Já falei aqui a minha fase adolescente ultra-católica, uma estratégia qualquer de fuga e sublimação que terminou na descrença, senão total, pelo menos parcial e muito céptica. Então, a família pensava que sairia do seu benjamim um homem da igreja... não saiu. Saiu outra coisa qualquer que cresceu demais.
Desse tempo, ficaram muitas marcas da religião popular e que até chocam com a versão oficial. Lembro-me de acordar, de a minha mãe me ordenar que rezasse a oração, pegava num terço, e debitava, dormitava, esquecia-me da contagem e repetia; só depois comia a dejua, como lá se dizia (e diz). Esta oração até nem é muito contra a visão oficial (sim, ensinou-me pior), mas de tanta repetição, mais de quinze anos depois a verdade é que ainda me lembro da oração (ou de restos dela) e do tempo em que vivia com os meus pais. Aprendam, aqui vai:
Desse tempo, ficaram muitas marcas da religião popular e que até chocam com a versão oficial. Lembro-me de acordar, de a minha mãe me ordenar que rezasse a oração, pegava num terço, e debitava, dormitava, esquecia-me da contagem e repetia; só depois comia a dejua, como lá se dizia (e diz). Esta oração até nem é muito contra a visão oficial (sim, ensinou-me pior), mas de tanta repetição, mais de quinze anos depois a verdade é que ainda me lembro da oração (ou de restos dela) e do tempo em que vivia com os meus pais. Aprendam, aqui vai:
Quinta-feira Santa,
Corre Deus por toda a cidade
As pedras acorrentadas
O sol escurecia,
O Filho de Deus morria,
Morria para nos salvar.
- Ajuda-me aqui, Simão,
Que esta cruz é tão pesada
Que nem sete a levarão.
Se vós não quereis acreditar
Ide acima àquele outeiro,
Lá vereis as ruas regadas
Com o sangue de Deus verdadeiro
Quem rezar esta oração,
Quinta-feira Santa,
Trinta vezes, em jejum,
Terá a alma tão clara
Como os raminhos* das estrelas,
As portas do Céu encontrará abertas
E as do Inferno escuras e malditas.
Padre Nosso e Avé Maria
* falha-me a memória: seria rabinhos? Qualquer uma das hipóteses é muito à frente e ultrapassa a minha compreensão.
Fotografia publicada no último número da Colors.
Na Páscoa moderna, já não faz sentido crucificar mártires. Agora, electrocutam-se.
ResponderEliminarE para animar:
murnau
Amigo Paulo
ResponderEliminaré mais um percurso parecido com o meu e o de muitos; curiosamente recordo, dos meus tempos de criança e jovem, mais a sexta feira santa, com a procissão do "Enterro do Senhor", com o esquife levado aos ombros de pares todos vestidos de branco e com capuzes que não os reconhecíamos; o andor do S, João era levado por rapazes solteiros e a única vez que fui ia aacontecendo uma desgraça, pois tropecei e o S. João esteve quase a cair ao chão: que vergonha...
Abraços e boa Páscoa.
ALGUNS FACTOS:
ResponderEliminar1- "Stand", depósito ilegal de automóveis legalmente inexistente.
2- Instalado em "terreno para construção"
3- Ausência de qualquer licenciamento, quer de edificação, quer de actividade comercial.
4- Cabovisão instalada e licenciada, no interior deste "terreno", nestas circunstâncias pela, Câmara Municipal de Coimbra.
5-Desvio clandestino de águas pluviais, em zona de cheia, provenientes o IC2, com manilhamento, sobreposição de terras e asfalto.
6-Não foi instaurado qualquer processo de contra-ordenação aos infractores.
7- Edificação implantada em zona de estrada, quer a nascente - IC2, quer a poente - Câmara Municipal de Coimbra.
8- Elevação do solo em 1,5m e sua total impermeabilização com asfalto em zona de cheia.
9- Remoção de terras, terraplanagem e depósito de entulhos no talude de segurança do IC2.
10- Tudo isto foi e é possível numa zona movimentadíssima da cidade de Coimbra - Estação Velha / Coimbra-B.
11- Atentado ambiental, urbanístico, à segurança, à lei em vigor, aos cidadãos lesados, à cidade e aos munícipes em geral.
(CONTINUA)
# Paulo, não concordo com a crucificação de ninguém, muito menos nos tempos modernos; neste caso, a electrocussão é uma metáfora fora (já agora, a foto tirada em Cuba aludia aos problemas energéticos na ilha).
ResponderEliminarQuanto ao vídeo, obrigado pela lembrança, já o tinha posto há algum tempo atrás neste post.
Um abraço, Paulo.
# Pinguim, também recordo essa procissão do enterro, do silêncio feito, mas antes dela, a descida da cruz comovia-me. A cena que contaste é tão caricata... lol!
Mas quem é que te pôs a carregar um andor? Era tudo pequeno, não? Eu acho que nunca carreguei nenhum.
Abraços e boa Páscoa também para ti!
# Corrupção em Coimbra, o teu comentário não tem muito a ver com o conteúdo do post, mas pronto fica que aqui a malta também se passa com situações como as que descreves. Espero que dê frutos!
Cumprimentos
Creio que se Jesus voltasse á terra, seria de novo morto, de que forma? Qualquer uma.
ResponderEliminarPois em dois mil anos (mais alguns) afinal ninguem sabe ao certo, há quantos anos Jesus nasceu.
Mas é um facto, foi um Ser que morreu pelas suas convicções e que afirmou: o perdão salva-te.
Experimentem perdoar realmente quem vos já maltratou, pisou etc e vejam como se sentem. Aliviados, Não!?
