[Lisboa, 24 de Novembro, 1931 † Sintra, 3 de Março, 2008]
Como, de resto, é evidente, não tive intenção de ser concebido. Dei comigo já sentado no quarto das sombras com uma perspectiva de descida aos infernos diante dos olhos, ninguém estava à altura de receber-me, nenhuma relação humana era exacta para tornar-me equilibrado e justo, ou útil; no quarto das sombras a luz entrava a jorros por duas grandes janelas de sacada mas eu habitava aí, não ultrapassava o limiar do corredor que possuía uma passadeira de oleado negro e brilhante porque, diziam, havia um fantasma acocorado à entrada e que, afinal, nada mais era do que, a certas horas do dia, o volume rutilante do sol no oleado; ficava, pois, limitado por uma proibição a essa sala.
Maria Gabriela LLansol »» in Depois de os Pregos na Erva »» Porto »» Afrontamento »» 1973 »» p. 7
Que pedaço tão bem escolhido!!!
ResponderEliminarSobre a morte... é a ordem natural e por essa razão detesto as frases que apelam ao que se perde em ocasiões destas. A obra fica, é património dos que cá andam. Pena que pouca gente repare nele e o use com seu.
Um belo excerto...
ResponderEliminarMas vamos ao que interessa: o Dancing Queen dos "Abbas" que toca aqui agora é alguma provocação porque eu não parava de dançar no Sábado?!?! Oh pá! Estou resmas de ofendido!
;)))
# Tongzhi e X, falar da chegada à vida é realmente falar da morte, daquela que nos acompanha desde que nascemos. Confesso que não sou grande fã da obra da Llansol, mas reconheço-lhe o mérito e a criatividade.
ResponderEliminar# X, quanto à música... nada tinha a ver, mas, pronto, já que falaste, lembrei-me que se te pode aplicar, sim senhor e fica a saber que quando me vires dançar, te vais rir que nem parvo. Só não me perguntes o que é que eu tomei, ok! Já estou um bocado farto que o façam :))
Ah, estou resmas de agradecido por te ter conhecido (agora com o F incluído)
Abraços aos dois!
É triste, mas é uma realidade frequente; só quando alguém, que embora do domínio público, não seja personalidade citada por muitas vezes, como é o caso de Maria Gabriela Llansol, desaparece, nos dá realmente vontade de conhecer a sua obra; eu, pecador, me confesso...
ResponderEliminarParabéns por esta homenagem a esta escritora quase desconhecida. Eu confesso que só li um livro dela mas tenho uma amiga que a adora.
ResponderEliminarUm abraço.
# Pinguim, a obra da Llansol não é fácil nem tradicional. Da minha experiência pessoal, exige luta! A morte é sempre um bom pretexto para avivar a obra e nunca é tarde demais!
ResponderEliminar# Special, também só li o livro que citei... Também me confesso! :)
Abraços aos dois
este fragmento é excelente, mas será necessaário andar sempre a quantificar as lágrimas?
ResponderEliminarFirmina, não importa a quantidade, mas a qualidade.
ResponderEliminarAbraço e obrigado pela visita!