domingo, 11 de novembro de 2007

..:: palavras que nos salvam ::.. André Benjamim # 1

Há várias passagens citáveis, mas falta-lhes o contexto todo: por isso seleccionei algumas para abrir o apetite de quem ainda não passou por lá.
Mas antes disso, André, quero dizer que tive paciência para ler até a dedicatória final, que no meu pai Benjamim não era o apelido de um pseudónimo, e recordo o que escrevi antes e que foi muito influenciado pela leitura de Os Cadernos Secretos de Sébastian:
“Recordei-me que ler é uma actividade incrível, tão perigosa como escrever: o que é uma vantagem pode ser a perdição: entrar nas histórias que desconhecidos escrevem sobre nós, para nós, connosco lá metidos, nus em sentimentos e intimidades. Histórias que me comovem, porque me tocam no sabugo, no âmago da minha noite. É talvez por isso que não invento histórias, porque a maior ficção que conheço sou eu próprio, inventando-me, reescrevendo hora a hora, segundo a segundo e mal.
Finalmente, os meus olhos adaptam-se à escuridão. Bom, talvez não! Não tenho medo do escuro (excepto, quando acordo de um pesadelo na escuridão total, aí perco-me e posso entrar em pânico), nem dos mortos que hoje me visitam, mas dos vivos.
E é assim que, neste encontro com o universo dos outros, me afogo e diluo, como sempre imaginei partir: sem ondas, sem ninguém notar e tudo ficará “como estava” (Sebastião da Gama » Serra-Mãe: Poemas » Lisboa: Ática » 1996).


NOTA PRELIMINAR
As histórias que a seguir se perfilam são baseadas em factos verídicos; Os nomes «reais» dos intervenientes foram, é evidente, substituídos pelos nomes «verdadeiros», que são aqueles que as personagens têm.
Todos os diálogos existentes são transcrições literais dos diálogos entabulados entre as pessoas «reais» a que se referem. A sua sequência temporal e situacional foi, no entanto, truncada e reorganizada, para melhor compreensão daquilo que se passou e significou para as pessoas envolvidas. Porque a lógica da vida «real» difere da lógica da vida «verdadeira», que é aquela que nos perdura na memória, até a sombra negra a apagar.
ANDRÉ BENJAMIM


André Benjamim »» Os Cadernos Secretos de Sébastian »» Vila Nova de Gaia: Editorial 100 »» 2006 »» p. 9

2 comentários:

  1. Bom dia! Fiquei com curiosidade e vontade de ler, mas como deves calcular tenho imensas coisas para ler, obrigatóriamente. Um bom domingo para vocês. :)

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  2. Ah, pois, as leituras obrigatórias são um empecilho de todo o tamanho. Já soube o que era. Bom domingo tb para ti, mesmo de cabeça para baixo e sobre uma rocha :)

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