O problema não está na biblia, mas sim nos seres humanos. Não aprendemos nem com as nossas próprias quedas (alguns),
Leiam a Biblia e vejam , como foi escrita há dois mil anos e mais alguns anitos e continua tão ACTUAL.
"A evolução não toca nos sentimentos......"
Abraço
Quando temos uma educação religiosa dificilmente nos libertamos dela, quanto mais não seja pela memória. A imagem é excelente! E esta rubrica "um mundo de olhares" também. E eu que não sei fazer nada disto... Temos que trocar figurinhas. Montes de beijocas*
ResponderEliminarRabinhos? Sinceramente isso são pensamentos pouco cristãos. :D
ResponderEliminarApesar da educação católica, acho que nunca rezei um terço.
Um abraço e uma boa Páscoa para vocês.
Como sempre o bom gosto aliado a algo diferente e sensível!!! Um abraço...
ResponderEliminarAqui por casa, por acaso, reina a agnose. Graças a Deus.... :)
ResponderEliminarCaro anónimo (quando vi anónimo e a falar d'O Livro, até tremi :)),
ResponderEliminarSim, acredito que Cristo seria morto, inclusive pelos seus seguidores de todas as igrejas (ou comunidades ou Igreja Católica, Igreja Ortodoxa, a Igreja Protestante, a Igreja Evangelista - ou Evangélica?, etc.). Claro que O Livro é uma obra fantástica, mas as interpretações nem por isso, tem muito de literatura, de código, de ensinamento, de ficção, de visão do mundo... Nem toda a gente consegue distanciar-se ao ponto de fazer uma análise das palavras (não tem de ser uma análise literária ou jurídica). Mea culpa, mea maxima culpa, mas eu desconheço demais O Livro para falar dele, embora concorde que da Antiguidade vem tudo, está lá tudo (seja da cultura hebraica, grega ou romana - a Oriental está demasiado distante para percebermos a sua importância).
E o perdão é um acto difícil, meu caro, envolve o orgulho e as convicções de cada um. Dar a outra face a quem nos esbofeteou já uma não é fácil. Eu, por exemplo, jamais daria a outra face à ministra da educação :)
Um abraço
Kika, obrigado pela achega: tens toda a razão, acho que nunca me conseguirei libertar do que me enformou. Há aspectos que nem são muito negativos, mas outros que preferia ignorar.
ResponderEliminarQuanto a trocar figurinhas, claro que SIM! Adoro fazê-lo e, como diz Denise, até fico um brilho nos olhos :))
Beijinhos!
Special K, realmente... um dia ainda hei-de falar de um trabalho que fiz sobre o culto mariano e de como se afasta, em alguns locais, da versão oficial da igreja. Acredita que tem pontos muito pouco católicos :)
ResponderEliminarQuanto ao terço, neste caso, eu usava-o para contar as trinta vezes que rezava a oração, os pai-nossos e as avé-marias. Era dose!
Um abraço e boa Páscoa, também para ti!
SP, obrigado. Um vez aprendi que o gosto não se impõe, mas educa-se. Espero ter aprendido bem e continuar a fazê-lo!
ResponderEliminarUm abraço
Rato, também não sei se a agnose será a melhor forma de encarar o divino, de qualquer forma é um caminho que Deus permite :))
ResponderEliminarEu felizmente só me lembro da oração do anjo da guarda, para além das avés e padres nossos que tinha de saber obrigatoriamente (e o credo, e o restante ritual, mas isso era so na missa)...
ResponderEliminarE apesar da belíssima educação que tive, não só não sou católica como a religião católica, nos moldes como é hoje praticada, me afasta... e sinceramente não sei se acredite em Deus... estou naquela linha ténue entre o ateu e o gnóstico.
E a vida exige tanto de nós nos dias que corre, que não me parece que vá perder mais tempo com essa questão.
Mas adorei o teu post! Os meus priminhos ainda rezam todas as noites antes de dormir... um dia crescem, como todos nós.
*** e uma óptima páscoa!
Eu costumava dizer que sou católica como sou do Sporting...
ResponderEliminarMas Cristo foi um sábio, um profeta, um homem bom. Os políticos (eclesiásticos) é que são o que se sabe.
Beiji** :) e boa Páscoa...bom descanço
# Medusasss, também me lembro da oração do anjo da guarda! E quem não se lembra? Acho que todos passámos mais ou menos pelo mesmo.
ResponderEliminarDe certa forma, eu também estou na mesma posição em relação ao catolicismo, mas respeito as convicções pessoais de cada um. Quanto a Deus, acho que por mais que me afaste, não consigo deixar de acreditar numa força que me transcende.
Às vezes, também faz bem perder tempo com isto, afinal é uma forma de nos conhecermos melhor! Claro, toda a gente cresce e com o tempo lá se dilui o que se aprendeu. Faz parte do processo!
Obrigado! E boa Páscoa também para ti! Beijinhos
# Celeste, essa de se ser uma coisa como se é outra é muito à frente!
concordo contigo: o problema não está em Deus, mas nos homens!
Tenho tentado descansar, mais não seja não ter os alunos nem a escola à perna já é um excelente descanso!
Boa Páscoa também para ti e os teus! Beijinhos
Paulo, quando puseste o vídeo eu ainda não conhecia o Felizes Juntos... E sobre a crucificação e outros métodos de fazer mal a pessoas, estamos conversados.
ResponderEliminarUm abraço.
Paulo, eu sei que não conhecias este sítio, nem eu o teu. Já agora, aproveito e corrijo-me: não devia ser "metáfora fora" mas sim "metáfora forte".
ResponderEliminarOutro abraço