isto mais o peso dos quase 84 anos. E Aznavour sabe-o bem. Tão bem que brincou com o facto quando se enganou numa das canções. Aqui e ali, Aznavour semitonou (cantar em semi-tom, se for preciso explicar), chegou mesmo a desafinar pontualmente, mas a sua voz encheu por completo aquele imenso espaço, da mesma forma que encheria uma sala mais intimista. O chanteur de charme, durante quase duas horas, passeou-se pelo seu vastíssimo repertório, deixando La Bohème para o final.
Conheço as canções de Aznavour nas suas versões discográficas, mas confesso que fiquei surpreendido com a sua capacidade de as recriar, em termos interpretativos, mesmo as que canta desde há 60 anos. Cá para mim, isto, só por si, é obra! Nota muito positiva para a orquestra (seis músicos, dois elementos do coro e o maestro) e para o desenho de luzes. Nota menos (muito menos) positiva para a atitude dos espectadores portugueses que teimam em chegar atrasados a tudo. Talvez por isso, a Mandrake atrasou o início do concerto em vinte minutos. É muito! Nota também menos positiva para o desconforto dos assentos e para a ausência de encores, apesar da insistência do público. Apesar de tudo, foi uma noite boa da qual convém sublinhar o profissionalismo e o savoir-faire que nenhuma escola (senão a do palco) ensina. Obrigado, Aznavour.
Conheço as canções de Aznavour nas suas versões discográficas, mas confesso que fiquei surpreendido com a sua capacidade de as recriar, em termos interpretativos, mesmo as que canta desde há 60 anos. Cá para mim, isto, só por si, é obra! Nota muito positiva para a orquestra (seis músicos, dois elementos do coro e o maestro) e para o desenho de luzes. Nota menos (muito menos) positiva para a atitude dos espectadores portugueses que teimam em chegar atrasados a tudo. Talvez por isso, a Mandrake atrasou o início do concerto em vinte minutos. É muito! Nota também menos positiva para o desconforto dos assentos e para a ausência de encores, apesar da insistência do público. Apesar de tudo, foi uma noite boa da qual convém sublinhar o profissionalismo e o savoir-faire que nenhuma escola (senão a do palco) ensina. Obrigado, Aznavour.
O teu texto está belíssimo e merece 5 estrelas ;-)
ResponderEliminarFico sempre com pena de não poder ir a eventos como estes. Espero que o Paulo tenha gostado. É um pecdo não gostar do Aznavour!...
Um beijinho
Denise, obrigado pelo elogio. Vindo de quem vem... Quando morei nessas terras sentia o mesmo em relação a estes eventos, se bem que nos dias que correm as coisas são bem diferentes. O Paulo gostou e, claro, para mim, ouvir Aznavour ao lado dele ainda soube melhor!... Beijo.
ResponderEliminarEntão e ele cantou o "She"??
ResponderEliminarVindo de que vem????lolololololol
ResponderEliminarMeu caro Zé
ResponderEliminaruma análise que nos "transporta" até ao concerto, bravo!~
Um senhor, este Aznavour que quase com 84 anos, mostra que os homens não se medem aos palmos...
Abraço.
Conheço melhor o seu trabalho como actor do que como cantor. As suas músicas, conheço aquelas, mais famosas que já se tornaram património universal. Tive a oprtunidade de ver a sua entrevista na RTp e só posso repetir que adorava chegar assim aos 84 anos.
ResponderEliminarUm abraço.
Não, TheTalesMaker, lamentavelmente não cantou o She nem uma série de outras canções que gostaria de ter ouvido. Temos que convir que escolher 20 temas entre 1000 não é tarefa fácil! Abraço.
ResponderEliminarMas que sentido de humor, Denise, lol. Sim, "vindo de quem vem", Mestre! Beijo.
ResponderEliminarObrigado pelo elogio, pinguim. Tens razão, os homens não se medem aos palmos e, no caso de Aznavour, muito menos. O homem não passa do metro e sessenta! Abraço.
ResponderEliminarTambém eu, Special K, também eu!... Abraço.
ResponderEliminarGrande sr., de facto. E a música francesa, embora um pouco esquecida, é de inegável qualidade.
ResponderEliminarBeiji**
Celeste, este homem há muito que ultrapassou as fronteiras de França, como sabes. Fala das coisas do coração, e esse é do mundo. Beijo
ResponderEliminarE não cantou "Comme ils disent"?
ResponderEliminarNul n'a le droit en vérité
De me blâmer, de me juger
Et je précise
Que c'est bien la nature qui
Est seule responsable si
Je suis un homo - comme ils disent
paulo, obrigado pela tua visita e pelo teu comentário. Esse é um dos temas que revelam a capacidade de intervir que o artista tem e a que Aznavour não é alheio. É o amor cantado na primeira pessoa. Abraço.
ResponderEliminarPaulo, o Zé esqueceu-se de referir que Aznavour contou mesmo Comme ils disent.
ResponderEliminarAbraço
Obrigado pelas respostas. Fico contente por ter incluído essa canção, embora achasse pouco provável.
ResponderEliminarAbraços.
Paulo, ora essa, nada tens que agradecer! Como vês, o improvável acontece!
ResponderEliminarAbraço