terça-feira, 16 de outubro de 2007

~~ vacina ~~

Este país está realmente podre. Aliás, para quê recorrer ao eufemismo se o que o país é mesmo, é uma merda. Vejam o que me aconteceu hoje.

Pedi ao meu médico a vacina contra a gripe, que tomo todos os anos. Lá fui à farmácia fazer a compra. A farmacêutica perguntou-me se eu tinha guia de tratamento e, tendo eu respondido negativamente, solícita, prontificou-se a fazer fotocópia da receita que serviria para me administrarem a dita. Sabendo como funcionam os centros de saúde, passei pelo da minha área de residência para tirar a limpo o horário da vacinação. Lá estava, preto no branco, horário diferente para cada dia da semana. Desconfiado da minha memória, copiei tudo aquilo. Hoje, terça-feira, é entre as 13.30 e as 15.30 horas. Como viajo amanhã, decidi ir lá logo no início daquele período. Dirigi-me à sala de espera do piso indicado e deparei-me com um cartaz que anunciava, lacónico: "Vacina da gripe entre as 15 e as 19.30 no piso 2". Pronto, tinha começado! Nem o piso nem o horário coincidiam. Ainda fui ao tal piso 2 ver se descobria alguma coisa. Nada. Como era cedo, resolvi voltar para casa, e voltar ao Centro mais perto das 15 horas. Nova corrida, nova viagem. Eis-me de novo na dita sala de espera. Tiro a senha e aguardo. Quando chega a minha vez, lá vou eu, feliz por ir resolver o assunto.

- Tem a guia de tratamento?

- Não, mas tenho aqui uma fotocópia da receita.

- Ai, isso ainda é pior. Com isso é que nada feito...

- Diga?

- Não estamos autorizados a dar vacinas sem a guia de tratamento.

- Mas olhe que a receita tem aqui o meu nome e o número de beneficiário...

- Não pode ser. Tente um Centro de Enfermagem privado.

Expliquei que não conhecia nenhum e que, por ir de viagem amanhã cedo, a vacina iria estragar-se. De nada adiantou.

Voltei costas sem dizer palavra para não ser "desagradável".
Aqui entre nós, que ninguém nos lê, é claro que eu não disse àquela dedicada enfermeira que tinha raptado o médico e que ele apenas me tinha passado a receita sob a ameaça de uma metralhadora e outros pormenores bélicos que me poupo aqui a reproduzir. No entanto, no meu espírito persiste a dúvida: como foi ela capaz de antever tamanha maldade na minha pessoa e fazer-me frente, pondo em risco a sua própria vida, para defender o seu brio profissional? Assim, sim! Com gente desta vamos longe!

Deve ser bom viver num país desenvolvido, não acham?

13 comentários:

  1. De facto, Zezinho, tu és de desconfiar, e muito. Que má pessoa tu te revelas e eu a pensar que era só de manhã na cama :)~
    Vamos fugir para outro lugar, baby? Que seja desenvolvido, claro!

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  2. Olha, já me aconteceu ficar horas em salas de espera com mil e uma criancinhas (todas berronas, obviamente) e quando fui atendida responderam-me «agora os adultos já não são atendidos aqui, só lá em baixo e depende do médico de família». Lindo...desci a escada e durante horas o meu boletim de vacinas ficou dentro de umas micas (deviam ser invisíveis).
    Acabei mesmo por ir a um centro de enfermagem privado e paguei para ser vacinada, até paguei pouco. Faz isso da próxima vez.
    Análises ao sangue passadas por um médico privado tb é cómico e transcende qq cérebro: ou tens um papel do médico de família (e ai de ti que ele não concorde com o do privado, como já aconteceu à Elisabete, voltas para trás depois de um dia perdido!)ou pagas forte e feio. Sabes quanto custaram as minhas últimas análises? Aí vai: 114 euros. Ah pois! Vá lá que o Pedro tem seguro de saúde e eu sou beneficiária!

    Boa sorte para a próxima!

    Monga

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  3. é o pais que temos e que nós tb ajudamos a construir todos os dias...

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  4. Sim, eskimo friend, é o país que temos: mesquinho, pequeno e "empata". Há que "pôr a boca no trombone" mais amiúde para ver se isto arriba!

