quinta-feira, 25 de outubro de 2007

..:: fotografias que fizeram história ::..

O meu amigo Luís mandou-me este email que não resisti a pôr aqui. Desconheço quem seja o autor dos textos (vinha em registo de pt do Brasil), mas, em conjunto com as fotografias, são esclarecedores: é incrível como a morte e o sofrimento dominam. Não me parece ser humanamente possível ficar indiferente.

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A imagem de Che

A famosa foto de Che Guevara, conhecida formalmente como "Guerrilheiro Heróico", onde aparece o seu rosto com a boina negra olhando ao longe, foi tirada por Alberto Korda a cinco de Março de 1960, quando Guevara tinha 31 anos, num enterro de vítimas de uma explosão. Foi publicada sete anos depois. O Instituto de Arte de Maryland denominou-a "A mais famosa fotografia e maior ícone gráfico do mundo do século XX". É, sem sombra de dúvidas, a imagem mais reproduzida de toda a história: expressa um símbolo universal de rebeldia, em todas suas interpretações (continua a ser um ícone para a juventude não filiada às tendências políticas principais).
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A agonia de Omayra

Omayra Sanchez foi uma menina vítima do vulcão Nevado do Ruiz durante a erupção que arrasou o povoado de Armero, Colômbia em 1985. Omayra ficou três dias sobre o lodo, água e restos de sua própria casa e presa aos corpos dos próprios pais. Quando os paramédicos de parcos recursos tentaram ajudá-la, comprovaram que era impossível, já que para tirá-la precisavam amputar-lhe as pernas, e a falta de um especialista para tal cirurgia resultaria na morte da menina. Omayra mostrou-se forte até o último momento de sua vida, segundo os paramédicos e jornalistas que a rodeavam. Durante os três dias, manteve-se pensando somente em voltar ao colégio e ao seus exames e à convivência com os seus amigos.
O fotógrafo Frank Fournier fez uma foto de Omayra que deu a volta ao mundo e originou uma controvérsia a respeito da indiferença do Governo Colombiano com respeito às vítimas de catástrofes. A fotografia foi publicada meses após o falecimento da menina.
Muitos vêem, nesta imagem de 1985, o começo do que hoje chamamos Globalização, pois a sua agonia foi vivenciada em tempo real pelas câmaras de televisão de todo o mundo.
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A menina do Vietname

A oito de Junho de 1972, um avião norte-americano bombardeou a população de Trang Bang com napalm. Ali encontrava-se Kim Phuc e a sua família. Com a sua roupa em chamas, a menina de nove anos corria no meio ao povo desesperado e no momento em que as suas roupas foram consumidas o fotógrafo Nic Ut registou a famosa imagem. Depois, Nic levou-a para um hospital onde ela permaneceu por durante 14 meses, sendo submetida a 17 operações de enxerto de pele.
Qualquer um ao ver tal fotografia, mesmo os menos sensíveis, poderá ver a profundidade do sofrimento, o desespero, a dor humana na guerra, especialmente para as crianças.
Hoje em dia Pham Thi Kim Phuc está casada, com dois filhos e reside no Canadá, onde preside à "Fundação Kim Phuc", dedicada a ajudar as crianças vítimas da guerra e é embaixadora da UNESCO.
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Execução em Saigon

"O coronel assassinou o preso; mas e eu... assassinei o coronel com a minha câmara?" - Palavras de Eddie Adams, fotógrafo de guerra, autor desta foto que mostra o assassinato, em Fevereiro de 1968, por parte do chefe de polícia de Saigon, a sangue frio, de um guerrilheiro do Vietcong.
Adams, correspondente em 13 guerras, obteve por esta fotografia um prémio Pulitzer; mas ficou tão emocionalmente tocado com ela que se converteu em fotógrafo paisagístico.
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A menina Afegã

Sharbat Gula foi fotografada quando tinha 12 anos pelo fotógrafo Steve McCurry, em Junho de 1984. Foi no acampamento de refugiados Nasir Bagh do Paquistão durante a guerra contra a invasão soviética. A sua foto foi publicada na capa da National Geographic em Junho de 1985 e, devido ao seu expressivo rosto de olhos verdes, a capa converteu-se numa das mais famosas da revista e do mundo. No entanto, naquele tempo ninguém sabia o nome da garota. O mesmo homem que a fotografou realizou uma busca à jovem que durou exactos 17 anos. Em Janeiro de 2002, encontrou a menina, já uma mulher de 30 anos e pôde saber seu nome. Sharbat Gula vive numa aldeia remota do Afeganistão, é uma mulher tradicional pastún, casada e mãe de três filhos. Ela regressou ao Afeganistão em 1992.

