~~ Rufus, a reacção II ~~

Vejo sempre os espectáculos, sejam eles de que tipo forem, sob uma perspectiva muito crítica. Nos momentos iniciais do concerto de ontem, Rufus Wainwright surpreendeu-me, entre outros, com a pontualidade, a originalidade do guarda roupa da orquestra, a diversidade dos instrumentos utilizados, a polivalência dos músicos e uma afinação exemplar. Juntando a isto um timbre de voz tão característico quanto agradável, a noite prometia. Todavia, o espectáculo parecia não desenvolver e chegou até a tornar-se monótono, para o que contribuiu o excessivamente longo intervalo. Ainda assim, pela qualidade da música, dos músicos e das interpretações, dava-me por satisfeito. No encore, Rufus ganhou nova vida. O que se seguiu fez esquecer os momentos menos bons anteriores e revelou o performer reprimido (até aí) no "apenas" cantor. É pena que todo o concerto não tenha sido pensado na mesma linha. Rufus assumiu-se (a escolha da palavra não é inocente!) como um verdadeiro entertainer e envolveu a mãe e a orquestra no longo (quiçá falso) encore que, só por si, valeu o preço do bilhete. Longe de ser um must, Rufus é um caso a seguir com atenção. O rapaz promete e ganhou um fã.

Nota negativíssima para o público. Que razão misteriosa fará com que o Zé Portuga não consiga chegar a horas a porcaria nenhuma? Que eu saiba, a hora de início do concerto não era segredo. Defendo o impedimento puro e simples de entrada após o início de qualquer espectáculo. Pagar, já pagou; chegou atrasado, ardeu! Mai nada! Não há pachorra! Comecem a lavar-se mais cedo e mexam o rabo! Ainda por cima avançam pelos corredores e permanecem de pé muito para além do tempo necessário para se sentarem, como se quem chegou a horas e está já a ver aquilo por que pagou tivesse que "levar" com eles.

Deve ser bom morar num país civilizado, não deve?

PS - Notícias e fotografias aqui e aqui.