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  5. É verdade e em muitos casos a culap também é nossa qunado não exigimos um livro de raclamações. Contra mim falo que já fui um canastão várias vezes e deixei passar ao lado algumas incompetências...

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  6. Tens razão, X, muitas vezes esquecemo-nos do livro. O Zé até se lembra bastante e usa-o com uma frequência que às vezes até me cora. Desta vez, não o usou porque a fúria perturbou-o tanto que o melhor foi vir embora.

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  7. Monga, todos temos histórias fantásticas no centro de saúde. Uma vez, esperei tanto tempo que desmaiei ao balcão de atendimento a reclamar (uma das poucas vezes em que isso me aconteceu). Claro que fui logo atendido. Depois pensei, isto tem de me acontecer mais vezes que é para ser logo atendido :)
    Que pipa de massa gastaste nas análises, caramba. Bendito seguro de saúde!!!
    Beijinhos e um abraço forte, muito forte!

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  8. Realmente são situações do outro mundo e oiço muitas pessoas amigas a queixarem-se do centro de saúde. Eu sou uma pessoa cheia de sorte, no sentido que sou utente de um centro de saúde que funciona às mil maravilhas (C.S. Alges). Há que denunciar situações como as que te aconteceram Zé,... e eu, sabes que sim, aponto o dedo ao que não funciona e queixo-me. No entanto também, gosto de elogiar quando algo o merece. O C.S de Algés é um desses casos. Já fui a várias consultas da minha médica de família, e nunca esperei mais que 10 min para além da hora marcada. Também nunca tive problemas em relação às vacinas. Ligo para marcar consultas, cujo tempo máximo de espera são 3 ou 4 dias. Inclusivé, já me chegaram a ligar do Centro de Sáude numa manha, a dizer que a Dr.ª não vinha a tarde, e portanto para agendar-mos nova consulta. Tudo funciona ali dentro... a única coisa que há a apontar é o edifício e as condições do mesmo. Mas as pessoas que lá trabalham, são as que realmente fazem a diferença... Ali dentro nem parece que estamos num organismo da função pública...

    Zé e Paulo, mudem-se para Algés :)

    Beijinho da amiga Patricia

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  9. Amiga, tens consciência que és uma privilegiada, não? Quando o Zé voltar (foi hoje novamente para Faro), falo-lhe da tua proposta de irmos para Algés. Mas, assim de repente, só por causa do Centro de Saúde parece-me que não vale a pena :)
    De facto, eu gosto de agradecer às pessoas e fazê-las sentir que fizeram/fazem um bom trabalho, o ambiente que criam e que nós ajudamos a criar fazem toda a diferença. Acontece o mesmo nas escolas, com os professores e funcionários. Quando são simpáticos e competentes até dá gosto.
    Beijinhos grandes, minha linda!

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  10. Lembrei-me agora de uma história que a minha esteticista me contou... ela é brasileira e trata todas as pessoas por Dr. (ela acha que mais vale nós estarmos enganados, do que não chamar Dr. a alguém que o é). Contou-me que tinha ido com a filha ao Centro de Saúde e que o médico à pressa lhe esqueceu de dizer como administrar (de quanto em quanto tempo) o xarope à filha. Ela à tarde liga para o centro de saúde para falar com o médico. A administrativa atende o telefone e informa que vai já procurar ao médico como é, uma vez que ele estava ali ao lado. A administrativa não a põe em espera, o que possibilitou à minha esteticista ouvir a conversa toda:
    - Dr., peço desculpa, está aqui a Sr.ª X que teve cá de manha com a filha e o Dr. acho que se esqueceu de informar a doente como administrar o xarope...
    E o Dr. responde tal e qual:
    - Com a colher caralho...

    Patricia

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  11. Patrícia, lembrei-te desta história e ainda bem que escreveste aqui a história! Vou po-la num post :)

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  12. Os centros de saúde são do piorio, neste nosso Portugal de opereta; o meu, no que respeita a pessoal administrativo, não podia ser mais desagradável; vá lá, tive sorte com a nmédica de família que me calhou que é um amor...
    Abraços para os dois.

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  13. Pinguim, acho que é preciso ter sorte: há no meio do deserto pessoas fantásticas, mas nem sempre é fácil reconhecê-las. Ainda bem que tiveste sorte com a médica, eu já conheci vári@s de que não tenho muito boa memória, mas nem todos foram frios e ríspidos, ou desagradáveis.

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