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O beijo do Hotel de Ville

Esta bela foto, que data de 1950, é considerada a mais vendida da história. Isso devido à intrigante história com a que foi descrita durante muitos anos: segundo contava-se, esta foto foi tirada fortuitamente por Robert Doisneau enquanto se encontrava sentado tomando um café. O fotógrafo acionava regularmente sua câmara entre as pessoas que passavam e captou esta imagem de amantes beijando-se com paixão enquanto caminhavam no meio da multidão. Esta foi a história que se conheceu durante muitos anos até 1992, quando dois impostores se fizessem passar pelo casal protagonista da foto. No entanto, o Sr. Doisneau, indignado pela falsa declaração, revelaria a história original, revelando assim aquela lenda: a fotografia não tinha sido tirada a esmo, senão que se tratava de dois transeuntes a quem pediu que posassem para sua lente, enviando-lhes depois uma cópia da foto como agradecimento. 55 anos depois, Françoise Bornet (a mulher do beijo) reclamou os direitos de imagem das cópias desta foto e recebeu 200 mil dólares.
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O beijo da Times Square

O Beijo de despedida da Guerra foi feita por Victor Jorgensen na Times Square a 14 de Agosto de 1945, onde um soldado da marinha norte-americana beija apaixonadamente uma enfermeira. O que é fora do comum para aquela época é que os dois personagens não eram um casal, eram perfeitos estranhos que tinham acabado de se encontrar. A fotografia, grande ícone, é considerada uma analogia da excitação e da paixão que significam regressar a casa depois de passar uma longa temporada fora, assim como a alegria experimentada ao término de uma guerra.
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O homem do tanque de Tiananmen

Também conhecido como o "Rebelde Desconhecido", esta foi a alcunha que atribuída a um jovem anônimo que se tornou internacionalmente famoso ao ser gravado e fotografado em pé em frente a uma linha de vários tanques durante a revolta da Praça de Tiananmen de 1989 na República Popular Chinesa. A foto foi tirada por Jeff Widener, e na mesma noite foi capa de centenas de jornais, noticiários e revistas de todo o mundo. O jovem estudante (certamente morto horas depois) interpôs-se a duas linhas de tanques que tentavam avançar. No Ocidente, as imagens do rebelde foram apresentadas como um símbolo do movimento democrático Chinês: um jovem arriscando a vida para opor-se a um esquadrão militar. Na China, a imagem foi usada pelo governo como símbolo do cuidado dos soldados do Exército Popular de Libertação para proteger o povo chinês: apesar das ordens de avançar, o condutor do tanque recusou-se a fazê-lo porque isso implicava causar algum dano a um cidadão.

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Protesto silencioso

Thich Quang Duc, nascido em 1897, foi um monge budista vietnamita que se sacrificou até à morte numa rua movimentada de Saigon a 11 de Junho de 1963. O seu acto foi repetido por outros monges. Enquanto o seu corpo ardia sob as chamas, o monge manteve-se completamente imóvel. Não gritou, nem sequer fez um pequeno ruído. Thich Quang Duc protestava contra a maneira como a sociedade oprimia a religião Budista no seu país. Após a sua morte, o seu corpo foi cremado conforme a tradição budista. Durante a cremação, o seu coração manteve-se intacto, pelo que foi considerado como quase santo e o seu coração foi transladado aos cuidados do Banco de Reserva do Vietname como relíquia.
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Espreitando a morte

Em 1994, o fotógrafo Sudanês Kevin Carter ganhou o prémio Pulitzer de foto-jornalismo com esta imagem tomada na região de Ayod (uma pequena aldeia em Suam), que percorreu o mundo inteiro. A figura esquelética de uma pequena menina, totalmente desnutrida, recostando-se sobre a terra, esgotada pela fome e a ponto de morrer, enquanto, num segundo plano, a figura negra expectante de um abutre espreita e espera o momento preciso da sua morte.
Quatro meses depois, abrumado pela culpa e conduzido por uma forte dependência das drogas, Kevin Carter suicidou-se.
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The Falling Man

The Falling Man é o título de uma fotografia tirada por Richard Drew durante os atentados do 11 de Setembro de 2001 contra as torres gémeas do WTC. Na imagem, pode ver-se um homem atirando-se de uma das torres. A publicação do documento pouco depois dos atentados irritou a certos sectores da opinião pública norte-americana. Após a publicação, a maioria dos meios de comunicação auto-censurou-se, preferindo mostrar unicamente fotografias de actos de heroísmo e sacrifício. Ah sim... mas mostraram exaustivamente a morte de Saddam...

