domingo, 11 de novembro de 2007

..:: palavras que nos salvam ::.. André Benjamim # 3

Por mais relações que estabeleçamos. Seja amor. Seja amizade. Seja carinho. Seja afecto. Seja atracção. Seja dedicação. Seja dilecção. Seja afeição. Seja apego. Seja simpatia. Seja predilecção. Seja familiaridade. Seja ligação. Seja união. Seja camaradagem. Seja gosto. Seja benquerença. Seja estima. Seja ternura. Seja desvelo. Seja diligência. Seja favor. Seja graça. Seja benevolência. Seja acordo. Seja aliança. Seja cordialidade. Seja ternura. Seja mimo. Seja meiguice. Seja sensualidade. Seja paixão. Seja cópula. Seja concupiscência. Seja sexo. Seja o oposto de tudo isto. Seja o que for. Por mais relações que estabeleçamos, elas podem acabar. A qualquer instante. Podem acabar num nanosegundo, num momento invisível, impalpável, incontornável. Elas acabam. Sempre.
Aqueles a quem chamamos «nossos» não nos pertencem. A minha mulher, o meu marido, a minha namorada, o meu namorado, o meu amor, o meu amigo, a minha amiga, epítetos do nosso desespero de estar sós. A única coisa que nos pertence é a sensação ilusória de nos pertencerem.
[André]


André Benjamim »» Os Cadernos Secretos de Sébastian »» Vila Nova de Gaia: Editorial 100 »» 2006 »» pp. 61-62

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