Interrompo a levitação dos dias para citar Pedro Sena-Lino (cf. também Companhia do Eu). No seu 31º aniversário, tinha de o fazer.
xli. [fim de amor]
tiveste um nome e era o meuporque partiste tão cedo
palavra tão palavra
que para designar-te nada
nenhum deus te era linguagem
nenhum silêncio te gritava
e o meu corpo não chegava
para a vida me caber inteira
porque partiste ácida e vazia
como veneno como sangue
porque partiste como água
morta que só não corre mais
e o que fazer deste mundo
que assenta no morto que sou eu
tiveste o nome e eu era-o
como a natureza chama o seu contrário
os pulsos do ruído surdo
rasgam as paredes do tempo
digo o meu nome dentro da cabeça
e nem o eco me pertence
tive o teu nome e era o meu
partiste todas as palavras
partiste em todas as palavras
e os verbos nascem mortos na garganta
as palavras não dizem as palavras
e as palavras pensamentos sem corpo
agarram um horizonte negro
improferivelmente eu
já tive um nome
agora sou apenas eu
Pedro Sena-Lino »» Biofagia »» Vila Nova de Famalicão »» Quasi »» 2003 »» pp. 63-64
Um pranto à perda. Muito belo.
ResponderEliminaragora sou apenas eu
ResponderEliminarenfim, como a dor se traveste de beleza, ou o inverso. Gostei, muito!!!
O que é mesmo importante é "sermos apenas nós"
ResponderEliminarLindo, lindo, lindo... é só o que consigo dizer!
ResponderEliminarBeijo
para tal poema, nem é preciso comentário :D
ResponderEliminarA beleza de um nome, a tristeza da partida...
ResponderEliminarUm abraço.
Sempre que aqui passo a musica e os lindos poemas deixam-me completamente babà!
ResponderEliminarPassei só para deixar uma beijoca e para te dizer que vou estar fora do outro lado do mundo durante duas semanitas. Passo outra vez por aqui quando estarei de volta!!!
Beijoca grande!
# Catatau, um pranto à mudança, à evolução que todos nós sofremos, afinal.
ResponderEliminar# Luís Galego, é por aí! fico feliz por teres gostado. É um poeta novo e muito interessante!
# MrTBear, sermos nós e não nos esquecermos dos outros!
# Cristina, obrigado, acho que o autor, se visse este comentário, te agradeceria!
# Unfurry, não é mesmo. Aliás, os poemas nunca deviam ter comentários: só dizer se se gosta e porquê!
# Special K, a partida que está dentro de nós mesmos!
# Ângela, fico feliz por saber que ainda vens aqui! Já tinha saudades! Espero que o outro lado do mundo te receba bem! Boa viagem e melhor regresso!
Beijos e abraços