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Triunfo dos Aliados

Esta fotografia do triunfo dos aliados na Segunda Guerra, onde um soldado russo agita a bandeira soviética no alto de um prédio, demorou a ser publicada, pois as autoridades Russas quiseram modificá-la.
A bandeira era na verdade uma toalha de mesa vermelha e o soldado aparecia com dois relógios no pulso, possivelmente produto de saque. Sendo assim, foi modificada para que não ficase feio para os soviéticos.
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Protegendo a cria

Uma mãe cruza o rio com os filhos durante a guerra do Vietname em 1965, fugindo da chuva de bombas americanas.
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Necessidade

Soldados e aldeãos cavam sepulturas para as vítimas de um grande terremoto acontecido em 2002 no Irão, enquanto um menino segura as calças do pai antes de ele ser enterrado.

12 comentários:

  1. Ó mor (desculpa as intimidades mas tou muito orgulhosa de me teres dito que já fazia parte da familia)

    Estas fotos são lindas e chocantes ao mesmo tempo e serão do conhecimento geral mas quero pedir-te um favor...

    tu tira-me esse gajo bom aqui do lado...nunca mais acaba a semana práquela boca me desamparar a loja :)))))


    Beijinhos e obrigada por para além de me estares a tornar uma melhor pessoa...me lavares as vistinhas:))))

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  2. As fotos tornaram-se célebres de tão fantásticas que são. É um prazer revê-las, tanto mais ao som dos Saint Etienne. Porém duas notas: A mais célebre das fotos de beijos é sem dúvida aquela em que eu o Gonçalo ficámos no nosso primeiro beijo (da primeira vez que saímos apenas a dois - o nosso primeiro dia de namoro). Temos a foto, sim senhor, e é linda de morrer! Mas não a pomos na net, nem a mandamos a ninguém, por razões óbvias. Talvez um dia vos seja mostrada se nos visitarem (quando quiserem, claro!); Sobre a música de fundo, ela fez-me lembrar a do Benjamim Biolay, que por seu lado me faz lembrar a de Serge Gainbourg. Segue as pistas para recordar ou para descobrir. Abraços, amigos

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  3. Sónia, linda, mor, todos os que vêm aqui de coração aberto são da família, claro. Nem que seja ainda só por simpatia.
    Sabes, conhecia quase todas as fotografias, mas lendo o texto, a coisa ganha outra forma e confesso que me fartei de chorar com a dor alheia, como sempre me acontece. Sou um chorão nato e pronto.

    De facto, as beiças aqui ao lado não combinam :))~ Agora só no domingo é que mudo os gajos. Ainda nem sei quem virá... provavelmente LaChapelle. Ou não.
    Abraços

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  4. Ah, Luís, também temos beijos interessantes, que não pomos aqui pelas mesmas razões. Talvez as vejamos um dia, claro.
    Bom, lá vou eu às pistas, mas agora ainda não que tenho trabalho a fazer.
    Abraços

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  5. J� conhecia a maioria das fotos e as suas hist�rias. Tive uma cadeira de fotojornalismo, onde mais que propriamente t�cnica de fotografar, falamos de v�rios fotografos famosos e claro da Magnum.

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  6. Excelente caro paulo. Apesar de as conhecer a todas, confesso que não conhecia a história por detrás da maioria delas: hoje vou adormecer mais sabedor, eheh

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  7. X, acho que só tenho dificuldade em concordar com o belo, porque tocantes e chocantes, são-no verdadeiramente. O belo existe na dor? Provavelmente, sim, mas prefiro que exista noutras coisas. Abraços

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  8. TheTalesMaker, eu não conhecia: não estudei fotojornalismo :(
    Conhecimento não ocupa lugar, certo?
    Abraços

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  9. Will, eu também não conhecia o contexto de grande parte delas, nem os autores, que não tenho cabeça para decorar nomes :)
    Abraços e espero que não tenhas tido pesadelos

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  10. É curioso, Paulo
    ainda antes de conheceres o meu blog, naquela parte desaparecida, publiquei meia dúzia de posts, subordinados ao título "Fotos que fizeram a História"; nelas se incluíam a do assassinato a frio no Vietnam, a de Tianamen, a da criança a correr, e ainda mais duas recentes.
    É realmente o poder enorme que algumas fotos têm em nós, ao ponto de fazerem história, e atua selecção é excelente.
    Obrigado pela partilha.
    Abraço.

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  11. Pinguim, eu já conhecia o teu blog antes de ter ido ao ar, apesar de nunca o comentar. Aliás, nunca comentei antes de criar com o Zé o felizes juntos. Depois, percebi que era importante comunicar e reconheci que guardava demasiadas coisas que já devia ir exteriorizando.
    Quanto às fotos, são históricas e histórias que chocam. Chegaram-me num email que achei que tinha de partilhar.
    Abraços

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