quinta-feira, 15 de novembro de 2007

..:: várias ***** seleccionadas ::..

(Marvão, como um ovni aterrando de noite)


1 § Os dias
Imaginam que um taxista vos pode provocar as lágrimas?
Aconteceu-me. Ontem. Estava atrasado no bus, não ia chegar a tempo da primeira aula. Saí e apanhei o primeiro táxi que vi disponível. Ele pôs a conversa do costume, quando põem conversa, a do tempo, do calor extemporâneo. Chegámos aos incêndios, falou-me de uma casa que lhe ardeu, perguntei-lhe de onde era e onde tinha essa casa. Disse-me um nome conhecido, mais conhecido para quem supostamente não é ou não conhece aquela zona. Relativamente próximo da minha aldeia, eu disse-lhe também a vila mais próxima para facilitar a localização do que não vem nos mapas. Lá me disse que não era exactamente daquele sítio, mas de outro cujo nome é menos conhecido e enumerou várias aldeias que sei localizar muito bem. Uma delas era a minha. Estive para não dizer nada, mas disse-lhe: venho dessa. Respondeu-me que conhecia muito bem e falou de determinado indivíduo. Sou filho dele! Assegurou que eu até era muito parecido com ele – pudera… O meu pai fora seu mestre num ofício que não existe mais e que este nunca seguiu. Tinham ficado muitas vezes em casa um do outro. Nada de que me admire muito, porque conhecia muita gente.
O que me valeu foi que tinha aula e não deu para pensar muito nem no assunto das coincidências nem no meu pai. Uma desconhecida disse-me há meses que ele queria falar comigo (não sabia que ele já tinha partido). Tenho andado a adiar. Concluo que há sinais que continuo a não conseguir interpretar.

2 § Normal, normalíssimo
Neste ambiente lunar, habitado por marcianos, tive a certeza do que julgava um boato: um aluno duma turma que tenho disse a um colega meu, cuja idade deve rondar os 60 anos: “E porque não vai f**** a sua filha?”
Normal? Normalíssimo. Tudo culpa dos professores, pois claro, quem é que mandou ao meu colega ter uma filha? Podia fazer no blogue um diário de ocorrências e de como as escolas podem ou são obrigadas a proceder, sempre aquém e com uma resposta desigual, lenta e burocrática. Um fartote. Ainda se diz da autonomia das escolas e do aumento da autoridade dos professores. Devemos viver em mundos paralelos, realidades virtuais, qualquer coisa desse género. A verdade é que perante os acontecimentos das últimas semanas e dias, perdi a ingenuidade e já acredito que tudo é possível (adicionando o que me têm contado, quer lá na escola quer noutras dos arredores); já não me escandalizarei com mais nada. Nem quando tiver a integridade física ameaçada, visto que não tendo eu carro lhes restam poucas alternativas onde possam descarregar a sua fúria tão saudável.
Se chegar ao fim do ano lectivo com algum sucesso dos alunos, a minha integridade física preservada e a sanidade mental intacta, vou pensar em exigir um prémio. Só não sei a quem o solicitar.

3 § aulas e reuniões e horóscopos e as amigas
Viva a ineficácia das medidas disciplinares e de integração e ainda por cima com a sombra da ausência de faltas. Afinal não fui trucidado, mas ia trucidando…
Dizia o horóscopo (as cartas, como viram, iam noutro sentido, mas preveniram-me!!!):
Já tínhamos combinado que jantaríamos em Setembro, mas os horários e agendas dos três são um fenómeno impossível de imaginar, portanto, foi-se adiando, adiando até que finalmente deu aos três. Afinal: neque semper arcum tendit Apollo - Nem sempre Apolo tende o arco (ninguém pode trabalhar sem descanso, nem mesmo Apolo). A Sofia e a Inês lá vieram, e ainda bem, mesmo sem o Zé, que cumpre os três dias em Faro.

3 comentários:

  1. Pois meu amigo, vida de professor não é fácil. Sempre tive um grande respeito por todos os professores. Tive uma vez uma que eu detestava, era de físico-química. Odiava a gaja mas nunca fui mal-criado com ela, o pior que eu fiz foi copiar nos testes pois não percebia nada daquilo e ela nem se esforçava para que eu aprendesse.

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  2. Sabes, nem me importo que copiem, desde que tenham inteligência para o fazer (tive uma fase em que copiei tanto, meu deus, que vergonha!). Também tive professores que odiei mesmo, assim uma raiva visceral, mas nunca fui mal-educado. A única vez que fui para a rua foi por falar tanto que a professora não aguentou (ainda me lembro do nome dela e foi no 12º ano)! Fiquei tão chateado, sobretudo comigo porque a adorava e adorava as suas aulas. Não me lembro, mas acho que lhe pedi desculpa.
    Agora que estou do outro lado, o que não suporto mesmo é a falta de educação, a agressividade com que olham e falam connosco (aliás, não sabem conversar, ou sai insulto, asneira ou gritam). É de dar em doido e o melhor nisto tudo é que vai sempre piorando. Que lindo futuro!

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  3. A história do taxi não me sai da cabeça; porque será?
    Abraço.

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